sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Eucaristia: Significados e Conseqüências

Ação de Graças




A palavra Eucaristia vem da língua grega e significa: agradecimento, ação de graças, reconhecimento. É a resposta que brota espontânea do ser humano diante das manifestações de Deus na criação e na história humana.

Quando ganhamos um presente, é natural expressarmos nossa gratidão a quem nos presenteia. Para isso usamos a criatividade; um “obrigado”, um “Deus lhe pague”, um abraço, um sorriso, um telefonema, uma lembrançinha, etc.

Viver em ação implica ao Pai, por Cristo, as coisas criadas e a própria pessoa. É o Jesus realiza de modo ritual na Última Ceia, e de modo real na cruz: entrega ao Pai sua vida em sacrifício infinito pela salvação de toda humanidade.

Para nós, o que significa tomar parte no banquete eucarístico ? Significa render graças a Deus por tudo e com tudo.

Por tudo: a vida, a religião, nossa família, a fé em Deus, o ar que respiramos, o sol, a chuva, os alimentos que nos sustentam, as flores, os animais, etc.Na celebração eucarística, o pão e o vinho, frutos da terra e do trabalho de humano, simbolizam, todos os bens da criação.

Com tudo: o que somos e temo, isto é, nossas habilidades pessoais, dons, saúde, disposição, etc. Deus não precisa de coisas materiais. Ele espera a oferta do nosso ser.

Jesus entregou ao Pai o que possuía de mais precioso, a sua própria vida. Também nós devemos fazer oferta de nossa vida ao Pai, por Cristo, com Cristo, em Cristo.

Memorial (fazer memória)

Ao celebrar a Última Ceia com seus discípulos, Jesus tomou o pão e o vinho, rendeu graças e disse que aqueles eram seu corpo e seu sangue, oferecidos em favor do povo. Em seguida acrescentou: “Façam isso em Memória de Mim”

Fazer memória da Páscoa de Cristo significa Tornar Presente o ato salvador de Cristo. Revivemos na fé o acontecimento de sua paixão, morte e ressurreição, atualizando-o e tornando-nos participantes dele.

Ao celebrar a Eucaristia, não comemoramos algo perdido no passado, ou um fato que ficou apenas na lembrança, mas, proclamamos, aqui e agora, a salvação de Deus aplicada à história presente e futura: “ Todas que se com desse pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha” (1Corintios 11,26)

Por tanto, par nós, assim como para os judeus, o memorial têm três direções: olha para o passado, mas projetando-o para o futuro, com a espera do fim dos tempos, e sentindo que o acontecimento histórico (passado) e o futuro se concentraram no hoje da celebração.

Aplicando, mais uma vez, esse conceito à Eucaristia, temos o seguinte: a Eucaristia é um fato passado (morte e ressurreição de Jesus), que se torna presente par nós , aqui e agora (celebração eucarística) e nos projeta para o futuro (o Reino de Deus não está concluído, mas vai se construindo até que todos cheguem à plena comunhão com Deus e com irmãos).

Eucaristia é sacrifício


Na Última Ceia, Jesus tomou o pão, redeu graças e o deu a seus discípulos como seu corpo oferecido em sacrifício, pra que dele comesse .E pegando uma taça de vinho disse-lhes: “Bebei dele todos, pois Istoé o meu sangue, o sangue da Aliança, que será derramado por muitos pra remissão dos” pecados “(Mateus 26.28)”.

Esses gestos tinham clara intenção de substituir o cordeiro da páscoa dos judeus.

O sacrifício de Jesus não é algo que se reduz aos seus últimos momentos de vida terrena, ou seja, sua paixão e morte.Toda a sua vida foi imolação constante. Jesus não buscou seus próprios interesses, mas procurou sempre fazer a vontade do Pai.

Sua vida foi uma continua doação em favor do povo, principalmente das pessoas necessitadas.Sua vida total culmina com a morte na cruz.Sua paixão e morte são o coroamento de toda a sua vida doada: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13.1)

Eucaristia é assembléia

É no seio da Igreja que o sacrifício de Cristo se torna presente, Igreja e palavra de origem grega, que significa assembléia, comunidade do povo, convocada e reunida por Deus.

