terça-feira, 14 de abril de 2009

O Sacramento do Matrimônio

I. 0 Sacramento do Matrimonio
Caminho a Ser Redescoberto

Síntese teológica
[1]O consentimento pelo qual os esposos se entregam e se acolhem mutuamente é selado pelo próprio Deus. A Aliança dos cônjuges é integrada na aliança de Deus com os homens e as mulheres. O autentico amor conjugal é assumido no amor divino” Toda a vida cristã traz a marca do amor esponsal de Cristo e da Igreja.
[2]Os protagonistas da aliança matrimonial são um homem e uma mulher batizados, livres para contrair o matrimonio e que expressam livremente seu consentimento”.
[3]O casamento sacramento é um ato litúrgico. Por isso convém que seja celebrado na liturgia pública da Igreja”.
O sacramento é, em si, uma graça, muito especial de Deus. Além de consagrar o amor conjugal, a vida dos esposos e a família que constroem, o Sacramento aperfeiçoa o amor dos cônjuges e fortalece a sua unidade indissolúvel. Por esta graça os cônjuges se ajudam na santificação mútua e na missão de bem educar os filhos (cf. Cat. Igr. Cat. 1638-1641). Quanto ao vinculo, trata-se de união indissolúvel, isto é, irrevogável. E quanto às responsabilidades, os cônjuges assumem a missão de tudo fazerem para o crescimento e solidificação do amor fiel entre eles, para a felicidade dos filhos e para o testemunho de fé na comunidade.
1. A vida matrimonial não é um refugio

Em se tratando deste tema, poderíamos dizer que muitos consideram a vida conjugal como um lugar apto para resolver os próprios problemas e onde aquelas expectativas ou aspirações pessoais não realizadas possam ser compensadas. Assim a vida matrimonial se tomaria um "refugio", quase um "remédio" para os problemas individuais, ou uma "compensação" às próprias dificuldades ou frustrações.

Neste ponto, duas questões se põem para nos: 1ª.) Não deveria haver um verdadeiro amadurecimento por parte das pessoas antes de optarem pela vida matrimonial? 2ª.) E caso já tenham feito a opção, depois de amadurecidas, descobrissem que suas exigências pessoais divergem das que provocaram a opção inicial?

Numa das perguntas de que consta o rito do matrimonio, se lê: "Viestes aqui para contrair matrimonio, é de livre e espontânea vontade que o fazeis?", ou seja, com plena liberdade, sem coação, plenamente conscientes do significado da vossa decisão?
A expressão "sem nenhuma coação", logo nos faz pensar em coações externas (dar alguns exemplos); normalmente não consideramos se não há coações mais profundas, as interiores, fruto das carências (dar exemplos).

É humano e natural que, todos precisamos de afeto, de carinho, mas se alguém se casa sobre tudo por tais necessidades, o que vira a ser a sua vida, se tais coisas vierem a faltar? Será que um matrimonio resultante duma carência é uma união livre?

=> Algumas Considerações:

1ª) Importa que o individuo (homem e mulher), antes de casar, se encontre como pessoa;
- Aqui se salienta que, a pessoa deve ser senhora de si mesma, ser ela mesma, ter consciência própria, isto é, ser uma pessoa capaz de viver por si mesma, de tal sorte que contrair matrimonio não seja uma "necessidade", uma "compensação", mas se torne o lugar onde se caminha juntos, compartilhando a historia que cada um trouxe (dar exemplo) e juntos se elabora um projeto.

2ª) Não amor - refugio, mas amor aberto para o futuro.
- Conviria repensar o significado amor. Quando muito, ele... somente é considerado sob o aspecto sentimental ( o enamorar-se) ou do aspecto carnal (prazer genital) e não sob o aspecto do "amor- doação", do partilhar tudo (sentimentos, prazer carnal, do material, do espiritual, do econômico), . Enfim crescer juntos em todos os aspectos.
Sem nenhuma pretensão, uma idéia de verdadeiro amor e de matrimonio seria: "Eu não posso prometer que te amarei para sempre, mas posso prometer-te que me conservarei sempre vivo para chamar-te, para precisar de ti, para dialogar, para acolher-te", na verdade isto é, amor - doação. Não e amor - refugio, mas amor criativo, aberto a um projeto que, logo de saída, não se pode conhecer totalmente.

