terça-feira, 14 de abril de 2009

Moral do Amor e da Sexualidade

Moral do Amor e Sexualidade

O que é sexualidade?

Como todas as realidades complexas, a sexualidade não pode ser definida a partir de um único ponto de vista, de uma única ciência ou de algumas palavras.
O que sabemos hoje sobre a sexualidade?
O que sabemos hoje sobre ela é resultado de múltiplas abordagens (vimos algumas) feitas a partir de diferentes ciências. Por isso, talvez mais do que qualquer outra ciência, a sexologia (como a que mais trata da sexualidade) é uma ciência interdisciplinar.

Algumas Considerações

I. Somos Sexuados

a) Nosso Corpo é sexuado
O programa genético, o sistema endócrino, os órgãos genitais internos e externos, o cérebro e a figura corporal são sexuados. Cada célula, órgão e função são sexuados. Das unidades mínimas, as células, á nossa figura corporal, todo o nosso corpo é sexuado em suas estruturas e funções.

b) Somos psicossocialmente sexuados
Não se trata de ser biofisiologicamente sexuado; também o nosso psiquismo, toda a nossa organização social e a nossa cultura são sexuados.
Desde o nascimento, fixamos nome, roupas, brinquedos, atividades etc, sexuados. Chega-se mesmo a esperar de nós uma maneira de ser, sentimentos, inclinações, pensamentos e desejos sexuados.
Por outro lado, cada cultura e cada sociedade concreta determinam os comportamentos sexuais de modo distinto através dos costumes, da mortal e das leis civis. Em certos casos, as diferenças são tão surpreendentes e claras que é impossível falar de um código universal de valores morais ou sociais sobre a sexualidade.

Tirando uma conclusão: Para entender a sexualidade, não basta conhecer a anatomia e a fisiologia sexual; é preciso também levar em conta a psicologia sexual e a cultura na qual o individuo vive.

II. A sexualidade é diferente em cada idade
As crianças, os adolescentes, os adultos e os idosos (masculinos e femininos) são sexuados; têm interesses sexuais exprimem em comportamentos a própria sexualidade, que muda de acordo com a idade, assumindo características próprias a cada período da vida. Justamente por isso não podemos falar de uma sexualidade referente a todas as idades sem cometer graves erros e generalizações.

III. Os fins da sexualidade
É indubitável que, do ponto de vista biológico, o fim primordial da sexualidade é a reprodução da espécie.
Na espécie humana, a reprodução também é uma função fundamental; mas não é a única nem necessariamente a mais importante. Na espécie humana, o prazer sexual não está forçosamente ligado à reprodução. Homem e mulher podem decidir ao longo de sua historia – ter relações sexuais evitando a gravidez de uma forma ou de outra. De fato, a maioria das relações sexuais não existem em função da reprodução, constituindo uma busca de prazer e a manifestação mais intima que pode ocorrer entre um homem e uma mulher de comunicação de amor, ternura, carinho, afeto, etc.

Tirando uma segunda conclusão: Na espécie humana, a sexualidade pode assumir um sentido inteiramente diverso da mera função biológica e transformar-se em fonte de prazer, bem estar psicofísico, comunicação, afeto, etc.
Permite chegar a formas de comunicação intima do ponto de vista corporal e psíquico.
A sexualidade é, de forma definitiva, uma fonte de amor pela vida, de biofilia (instinto de conservação), pela cultura, pela política, enfim, de atitude positiva diante de si mesmo, dos outros e das coisas.

IV. Os destinos da sexualidade
A sexualidade humana, como Freud já reconhecia, não tem destinos prefixados. Os animais nascem altamente pré-programados e mudam pouco no curso da historia. O ser humano é muito mais maleável, admite variantes interindividuais muito maiores e suas formas de vida estão em contínua mudança.
A sexualidade humana carrega em si uma plasticidade já no ser masculino e feminino com uma orientação heterossexual; mas de si falar abertamente em nossos dias das variantes de orientação homossexual, bissexual, etc. e as formas de comportamento sexual também podem variar de uma pessoa para outra e de uma cultura para outra.

V. A regulamentação social da sexualidade
Os comportamentos sexuais são também comportamentos sociais porque, quase sempre implicam outras pessoas.
Desse ponto de vista, os comportamentos sexuais tem de ser necessariamente regulamentados em algum grau pela sociedade. As normas e formas de regulamentação variam muito de sociedade para sociedade, mas todas elas o fazem de alguma maneira.

A sexualidade é sempre regulamentada em algum grau: pela sociedade e que essa regulamentação está sujeita a mudanças históricas, demográficas, culturais e econômicas.

Dois questionamentos

(1) Que direção tomará no futuro a contínua mudança de valores referentes à sexualidade?
(2) Qual será a atitude dos governantes diante do envelhecimento da população?

VI. A complexidade do comportamento sexual humano
Há sem duvida uma enorme complexidade nos comportamentos sexuais concretos.
Três níveis concretos:
1. Estímulos esternos
2. Processos internos
3. Comportamento
Esta seqüência ou níveis é, por sua vez medida pela idade e pela regulamentação social da sexualidade.
A sexualidade não só serve de medição a todo o nosso ser, como também é mediada pelo que somos.
A sexualidade não pode e nem deve ser entendida em si mesma, isolada de todo o nosso “Ser Humano”. As capacidades e os processos biológicos, intelectuais, lingüísticos e afetivos servem de mediação à identidade, ao papel, aos desejos, sentimentos, fantasias e comportamentos sexuais.