Desde o inicio da Igreja os escritos do Novo Testamento falam da Eucaristia como reunião da comunidade (assembléia)

A assembléia cristã, portanto, é uma comunidade que celebra e no meio da qual desde o primeiro momento está presente Cristo, o Senhor.

Quem faz parte da assembléia ? Todos os fieis que se reúnem para celebrar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, o povo e os ministros, incluindo-se o ministro ordenado a quem cabe presidir a Eucaristia.



Eucaristia é refeição

A missa é uma refeição, um banquete, uma festa. Quem faz o convite é Deus Pai.A convocação é dirigida a nós, filhos e filhas, com a finalidade de nos alimentar com sua palavra e com o corpo e sangue do seu Filho Jesus.

O banquete eucarístico supõe, portanto, a presença de convidados (assembléia) e alimento (pão e vinho, corpo e sangue do Senhor).Sendo o banquete eucarístico uma festa, há também a necessidade da participação externa e da participação interna da assembléia.

Constituem elementos da participação externa os movimentos, as palavras, as aclamações, os cantos, as orações, o toque, os sinais, o abraço da paz, etc. Ao passo que a participação é a predisposição de cada membro da assembléia, sua vontade de estar ali com os irmãos, consciente do que vai celebrar. A participação interna começa antes que a pessoa entre na igreja para a celebração.

Eucaristia é comunhão


Comunhão que dizer comunicação.Mas significa intimidade Quando vamos receber a comunhão (Eucaristia) estabelecemos uma comunhão com Jesus e com os irmãos e irmãs. Portanto, receber a comunhão não é simplesmente receber e ingerir um pedaço de pão consagrado (corpo de Cristo). Esse gesto significa que o fiel está em comunhão com o corpo de Cristo.Ora, o corpo de Cristo é a Igreja.Em outras palavras, somos nós. Portanto, comungar o corpo de Cristo é estar em harmonia e paz, não só com Jesus, mas também com todos os filhos e filhas de Deus. Quem tem ódio contra alguém deverá reconciliar-se antes de comungar. Ódio e comunhão não combinam.

Eucaristia é compromisso social

A celebração eucarística não é um ato fechado em si mesmo. Ela é aberta para fora, para a realidade do mundo que nos cerca. Por isso a missa se expande, se prolonga pr além da própria missa. A missa não pode estar fora da realidade que envolve o povo. Alias, cada pessoas, ao participar da missa, leva consigo sua realidade (sua situação familiar e pessoal , a situação do povo, suas dificuldades, alegrias e angustias...).

Levamos a realidade para a celebração, e levamos a força da celebração para a realidade. Deste modo, fazemos a união da fé com a vida.

Portanto, enquanto houver irmãos passando fome, nós cristãos não podemos cruzar os braços, não podemos celebrar e ficar acomodados. Justamente porque a celebração nos empurra para a ação. Ação transformadora na sociedade. Nesse sentido dizemos que a celebração é um compromisso social.

Eucaristia é gratuidade

Gratuidade vem da palavra latina grátis, de graça. A Eucaristia pede que sejamos gratuitos, generosos, acolhedores, sem preconceito.Essa gratuidade se manifesta na celebração e alem da celebração. Por isso, quando vamos participar da Eucaristia , não convém ficarmos controlando o relógio, achando que tudo está pesado, cansativo, sem interesse. Se isto for verdade, alguma coisa esta errada e é necessário corrigir.

E verdade que por vezes nossas celebrações ainda são feitas com muito palavreado. Vamos dar espaço para a Palavra de Deus e diminuir nossas palavras ! Vamos dar preferência por externar nossa fé através do canto e dos gestos simbólicos e manter as palavras indispensáveis pra bem celebrarmos. E uma saída para se evitar que a celebração seja enjoativa.

Ser gratuito, durante a celebração, é deixar-se embalar pelo Espírito Santo, o litúrgico (celebrante) por excelência. E seguir as inspirações que nos vêm da Palavra, dos símbolos, dos gestos simbólicos. Ser gratuito na celebração é fazer bom proveito de algum fato novo, que não estava previsto no roteiro, mas nos ajuda a celebrar melhor.