3ª) Os esposos podem tornar-se refugio em situações especiais.
a) Quando para vencer os próprios problemas busca no outro amparo e encorajamento; .
b) Quando um tem a sensibilidade para enxergar que naquele momento ou naquela situação o outro precisa caminhar sozinho;
c) Em momentos em que o outro é pela condição, pelo projeto que tem em comum, se torna ponto de segurança e auxilio. .

4ª) Para que o matrimonio não se tome "refugio", importa que os cônjuges hajam descoberto que a sua opção não se faz em favor de si mesmos, mas a fim de que, juntos, realizem um projeto e façam uma experiência de comunhão (plena, transparente, sem nenhuma restrição), cujo resultado será uma realização própria.

Não se pretende dizer com isto que, na vida matrimonial, as pessoas não sejam estimuladas a crescer; muito pelo contrário, elas crescem precisamente quando sabem viver uma experiência autentica de comunhão.

5ª) A experiência da vida a dois poderá desenvolver e amadurecer as pessoas, principalmente no compartilhar da liberdade.
- Só quem prova e saboreia a própria liberdade saberá respeitar e aceitar a liberdade alheia.
Moises, fugindo do Egito e vivendo a liberdade ao Pé do Sinai, provou o seu calor e quis comunica-la a todo o seu povo, e por isso voltou para o Egito, a fim de empreender e orientar a grande caminhada do seu povo rumo a libertação.
Quem viveu e vive no "egoísmo" (o centro de tudo e ele) não vivera livremente e não saberá aceitar a liberdade alheia.

6ª) A Bíblia e, em particular, o Evangelho movem-se em dois pares de trilhos: a pessoa e a comunidade. Eles jamais são postos em antítese, antes postulam-se mutuamente.
- A pessoa terá condições de manifestar-se e crescer caso estabeleça relações com outros e, de modo especial no caso do matrimonio, com a comunidade.
Dai lembrarmos como e frutuoso que a Igreja organize em sua pratica pastoral os chamados movimentos de casais ou pastoral familiar.
O casal também se forma na convivência com outros casais.

O casal deverá também, a exemplo da comunidade re­ceber dos dons e carismas de outros casais.

2. A mulher na vida conjugal e na sociedade

=> Sobre este tema, partamos da seguinte premissa: “0 casamento como sociedade de duas pessoas com iguais direitos e deveres, é um objetivo ainda a ser alcançado, uma experiência que poucos casais Já conseguiram ou conseguem realizar”.

O que nos leva a fazer tal afirmação:

a) Do ponto de vista econômico:
1° Algumas mulheres lamentam que não fazem a mínima idéia de quanto ganha o marido;
2°. - Outras alem de não saberem quanta o marido ganha, não gozam de disponibilidade sobre a misteriosa renda;
3°._ Outras não são co-proprietárias de bem algum material;

b) De referencia domestica:
1° Boa parte dos maridos deixa por conta da esposa todo o "fardo" da direção da casa, mesmo quando ambos trabalham;
2° Muitas estão persuadidas de que sua faina caseira e algo óbvio e devido;
3° Algumas se queixam de não poderem mudar tal situação diante da prepotência do marido;

Sem duvida, a tradição tem - a este respeito muita culpa a confessar.
A seguir vamos levantar alguns pontos que nos ajudarão a refletir melhor sobre esta temática.

1. O relacionamento homem-mulher

Este nunca foi um relacionamento fácil, mas, desde sempre, uma esperança ou expectativa, um sonho sempre perseguido e sempre desvanecido. Em nossos dias, ele estalou, em certos casos estilhaçou-se definitivamente, dai temos:
a) separações que acabam por findar em divórcios;
b) esta explosão se deve ao despertar da mulher que, primeiro isoladamente e depois em grupos, conscientizou-se de sua dependência do homem;
c) muitas vezes a mulher se tomava um desfrute para o homem: prazer sexual de graça, oficial e ate porque não dizer sacralizado (através do matrimonio), roupa lavada e comida na mesa; (exemplo da pratica pastora).