Sexualidade: Uma moradia com muitas janelas abertas para o mundo

Diante do tema sexualidade, com certeza três questionamentos são oportunos:
(1) Como compreender a sexualidade humana?
(2) Como expressar a profundidade e a multiplicidade dos aspectos que a compõem?
(3) Seria oportuno dar uma definição de sexualidade?
Sistematizando Alguns dados:

01.A sexualidade é uma das energias estruturantes do ser humano, que perpassa todo o “Ser do Humano”.

02.A visão eclesial da sexualidade, tem presente que a mesma, é carregada de uma profundidade e abrangência.

03.A sexualidade que caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, como também no psicológico e espiritual, marcando toda a sua expressão (cf. Cong. Para a Educação Católica).

04.Portanto, a sexualidade está presente em todos os campos do agir humano, isto não significa reduzir o ser humano à sexualidade.


05.Por ser uma das energias estruturantes, presentes em todos os aspectos da vida, a sexualidade se apresenta com uma multiplicidade de dimensões.

06.A sexualidade é uma realidade polivalente ou multifacial.

07.Atividade sexual: estamos falando de toda pessoa que se encontra envolvida, numa complexa teia de relações internas e externas.

08.As muitas faces da sexualidade se apresentam em primeira linha como dimensões da pessoa, mas com repercussões sociais. Pois o ser humano é um ser de relações.

09.Há uma articulação dialética entre dimensão pessoal e dimensão social. Gerando novas realidades. Por exemplo hoje a questão do progresso tecnológico (telefonia celular).

10.Todas as dimensões são peças importantes para a construção do ethos = morada do ser.

11.Cada uma das dimensões é como uma janela que se abre para o mundo. Através dessas janelas cada pessoa se comunica com o mundo circunstante e com outras pessoas.

12.Neste processo de comunicação, o ser humano influencia e é influenciado.

13.Na janela temos o “PARA FORA” e o “PARA DENTRO”.

14.E é através delas que, ao mesmo tempo nos projetamos para o mundo e, ao mesmo tempo, o mundo se projeta para dentro de nós.

15.Com relação a incidência em nossa vida, cada janela tem o seu tamanho. Umas são maiores, outras são menores.

16.Tais janelas também poderão ser concebidas como que “BRAÇOS ABERTOS” de um mesmo “CORPO” , que é a identidade pessoal.

17.Articulação dessas diversas janelas, nos trazem uma compreensão mais adequada da sexualidade.

Explicando algumas dessas dimensões:
Elas estão subdivididas em dois grandes núcleos:
1. O núcleo mais estável
2. O núcleo mais maleável

Sexualidade: por definição é uma dinâmica, e não estática.
A respeito dos núcleos:
a- O Núcleo mais estável: as dimensões que aqui se encaixam, podem ser alternadas, mas somente através de manipulação genética ou outros expedientes mais ou menos sofisticados. Exemplo: prótese mamaria; interno: desde uma ponte de safena ou a regeneração de um órgão (célula tronco).

b- As mais maleáveis: são sempre e constantemente trabalhadas pelas várias mediações: família, religião, sociedade, escola, leis, sistema político, meios de comunicação social, ideologias, etc. e neste segundo bloco que percebe melhor o que significa educação sexual, e onde a ética implanta suas raízes.

Pormenorizando os núcleos:
O núcleo mais estável:
a) Sexo Genético: A historia de cada pessoa e da sua sexualidade tem suas raízes primeiramente implantadas na dimensão bio-genética. Esta é a primeira e mais decisiva para a diferenciação sexual.
A partir dela, basicamente temos:
Homem XY
Mulher XX
Seguramente podemos dizer que cada ser humano tem sua definição primária a partir do momento da FECUNDAÇÃO.

Uma disfunção no sexo CROMOSSOMÁTICO poderá acarretar uma série de problemas físicos, afetivos e comportamentais; ao passo que, o contrário, ou seja, o correto funcionamento deste processo inicial pode ser um ponto de partida para a integração da personalidade.

b) Sexo hormonal: Numa etapa seguinte entram em ação os hormônios. Enquanto os ovários produzem ESTROGENIO e PROGESTERONA, os testículos produzem a TESTOSTERONA. Os hormônios são responsáveis antes de tudo pelo desenvolvimento dos caracteres secundários: timbre de voz, aparecimentos de mais ou menos pelos e outras características que irão configurar melhor o homem e a mulher.
Mas a dimensão hormonal da sexualidade tem igualmente um papel muito importante no equilíbrio da pessoa, ao longo de toda a vida; um desequilíbrio hormonal pode, eventualmente, ser um dos responsáveis por desequilíbrios comportamentais.
Avaliação Ética: os desequilíbrios comportamentais não podem ser negligenciados. A partir daí já se percebe que a missão da ética consiste muito em emitir juízos categóricos e muito mais em entender os complexos mecanismos que comandam a vida humana, e a partir desta compreensão viabilizar a harmonia.

c) Dimensão cerebral: Um papel de importância capital é representado pelo cérebro. A unidade biológica do ser humano é garantida pelas glândulas ENDÓCRINAS e EXÓCRINAS e pelo HIPOTÁLAMO, região básica do cérebro. Neste nível a integração ou desintegração se processam de maneira automática ou inconsciente. Entretanto é a partir do CÓRTEX CEREBRAL que a pessoa toma consciência de si mesma, filtra os estímulos externos e mesmo internos, podendo assim administrar o seu próprio comportamento. Pode-se mesmo afirmar que, ao contrário do que se passa com o animal, não existe determinismo sexual em se tratando do ser humano.
Coordenação do cérebro: A partir daqui já se começa a perceber a importância da ética no que se refere aos comportamentos; mas somente a partir do núcleo mais maleável é que se percebe a sua importância verdadeiramente decisiva, sobretudo no que se denomina de “EDUCAÇÃO SEXUAL”, ou “EDUCAÇÃO PARA O AMOR”.

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