Conclusão

A partir dessas breves noções a respeito da Eucaristia, cada um de nós é convidado a ser Eucaristia viva nas estradas do mundo. Que quer dizer Eucaristia viva ? é a pessoa que tem um coração aberto, generoso, compassivo, cheio de bondade e misericordioso, igual ao Jesus. É a pessoa que se preocupa com os irmãos e irmãs principalmente as mais necessitadas de socorro material e espiritual.

Ser Eucaristia viva é ser o próprio Jesus presente e dinâmico, hoje, no meio da humanidade.

Ano Litúrgico

Você já deve ter aprendido, na escola ou em casa, que há vários tipos de “anos”: o ano escolar (período do ano que você vai à escola); ano civil (o ano oficial que começa em janeiro e termina em dezembro); o ano solar (período em que ocorrem os movimentos da Terra em torno do Sol) e outros.


Também a Igreja cristã tem seu “ano”: o ano litúrgico.

Vamos explicar melhor o que ele significa: todos os ano, a Igreja relembra em suas celebrações os principais acontecimentos da vida de Cristo.

Jesus nasceu, viveu e morreu como ira acontecer com todos nós.Quando criança, ele teve a vida de qual quer criança de seu tempo.Depois cresceu, tornou-se adulto e, percorrendo a Palestina com seus amigos, começou a ensinar e a pregar o Reino de Deus e fazer milagres em nome de seu Pai. Um dia, foi preso, julgado e condenado a morrer na cruz. Logo depois ressuscitou, apareceu aos seus amigos (os discípulos) e subiu ao céu, onde viverá para sempre com a humanidade.

Pois são todos esses acontecimentos da vida de Jesus que são relembrados nas celebrações litúrgicas da Igreja ao longo do ano. E, como sabemos, pela fé, que Jesus está vivo ao nosso lado, as cerimônias litúrgicas não são apenas lembranças, mas memória, isto é, são celebrações de uma realidade!

As etapas do ano litúrgico são, assim, a memória das passagens mais importantes da vida de Cristo.E na vida cristã está o próprio mistério de Jesus: ele foi crucificado, ressuscitou e continua vivo nas palavras do Evangelho, estando presente no altar, durante a missa, e entre as pessoas reunidas em nome Dele.

Todos esses sinais são muito importantes para os cristãos e para você, coroinha, que participará ativamente das celebrações.

O ano litúrgico inicia-se com o Primeiro Domingo do Advento e termina com a festa de Cristo Rei.Os períodos os anos litúrgicos, Seguintes pelas Igrejas de todo mundo são:

Advento, Natal, Quaresma, Tríduo Pascal, Páscoa e Tempo Comum.Há ainda, além desses períodos, outras ocasiões durante o ano em que a Igreja comemora e homenageiam Jesus, Maria, sua mãe, e outros santos: são as solenidades, festas e memórias.

Advento: O período do Advento abre o ano litúrgico.Advento significa vinda, chegada.E o tempo em que se espera o nascimento de Jesus, a vinda de Cristo.Tem início no fim de novembro ou começo de dezembro.Os quatro domingos que antecedem o Natal chama-se domingo do Advento.

No Advento celebra-se, pois, o mistério da vinda do Senhor, não apenas seu nascimento na gruta de Belém, mas também sua vinda entre nós hoje, por meio dos sacramentos, e sua futura vinda, no fim dos tempos.

O tempo do Advento é vivido, portanto pelos cristãos com alegria, com fé e com empenho.

Além das orações próprias desse período, costuma-se fazer a coroa do Advento (quatro velinhas dispostas numa coroa de folhas natural ou artificiais, que devem ser acesas uma a uma, nos quatro domingos)


Durante o Advento várias leituras importantes da Bíblia (do Antigo e do Novo Testamento) são feitas na igreja.Você também poderá ler trechos do Evangelho bem interessantes, nos quais certamente aprenderá muitas coisas, como os que falam de João Batista e de Maria: poderá ler ainda as profecias de Isaías, no Antigo Testamento.