Mas também temos aquelas que preferem deixar a situação como esta:
d) aquelas que pelo medo ou pela idéia "dos males o menor", ou ainda, a sorte dos filhos;
e) a pressão eclesial sobre a indissolubilidade do matrimonio; (exemplo da pratica pastora).
f) ruim com ele, pior sem ele;

Relegada em casa, responsável pelo lar e pelos filhos,não lhe restava tempo nem disposição para viver a própria presença na vida social ou eclesial. E os filhos, crescendo, deparavam nela urna mulher capaz de amar, porem nem sempre de compreender os seus problemas, devido em parte aos novos ares e a mentalidade respirada por eles fora de casa.

E, magoada por isso, ela testemunhava o mal-estar da incomunicabilidade.
Ademais a mãe, apegando-se aos filhos com exclusivismo, pelo simples motivo de estar o pai normalmente "ausente" de casa ou descarregar nela o cuidado da mesma, vivia o relacionamento com eles sob a forma de compensação inconsciente, criando assim problemas educativos.
E hoje? Sem duvida a grande maioria das mulheres não se conforma com essa situação de dependência e exige igualdade de responsabilidade com o marido e a possibilidade de antes de ser mãe, ser pessoa.
Começamos a ter o que chamamos de "redefinição dos papeis", esta produz, por si mesma, incertezas, inseguranças e rachaduras na vida de alguns. Outrora, quem resolvia, ao menos oficialmente, era o homem; ele era o cabeça da família e da mulher, e isso gerava uma hierarquia, uma ordem (dar um exemplo familiar). Agora, com a mulher a reivindicar paridade de peso nas opções e decisões, a unidade do casal parece fragmentar-se.
Na verdade, tínhamos uma falsa unidade, pois, unidade numa situação em que um decide e outro simplesmente aceita, não nos parece exatamente unidade.
Ao contrario, a unidade deve ser aquela situação de quem vive a escolha junto com o outro, de par, apesar da diversidade de idéias, opiniões e sensibilidade.

2. O problema dos respectivos papeis

Não resta duvida que os grupos de mulheres estigmatizados como feministas, com sua reivindicações nos ajudam pelo menos a refletir os problemas reais e sempre mantidos em silencio. Nós todos fomos educados para distinguir entre os papeis do homem e da mulher; o homem que trabalho e ganha o sustento da casa e a mulher que fica em casa "sem fazer nada".
Este "sem fazer nada", pode ser contemplado dentro do seguinte elenco:
1. limpar e zelar pela casa;
2. cozinhar;
3. lavar e passar;
4. educar os filhos;
5. preocupação com mil coisas que ninguém imagina ou observa e que, não obstante, são onerosas e indispensáveis.
Todo casal deve libertar-se das discriminações internas.
Não estamos dizendo que os esposos tenham o mesmo comportamento: o Importante e que se sintam iguais em dignidade, na capacidade de dialogar, de dividir tarefas, enfim, de participar.
A este respeito, convêm por em discussão o "machismo" .


3. Casar Na Igreja. Por quê?

Eis uma pergunta que se vai tomando cada vez mais freqüente e interpeladora. Ate poucos anos, ela só brotava na mente de raríssimas pessoas. Casar na Igreja (que o povão dizia: "casa no padre") era parte imprescindível, ate porque não uma condição para os que queriam se casar. E ate, porque não dizer, na maioria dos casos tratava-se de uma integração global entre a vida de fé e o ambiente social, entre a paróquia e o chão natal. Podemos ate traçar um itinerário que de maneira tranqüila fazia parte da vida da família:
1. Nascimento = era importante batizar;
2. Desenvolvimento = freqüentar a catequese – 1ªComunhão;
3. A caminho da maturidade = ser crismado;
4. E, por fim, casar na Igreja = Matrimonio;
5. Sem falar naqueles que no final deste itinerário optavam pelo sacerdócio = Ordem.
Havia uma forte identificação entre nascimento e casamento religioso. "Nascia-se cristão" e ninguém virava cristão com o correr dos anos, era uma situação que vinha do berço. ­
Posta a questão, vamos levantar algumas interrogações:

1. Seria o casamento religioso a (mica maneira de se casar?

2. Deve o casamento, para ser tal ou ser autentico, contrair-se necessariamente na Igreja?

3. O casal que venha se recusar casar na Igreja deveria por isso ter-se por não casados?

4. Sendo o amor o constitutivo do matrimonio, pergunta-se, não poderia ele existir também fora da celebração religiosa do casamento?