É durante o Advento, no dia 8 de dezembro celebra a festa de Nossa Senhora, a Imaculada Conceição.



Natal: O tempo litúrgico do Natal inicia-se dia 24 de dezembro e termina com a festa do Batismo do Senhor, uma data móvel, isto é, que varia anos.

Neste período, celebra-se duas grandes solenidades: o Natal e a Epifania.E ainda duas festas muito importantes: Sagrada Família e Santa Maria Mãe de Deus.

No Natal (25 de dezembro) comemora-se a vinda do Filho de Deus ao mundo, Jesus Cristo, para a salvação dos seres humanos.Na solenidade da Epifania, lembra-se como essa salvação, foram manifestados a todos os seres humanos, representados pelos santos reis.

Como a celebração do Natal dura oito dias, costuma-se falar em “oitava da páscoa” a festa da Sagrada Família convida as famílias cristã a viverem no amor e respeito, com Jesus, Maria e José e a festa da Santa Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro, que também e o dia Mundial da Paz) relembra a maternidade de Maria. Encerrando o tempo litúrgico do Natal, celebra-se o Batismo de Jesus, evocando o dia em que Jesus foi batizado no rio Jordão por João Batista.

O Natal é um tempo de grande alegria para a Igreja e para todos os cristãos.Procure, então, coroinha festejar o Natal pensando no verdadeiro significado dessa festa o aniversario de Jesus.É O Menino Jesus que deve ser, portanto, o centro de toda festa não e a figura do Papai Noel, ou a preocupação com presentes, enfeites e outras coisas que às vezes deturpam o sentido do Natal.

Aproveite também para faze, antes do Natal, uma novena em casa ou na igreja, com sua família e seus amigos, pedindo ao Menino Jesus a graça de um novo ano cheio de saúde, paz e um bom trabalho para você na comunidade.



Quaresma:Na Bíblia, o número quarenta é citado várias vezes, como por exemplo nos quarenta anos que os hebreus permaneceram no deserto, nos quarenta dias em que Elias caminhou e nos quarenta dias em que Jesus jejuou.

A Quaresma é um tempo muito especial para os cristãos. É um tempo muito especial para todos os cristãos.É um tempo de renovação espiritual, de arrependimento, de penitência, de perdão, de muita oração e principalmente da fraternidade. Por isso, no Brasil, desde 1964, durante a Quaresma, a Igreja convida os cristãos a viverem a Campanha da Fraternidade, que cada ano apresenta um tema especifico.

Aproveite, portanto, esse tempo de graça e renovação e prepare-se o melhor possível para celebração da Páscoa. Procure fazer tudo o que puder para ajudar as pessoas, principalmente as mais necessitadas.

Com o Domingo de Ramos inicia-se a Semana Santa.



Tríduo Pascal: As celebrações mais importantes de todo ano litúrgicos sem dúvida são as do Tríduo Pascal.Tríduo Pascal quer dizer “três dias” e pascal significa “da Páscoa”.Inicia-se na Quinta-feira Santa e termina e termina no Sábado Santo, com a Vigília Pascal.



Quinta-feira Santa: Na tarde desse dia, comemora-se a último dia de Jesus, ocasião em que ele tomou o pão e o vinho,abençoou-os e deu-os aos seus discípulos, dizendo tratar-se de meu corpo e de meu sangue:assim ele instituiu o sacramento da Eucaristia, estabelecendo com o povo uma Nova Aliança, por meio do seu sacrifício.Foi também durante a última ceia que Jesus lavou os pés dos discípulos, demonstrando humildade, serviço e amor ao próximo. A celebração na igreja é feita geralmente á noite.



Sexta-feira Santa: Nesse dia a Igreja relembra a Paixão e Morte de Jesus Cristo, numa celebração muito especial á tarde, pois foi por volta das 15 horas que Jesus morreu.Na Sexta-feira Santa não há celebração de missas.



Sábado Santo:Este é um dia de recolhimento, reflexão e muito silêncio: é o dia em que Jesus permaneceu em seu sepulcro.Na noite do Sábado Santo, renova-se a memória do acontecimento mais importante de nossa fé cristã: a Ressurreição. Há então em todas as igrejas uma celebração muito significativa, a mais importante de toda a liturgia, que é a Vigília Pascal.