A maioria das pessoas, pelo menos no ambiente da nossa sociedade, ainda opta por casar na Igreja, muito embora o percentual dos que casam só civilmente ou vivem ajuntados vem se elevando e esta em franca ascensão. Mas, se perguntarmos a quem casa no religioso o motivo ou motivos de assim o fazerem, obteríamos motivações variadas e por vezes contraditórias, aqui vão algumas delas:

- Muitos o fazem em virtude de vínculos "naturais" ou seja, na família sempre foi assim, e chegam a pasmar quando ficam sabendo da necessidade de uma preparação para os noivos.

- Há os que o fazem para evitar criticas ou atritos com a parentela e amigos, de forma a não ter que ouvir coisas do tipo: "onde já se viu não casar na Igreja " .

- Algumas mulheres são movidas pelo bom e velho sonho de entrar na igreja conduzida pelo pai e vestida de branco.

- Alguns casais o fazem 'em função da "teatralidade" que vêem neste evento, e o que e pior ainda muitas vezes com a conivência de muitos sacerdotes, os quais não tem um pingo de preocupação para limitarem aos excessos. E, em alguns casos e uma boa fonte de renda ($). Alguns se justificam dizendo:
"Já que eles querem, então terão que pagar".

- Outros são motivados por sentimentos "religiosos" porem ainda não de fé.
Casam no religioso, porque entendem que é bom receber a benção de Deus, do padre para a sua união.

Sabemos que um cristão, um católico que vive verdadeiramente a sua fé na comunidade ec1esial, faz deste momento, uma verdadeira ocasião e comunhão com Deus e com a comunidade.


A seguir vamos ponderar alguns pontos na tentativa de responder as questões que fizemos anteriormente.

a) Casar na Igreja não é o único modo de se casar

1. A opção de casar na Igreja não se contrapõe ao casamento civil, nem sequer ao "amasiar-se". Isto significa que não há como negar que também no casamento civil e no amasio podem estar presentes valores tais como amor, fidelidade, compromisso de abertura a vida e as eventuais dificuldades da vida a dois.

2. Faz-se necessário reconhecer que também no ambiente familiar "meramente" civil e/ou social podem se encontrar e viver valores altamente humanos. Pois no ambiente familiar religioso, ou seja, para o casal que se abriu para a presença eficaz de Deus através do sacramento do matrimonio, sobretudo os valores evangélicos deverão se fazer presentes.

3. Casar na Igreja não indica necessariamente o privilegio de comprometer-se com o amor, a fidelidade, a indissolubilidade, valores estes que podem, também ser praticados por casais que se uniram apenas civilmente.

4. Casar na Igreja é uma opção de fé e, por isso, só pode ser praticado por pessoas adultas e maduras, já que o Batismo em nossa Igreja normalmente e "conferido" quando ainda não se tem consciência; o mesmo ocorrendo com a Eucaristia e a Crisma são celebrados numa idade ainda condicionada pelo ambiente e os pais.

b) Qual o significado de casar-se na Igreja?

1. É reconhecer que o próprio amor nasce de Deus, e só permitindo que Deus habite entre os cônjuges, que o casal se dará uma oportunidade ainda maior do seu amor ser duradouro e crescer. (cf 1 Jo 4, 16).


2. E optar por viver o próprio casamento/matrimonio na presença de Deus, ou melhor, em constante confronto e escuta da sua Palavra e na vivencia eclesial. Neste sentido podemos afirmar que casar-se no Senhor e casar com o Senhor!