Reunidos nas igrejas, os cristãos de todo o mundo comemoram a ressurreição de Jesus Cristo, triunfando sobre a morte. A cerimônia divide-se em quatro partes:



a)Liturgia da Luz: acende-se uma grossa vela, chamada círio pascal, que simboliza a luz de Cristo que vence as trevas da morte;



b)Liturgia da Palavra: as pessoas relembram, por meio de leituras bíblicas, os fatos importantes realizados por Deus ao longo da História;



c)Liturgia Batismal: recordando que Batismo é a nossa Páscoa, ou seja, nossa “passagem” para a vida cristã, renovamos nessa noite as promessas feitas em nosso batismo confirmando nossa vida em Cristo;

d)Liturgia Eucarística: celebra-se finalmente o sacrifício de Cristo, mas com grande alegria, porque Jesus esta vivo e nos salvou.


Páscoa: Você sabe o quer dizer “Páscoa”? Em hebraico que é a língua que foram escritas as primeiras versões Bíblia, Páscoa significa “passagem”, rememorando a passagem de Moisés, com todo o povo hebreu, ao retirar do Egito e libertar-se da escravidão.Também Jesus, ao ressuscitar, “passou” da morte para a vida, da escuridão para á luz. E nós, na Páscoa, somos convidados a realizar essa mesma passagem, isto é, a ressuscitar com Jesus para o amor e a serviço ao próximo.

A Páscoa é um longo período litúrgico: além dos oito dias (a oitava da Páscoa), prolonga-se por mais de seis domingos.

O tempo pascal termina com duas importantes solenidades a festa da Ascensão de Jesus ao céu e a festa de Pentecostes que relembra a decida do Espírito Santo sobre os apóstolos, que foi o inicio da Igreja.


Tempo Comum:Como já dissemos, a vida de Jesus foi cheia de acontecimentos, assim como é hoje a nossa vida. É claro que houve momentos muito especiais, como o seu nascimento, a ressurreição, a ascensão.Mas houve também muitos episódios na nossa vida de Jesus que a Igreja fez questão de recordar. E isso é feito durante o Tempo Comum.

O Tempo Comum abrange quase todo o ano inteiro.São 34 domingos, divididos em duas partes a primeira compreende de seis a nove domingos, iniciando-se depois do Tempo do Natal e terminando na Quaresma e o segundo começa após o Tempo Pascal e vai até o fim de novembro, mais precisamente até a festa de Cristo Rei, que encerra também o ano litúrgico.

A segunda parte do Tempo Comum abre-se com uma festa muito bonita: a solenidade da Santíssima Trindade.E, poucos dias depois, há uma outra festa Corpus Christi, quer dizer Corpo de Cristo.Em geral nesta última data, as igrejas fazem belas procissões.

O Tempo Comum, ao longo de todos seus domingos, mostra-nos a própria vida de Cristo, com seus ensinamentos, seus milagres, suas orações.Com Jesus e seus exemplos, aprendemos a viver na verdadeira vida cristã, uma vida a serviço, respeito e amor e a todas as coisas criadas por Deus.Cada um desses domingos é um novo encontro com Jesus, que nos leva cada vez mais para perto do Pai.

No último domingo do Tempo Comum, com já dissemos, celebra-se a festa de Cristo Rei. Jesus não foi um rei como alguns que já tivemos ao longo da História, dominadores e autoritários.Jesus é rei porque tem o poder divino sobre todas as coisas do mundo se torne uma família, um único Pai: Deus.

Solenidades, festas, memória: Durante o ano, a Igreja não comemora apenas festas litúrgicas.Há muitas outras datas celebradas para louvar o Senhor, para homenagear Maria, a mãe de Jesus, para venerar os santos (alguns destes, mártires), agradecendo a Deus por suas belas virtudes.


Dentre essa celebrações, as mais importantes são as solenidades, como por exemplo, a do Sagrado Coração de Jesus, a Anunciação do Senhor, a Assunção de Maria, Todos os Santos, São José, São Pedro e São Paulo e outras.

Há também as chamadas festas, como por exemplo, de Santo Estevão, a dos arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel a natividade de Nossa Senhora a Conversão de São Paulo e outras.

E, finalmente, a Igreja celebra também a memória, isto é, lembrança de alguns santos que se distinguiram por sua vida e seu exemplo. Todos os santos do calendário romano têm seu dia de memória.

Cores Litúrgicas

A respeito das cores litúrgicas, seguimos as orientações do Missal Romano (cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano 308-310)




Branco: simboliza a vitória, a paz, a alegria.É usado nos ofícios e missas do tempo pascal e no Natal: nas festas e memória do Senhor, exceto as da Paixão; nas festas e memória da Bem-aventurada Virgem Maria, dos Santos Anjos, dos Santos não mártires, na festa de Todos os Santos, são João Batista.Cátedra de São Pedro e Conversão de São Paulo.


Vermelho: simboliza o fogo, o sangue, o amor divino, o martírio.É usada no domingo da Paixão (= domingo de Ramos) e na Sexta-feira santa: domingo de Pentecostes, nas celebrações da Paixão do Senhor, nas festas dos Apóstolos e Evangelistas e nas celebrações dos Santos mártires.



Verde: é a cor da esperança.É usado nos ofícios e missas do tempo comum.



Roxo: simboliza a penitência.É usado no tempo do advento e na quaresma.Pode também ser usado nos ofícios e missas pelos mortos.



Preto: é símbolo de luto.Pode ser usado nas missas pelos mortos.



Rosa: simboliza a alegria.Pode ser usado no III domingo do Advento e no IV domingo da Quaresma.

Posições Durante as Celebrações

Nas celebrações litúrgicas, as diversas posturas ou atitudes são expressões corporais simbólicas que expressão uma relação com Deus.
Estar em pé: é a posição do Cristo Ressuscitado, atitude de quem está pronto para obedecer, pronto para partir.Indica também a atitude de quem acolhe em sua casa.Estar de pé demonstra prontidão para pôr dm prática os ensinamentos de Jesus.




Estar sentado: é a posição se esculta, de diálogo, de quem medita e reflete.Na liturgia, esta posição cabe principalmente ao se ouvir as leituras (Salmo, 1ª e 2ª Leitura), na hora da homilia e quando a pessoa esta concentrada e meditando.



Estar ajoelhado: é a posição de quem se põe em oração profunda, confiante. “Jesus se afastou deles à distância de um tiro de pedra, ajoelhou-se e suplicava ao Pai...” (Lucas,22,41).Lembremos dos leprosos que,de joelhos, suplicava que Jesus o livre da lepra (cf. Marcos 1,40).



Fazer genuflexão: faz-se dobrando o joelho direito ao solo.Significa adoração, pelo que é reservada ao Santíssimo Sacramento, quer exposto,quer guardado no sacrário.

Não fazem genuflexão profunda aqueles que transportam objetos que se usam nas celebrações, por exemplo, a cruz, os castiçais, o livro dos evangelhos.



Prostar-se: significa estender-se no chão; expressa profundo sentimento de indignidade, humildade, e também de súplica.Este gesto está previsto na Sexta-feira santa,no inicio da celebração da Paixão.Também os que ser ordenados diáconos e presbíteros se prostram.Em algumas ordens ou congregações religiosas se prevê a prostração na celebração da profissão dos votos religiosos.



Inclinar o corpo: é uma atitude intermediária entre estar de pé e ajoelhar-se.Sinal de reverência e honra que se presta às pessoas ou ás imagens.Faz-se inclinação diante a cru,no inicio e no fim da celebração; ao receber a benção; quando,durante o ato litúrgico,há necessidade de passar diante do sacrário; antes e depois da incensação, e todas as vezes em que vier expressamente indicadas nos diversos livros litúrgicos.



Erguer as mãos: é um gesto de súplica ou de oferta o coração a Deus.Geralmente se usa durante a recitação do pai-nosso e nos cantos de louvor.