3. É conscientizar-se de que o amor do homem e da mulher e presença de Deus; ou seja, no amor do homem e da mulher, Deus inicia e perfaz a sua aliança com a humanidade e, assim, tem inicio a Igreja.

4. E reconhecer que o amor é um dom; e todo o dom que Deus outorga é dado por Ele para proveito de todos.

5. Por ultimo eu diria que, para que o casal possa vivenciar tudo o que falamos acima, e preciso aquela famosa "atitude de fé", mas, uma fé adulta e madura.

Como seres humanos (homens e mulheres), os esposos devem num primeiro momento viver o amor humana e plenamente, mas como cristãos devem vivê-lo oferecendo-o a Deus, porque Deus entende realizar por meio deste amor, grandes coisas em prol da sua Igreja e da humanidade. Os cônjuges não podem e não devem privatiza-lo: seria o mesmo que privatizar o sacerdócio! Não é por acaso que os sacramentos do Matrimonio e da Ordem são chamados de sacramentos de serviço.

Dando prosseguimento aos tópicos do conteúdo programático

4. O matrimonio como aliança de Deus com os homens

Para Inicio de Conversa

- Amar e natural, e humano, como natural e humano é casar-se.

- O casamento já existia antes de Cristo, como também fora do ambiente da Sagrada Escritura.

- A esta altura,talvez devamos nos perguntar:

1°. Quando que a aliança entre o homem e a mulher passou ser sinal da aliança de Deus com os homens?

2°. Nos dia de hoje, a partir da expressão matrimonia-sacramento, é possível convencer aos casais da indissolubilidade do vinculo matrimonial?

3°. Sem duvida amar-se para sempre e com fidelidade faz parte do modo de viver e o casamento celebrado diante do altar, do sacerdote e da comunidade eclesial, mas seria possível reduzir o casamento ao compromisso moral de indissolubilidade?

4°. Seria possível relegar ao sacramento a categoria de mera lei e não de dom, ou melhor, dum encontro com a graça que vivifica e infunde esperança?

É preciso reconhecer que, nos últimos séculos, a Igreja atendeu mais a moral conjugal (ditando normas e regras de convivência para o casal), preocupando-se menos com anunciar a "boa nova" de Deus a respeito, como situação na qual Deus habita e onde o seu Reino encontra o limiar da semeadura.
A novidade evangélica trazida pelo mestre Jesus devera também ser traduzida na vivencia da vida a dois (principio da igreja domestica / família); assim temos na vida matrimonial, como descoberta dum altíssimo valor, a semelhança do "mercador que, tendo encontrado uma perola valiosíssima, vai e vende tudo o que tem ".

Então, a moral deixa de ser uma privação, um sacrifício, um dever, para tomar -se a maneira de exprimir e por em circulação uma "riqueza" que foi descoberta. O casal cristão (os esposos), como veremos mais adiante, passa a ser sacramento (símbolo - sinal) quando proclamam: "Vinde e vede as maravilhas que Deus opera no intimo do nosso amor.

Urge redescobrir a linha evangélica do matrimonio, de preferência a ético - moral.
"Se teimarmos em falar de leis, o homem sentir-se a cada vez mais acabrunhado e incapaz de observa-las" (Card. Daneels).

a) Com a palavra: a Bíblia

A vontade de Deus e entrar em comunhão com os seres humanos
(homens e mulheres), os quais também deverão estar abertos ao gesto do Deus que vem ao nosso encontro. Ao fazer isto, Ele quer comunicar-lhes a própria vida. Seu desejo e fazer dos seres humanos "filhos e filhas", que o sejam de verdade. A criação e sem duvida o grande gesto com que Deus começa a comunicar-se. Todas as criaturas, o sol, a lua, as estrelas, as plantas, os animais, são "sacramentos" de Deus, i. é., sinais, vestígios nos quais se pode vislumbrar, embora parcialmente, alguma coisa de Deus!


b) Entre as criaturas sobressaem, no livro do Gênesis, homem e a mulher, chamados a serem, juntos, "imagem e semelhança de Deus".E aqui que se descobre a relação, o vinculo que se toma "sinal', "sacramento" de Deus, ou seja, o amor que leva o homem a "abandonar seu pai e sua mãe para unir-se a sua mulher e se tornarem uma só carne" e imagem e expressão da vida intima de Deus, que e amor, relação.

c) Uma vez que o casal é imagem e semelhança, é sinal que Deus habita neles e, habitando, se manifesta e revela. O homem e a mulher, amando-se vivem da vida mesma de Deus, porque Deus habita com eles e firma comunhão com e entre eles.

d) A palavra dos profetas: Eles anunciam que Deus quer contrair uma aliança com os homens.