Bater no peito: é expressão de dor de arrependimento dos pecados.Este gesto ocorre na oração Confesso a Deus todo poderoso...



Caminhar em procissão: é atitude de quem não tem moradia fixa neste mundo:não se acomoda, mas se sente peregrino e caminha na direção dos irmãos e irmãs, principalmente mais empobrecidos e marginalizados.

Existem algumas procissões que se realizam fora da Igreja, por exemplo, na solenidade de Corpus Christi e no Domingo de Ramos, na festa do padroeiro..., e outras pequenas procissões que se fazem no interior da igreja:a procissão de entrada, a das ofertas e a da comunhão.A procissão do Evangelho é muito significativa e se usa geralmente nas celebrações mais solenes.



Silêncio: é atitude indispensável nas celebrações litúrgicas.Indica respeito, atenção, meditação, desejo de ouvir e aprofundar na palavra de Deus.Na celebração eucarística, de prevê um instante de silêncio no ato penitencial e após o convite à oração inicial, após uma leitura ou após a homilia.Depois da comunhão, todos são convidados a observar o silêncio sagrado.O silencio litúrgico, porém, previsto nas celebrações, não pode ser confundido com o silêncio ocasionado por alguém que deixou de realizar sua função, o que causa inquietação na assembléia.

A celebração litúrgica é feita de gestos, palavras, cantos e também de instante de silêncio.

Tudo isso confere ritmo e dá harmonia ao conjunto da celebração.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Shabbat e o Dies Domini

1) Inácio de Antioquia (+110) Carta aos Magnésios 9,1-2.

“Se portanto aqueles que viviam segundo a antiga ordem das coisas, entraram na nova esperança e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, dia onde nassa vida foi elevada por Ele e por sua morte....”

2) Plinio o Jovem (61 - 113), Carta a Trajan X, 96,7.

“Aliás eles afirmam que suas fautas, ou seus erros, se limitavam aos hábitos de se reunirem durante aurora, antes do nascer do sol, de cantar alternadamente entre eles, hinos ao Cristo como um deus; de se comprometerem através de juramente, a não perpetrarem nenhum crime e a não praticarem nenhum roubo, nem criarem confusões, nem cometerem adultérios, assim como cumprirem toda palavra dita e a pagarem tudo segundo a justiça. Cumprindo esses ritos, eles tinham o hábito de se separarem e de se reunirem ainda para a refeição, que, poderia-se dizer, de maneira ordinaria e inocente. Mesmo esta prática, eles renunciaram após meu edito ao qual eu os havia proibido.”

3) Tertuliano (160 +após 220), Aos pagãos, I, 13,1-5.

“É verdade que outros pagãos têm uma opinião mais humana: eles pensam que o sol é o deus cristão porque soube-se que nós nos orientamos para o oriente quando fazermos a oração e que no dia do sol (sun-day, soon-tag) nós vivemos na alegria. E vocês, o que fazem? Muitos dentre voces, afirmando adorar objetos celestes, não movimentam os lábios, se orientando para o sol nascente? Em todo caso, são voces que admitiram o sol na lista dos sete dias e que escolheram outrora, entre os dias de vocês, dia que veces suprimem ou recuam o banho e também é o dia que voces praticam a ociosidade. Assim fazendo voces se distanciam de suas crenças em função de costumes estrangeros: com efeito o sábado, o banquete, os ritos de acender lâmpadas, os jejuns com pães ázimos, as orações às margens do rio, pertencem às festas judaicas, tudo isso é estrangeiro aos deuses de voces. Também, para retornar ao meu assunto, voces que não recusam o sol e seu dia, reconheçam a proximidade: nós não estamos longe de Saturno e de seus sábados.

b, Da oração 23, 1-2

“Em se tratando de genoflexão, uma diferença de prática disturba a oração, por causa de um pequeno grupo de gente que não se ajoelha no dia de sãbado; esta divergência é, justamente nesse tempo, defendida com vigor nas comunidades. O Senhor, na sua misericordia, fará de tal maneira, que essas pessoas cessesm ou ao menos que se comportem segundo suas opiniões sem importunar os outros...”

c, O jejum 14, 2-3

“... Por que nós consagramos a quarta feira e a sexta feira para o jejum das estações e o dia da preparação do jejum total? Ainda que voces acrescentem o sãbado, em certas circunstancias, não se deve nunca jejuar nesse dia, senão quando for Páscoa, pelas razões acima expostas...”

d, O jejum 15,2

“... Na realidade a proibição de alimentos é minimo entre nós. Nós consagramos a Deus duas semanas por ano, quando comemos a seco e mesmo assim não completam duas semanas pois isentamos os sãbados e os domingos...”