"Aliança" é um termo próprio do nosso tempo, que abrange vários significados. Indica:

Perene amizade entre duas pessoas ou povos; Solidariedade em defender-se ou ajudar-se; Participação e comunhão na vida e meios de crescimento recíproco.

Os profetas, ao fazerem uso do termo "aliança", acentuam que Deus ama o povo, quer morar com ele e faz no intuito de suscitar seu crescimento, tomando-o mais povo, cujas pessoas, acolhendo-se e amando-se em liberdade e na justiça, formem uma comunidade, "uma só carne" (como no matrimonio).
Para anunciar e descrever a aliança que Deus tenciona contrair com seu povo, os profetas não encontram nada melhor do que falar do amor do homem e da mulher. Por isso, aliança e descrita em termos núpciais.

d) No Novo Testamento, tomemos como referencia o apostolo...

­I. Família...Mas Que Família?

Para Inicio de Conversa...

Muito se fala em nossos dias sobre a família, vejamos algumas dessas falas de efeito:

- Família é boa somente para se fotografada.
- A família do passado. Esta sim que era boa.

- É preciso "recuperar" a família de ontem.

- É preciso que a família seja intimista, toda particular.

- Em breve a família vai acabar.

- Mas, a família é ainda uma das instituições dignas de credito.

- Família, família, família... Sempre de novo a família!

A final de contas, que família queremos? Qual o perfil "ideal" do casal em nossos dias, com relação aos pares de ontem? Que mistério esconde a mesma da família e casa onde corações se amam e divergem, lutam, choram e se alegram? o que significa "transmitir a fé" em família, em nossos tempos? E ainda a família a "Igreja" domestica? Ainda há sentido em nossos dias a fidelidade no casamento? E por que tantos casais se separam em tão curto prazo de união?

É possível falar e viver uma espiritualidade conjugal? E as meninas que chamamos de mães solteiras?
Não há duvida, vivemos um tempo decisivo para a Igreja e para a família. Fala-se da necessidade de uma nova evangelização, no entanto, é preciso que a apresentação da Boa Nova do casamento (matrimonio) e da família seja feita de tal forma que as pessoas tocadas por ela. Fundamental será que antes e depois da celebração do casamento todos sejam levados a refletir, a pensar. Quem sabe, o que chamamos de Pastoral Familiar inclua no seu campo de ação, a possibilidade real das pessoas discernirem, refletirem e a repensarem sempre o projeto inicial do casamento e da família. É certo que a vida conjugal e familiar não poder ser construída sobre os seguintes ingredientes: "qualquer de repente", improviso, imaturidade e irresponsabilidade.
Faz-se necessário construir uma família nova para novos tempos. Tudo bem, estamos de acordo que é preciso trabalhar pela família. Mas que família?

II. Temas Relevantes Sobre o Assunto

1. O Casal Em Nossos Dias

1°. A família é um fato social muito antigo. Alias diga­-se de passagem, a família é a primeira experiência de vida social que nós seres humanos experimentamos.

2°. Homem e mulher sempre buscaram um ao outro e construíram uma célula (família célula mater da sociedade) para procriação e educação dos filhos.

3°. O modele familiar de nossas sociedades ocidentais foi fortemente influenciado pelo cristianismo e é caracterizado pelo casal formado por um homem e uma mulher que se unem livremente (preferencialmente pelos laços do matrimonio) por toda a vida.

=> Em nosso tempo, temos uma situação nova: "casais homossexuais (masculinos e femininos) que em muitos paises já tem sua união civil reconhecida, mas também querem adotar crianças, 'constituir uma família"'.

Esta união e reconhecida pela sociedade por meio de um dispositivo oficial (legal), o casamento, que tem entre outras finalidades,' a geração e educação de filhos. E, para, aqueles que são batizados, tem também esta união reconhecida e selada pela autoridade eclesiástica através da celebração religiosa do casamento a que chamamos de sacramento do matrimonio.
O que dizer sobre este modelo em nossos dias?.


a) Não há duvida que o mesmo sofre constantes bombardeamento;

b) Porem, não se pode dizer que tenha sido efetivamente abandonado. E grande ainda, o numero de casais que se apóiam nele para viver sua vida conjugal e familiar;

c) Fatos novos a serem verificados: diminui acentuadamente o numero de casamentos civis e de celebrações do matrimonio; aumentou o numero de separações e de divórcios; diminui a taxa de natalidade; muitas crianças são concebidas e geradas fora do casamento (as chamadas "produção independente'); por fim e grande o numero das assim chamadas "uniões consensuais".

d) Há muitas famílias refeitas. Homens ou mulheres que se separam constituem uma segunda e mesmo uma terceira união. Tudo isto nos leva a constatar uma sempre maior fragilidade do modelo conjugal e familiar tradicional. Duas perguntas "cruéis":

1. Estaria este modelo irremediavelmente superado?
2. Uma união por toda a vida empobreceria, de fato, as pessoas que a selassem?


2. Família: Espaço Privilegiado de Realização Pessoal

O Documento de Santo Domingo, resultado da reunião dos bispos da América Latina e do Caribe realizada em 1992, assim se exprime a respeito da missão da família: "A missão da família e viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas que se caracteriza pela unidade e indissolubilidade. A família e o lugar privilegiado para a realização pessoal junto com os seres amados' (no. 214).

- Vamos levantar alguns pontos para a nossa reflexão a partir deste texto de Santo Domingo

1. Realmente a família precisa ser lugar de realização pessoal e tornar-se comunidade de pessoas. Pessoas não são coisas e nem animais. A pessoa é marcada por sua inteligência, pela necessidade de manifestar e dar afeto, por sua vontade, por suas riquezas e limitações próprias e pelas características de sua individualidade.

2°. Quando um homem escolhe uma companheira (mulher) e uma mulher escolhe um companheiro (homem) e os dois fundam uma família na qual serão acolhidos os "filhos que Deus vos confiar', como diz o ritual do matrimonio, nasce uma comunidade de pessoas.

A seguir vamos refletir um pouco sobre a família crista.

- Família Crista

Parece-me que a primeira e grande interrogação quando tratamos do presente tema é: No mundo de hoje, como descrever a família e vive-la como tal, ou seja, como Família Crista?

1. Na celebração religiosa do casamento (no
matrimonio), os nubentes falam de sua disposição em receber os filhos que Deus lhes confiar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja. Começa a se dar o projeto gestante da família crista.

2°. Refletir sobre a família crista significa por em relevo sua natureza, identidade e missão específicas na Igreja e no mundo.

3°. É a Revelação, i.é., o desígnio salvador de Deus, sua condescendência amorosa com a humanidade, a comunhão de vida e de amor que Deus quis estabelecer e estabeleceu de fato com os seres humanos em seu Filho Jesus Cristo => gerado no ventre materno, nascido de uma mulher, criado e educado no seio de uma família.

4°. Ao falar de família crista, também somos levados a perguntar: que quer Deus, que espera da família?; Como a família entra no piano da salvação de Deus?; Como Deus vê e deseja a família; Qual e seu desígnio sobre ela?; Que luz traz suas palavras e suas obras a família? Como família vivencia o seu aspecto de comunidade? Porque a família aparece na revelação bíblica como realidade profundamente inserida na historia da salvação, que remete a Deus e a seu amor aos humanos? Mais, a própria Trindade (perfeita comunidade) e suas relações de amor, harmonia, cooperação mutua na historia da salvação são o paradigma das relações familiares?

"A família crista e Ícone vivo e vivificante da Trindade por participar da comunhão eterna trinitária".

São muitos os cristãos de nosso tempo que, guiados por sua fé e experiência crista, voltam a descobrir a família, não para reinventá-la nem para considera-Ia como solução (mágica) a seus problemas pessoais e familiares ou como meio para fazer frente a secularização e a perda de valores tradicionais, mas para que sua vida de família, em todos e cada um de seus aspectos, componentes e dimensões, seja verdadeiramente e o mais plenamente possível uma experiência de fé e de Igreja.

A seguir, de forma breve, vamos abordar três aspectos essências, pelos quais e precise passar para se compreender a família crista na eclesial idade.

II - Eclesial idade da família crista

1. Alguns dados da Sagrada Escritura

Antigo Testamento: Na historia da salvação a família judaica tem grande importância. A família estão unidas a aliança, o sacrifício, a circuncisão, as bênçãos.
A família é o lugar das expressões das expressões principais do culto judaico (a refeição do sabat. A oração da manha e da tarde, que inclui o shema Israel etc). Momento muito especial, porque a família recorda a libertação da escravidão do Egito, é a páscoa (cf Dt 32,7; Ex 13,8).

Novo Testamento: Vamos ao encontro de um Jesus, cuja boa parte da missão realiza-se em relação com a família e em situações familiares. Contudo, a família na qual pensa Jesus não é simplesmente a de vinculo natural, e sim uma realidade nova que não é constituída pelos laços e vínculos de sangue, mas filhos e filhas que nasceram de Deus pelo Espírito Santo. É a família dos filhos e filhas de Deus, a Igreja formada por aqueles que no filho de Deus. Jesus Cristo, ...

... Cumprem a vontade do Pai.


É precise nascer de novo => Jo 3, 2-5.

Cumprir a vontade do Pai =>Mc 3,35.

Por isso não é estranho constatar que o cristianismo nasceu e arraigou-se na casa. No ambiente familiar, e mesa, para fração do pão (mais tarde a Eucaristia) e a proclamação da Palavra. A família segundo a carne e superada e transcendida pela fraternidade eclesial. De fato, se o amor esponsal e sinal do amor de Deus por seu povo e da nova e eterna aliança, a família o é da Igreja. Pode-se dizer que as primeiras comunidades organizaram-se em famílias, em grupos familiares aparentados e em casas: a casa era ao mesmo tempo morada da família, núcleo comunitário e o lugar de encontro.
Por outro lado, para São Paulo (Ef 5,21-33), o amor de Cristo pela Igreja é o paradigma do amor e da relação esponsal no matrimonio. O matrimonio cristão assumido na família adquire, por isso, uma dimensão cristológica e outra eclesiológica, a saber:

=>Cristológica: A união conjugal expressa e significa a união de Cristo com a Igreja.

=>Eclesiologica: Os esposos (uma vez pais) e em virtude do sacramento do matrimonio, são células vivas da Igreja, por esta ser sinal do amor e da entrega de Cristo; e se o matrimonio fundamenta a família, toda a família fica constituída em Igreja domestica.



Bibliografia:
[1] Cat. Igr, Cat., 1639.
[2] Cat. Igr. Cat., 1625.
[3] Cat. Igr. Cat., 1631.
01. VILADRICH, Pedro-Juan, Agonia do Casamento Legal, BRAGA (Portugal), Edições Teológica, 1978.

02. SCAMPINI, Pe. Luciano, Casais em segunda união e os Sacramentos, Aparecida - SP - Editora Santuário, 2004.


03. TABORDA, Francisco, Matrimonio -Aliança - Reino, São Paulo - SP,
Edições Loyola, 2001.

04. BORSATO, Battista, O Sacramento do Matrimonio, São Paulo - SP,
Edições Loyola, 1995.

05. OLIVEIRA, João B. e OLIVEIRA, A. de F. Fonseca, Pastoral Familiar,
São Paulo - SP, Edições Loyola, 2003.
06. PAULO II, João (papa), Carta As Famílias, São Paulo - SP, Ed. Paulinas, 1994.

07. PAULO II, João (papa), A Missão da Família Crista no Mundo de Hoje, São Paulo - SP, Edições Paulinas, 1981.

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