4) Irénée (115 - 202), Contre as hérésias IV.

a, 8,1 “... É portanto evidente que aqueles que contestam a salvação de Abraão e imaginam um outro Deus que aquele que lhe fez a promessa, esses estão fora do reino de Deus e privados da herança e da incorruptibilidade: pois eles desprezam e blasfemam o Deus que introduziu Abraão e sua posteridade no reino dos Céus, istao é, a Igreja, que, através de Jesus Cristo, recebe a adoção e a herança prometida a Abraão...”

b, 16,1 “... Quanto aos sábados, eles nos ensinam a perseverança no serviço de Deus durante todo o dia: nós fomos considerados, disse o Apostolo Paulo, todo ao longo do dia, como cordeiros de sacrificio, isto é, como consagrados, como sevidores durante todo o tempo de nossa fé e com perseveraça nela, nós nos abstemos de toda avareza, não adquirindo tesouro sobre a terra. Os sábados manisfestam também o repouso de Deus consecutivo à criação, isto é, o reino no qual o homem que persevera no serviço de Deus repousará e tomará parte na mesa do Senhor.”

c, 28,3 “... Pois quantos dias comportam a criação do mundo, tanto de milênios comprenderá sua duração total. É porisso que o livro do Gênesis diz: Assim foram concluidos o céu e a terra, com todo o seu exército. Deus concluiu no sétimo dia a obra que fizera e no sétimo dia descansou, depois de toda a obra feita. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nele descansou depois de toda a sua obra de criação. Isto é ao mesmo tempo um relato do passado, tal como ele se desenvolveu e uma profecia do futuro: com efeito, se um dia do Senhor é como mil anos e se a criação foi terminada em seis dias, é evidente que a consumação das coisas acontecerá em seis mil anos.”

d, 30,4 “... Então o Senhor virá do alto do céu, sobre as nuvens, na glória de seu Pai e Ele enviará nas chamas do fogo o Anticristo com seus fiéis. Ele inaugurará ao mesmo tempo para os justos os tempos do reino, isto é, o repouso, o sétimo dia que foi santificado e ele dará a Abraão a herança prometida: é esse o reino no qual, segundo a Palavra do senhor. muitos virão do levante e do poente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaac e Jacob.”

5) Hippolyte de Rome (170-236), Refutação de todas as heresias, IX, 16,1-3.

“... Mas dado que dissemos que eles (os elkasaites) levam em conta o erro da astrologia, iremos demonstrar a partir de seus escritos. Eles dizem, com efeito, o que segue: .”

6) Didascalie (Syrie - IIIe siècle)

“... Jejuem também aos sabados porque é o dia que o Senhor dormiu, dia que convem jejuar, como ordenou Moisés, o bem aventurado profeta de tudo isso, ele o sabia pelo Espírito Santo e Deus todo poderoso lhe ordenou, ele que sabia tudo o que o povo faria a seu querido Jesus Cristo. Eles o renegaram então na pessoa de Moises e lhe disseram: quem te estabeleceu chefe e juiz sobre nós? Também eles iniciaram desde do inicio um luto perpetuo, quando ele os separou e lhes estabeleceu o sábado.Aqueles que renegaram suas vidas e elevaram a mão sobre aquele que lhes dava a vida mereceram o luto... Notem bem, caros irmãos, que a maior parte dos homens no seu luto imitam o sábado e aqueles que guardam o sábado parecem estar em luto: aquele que está em luto não acende a luz, como faz o povo judeu no sábado, segundo o mandamento de Moisés que assim lhe ordenou. Aquele que está em luto não se le levanta, é o que faz o povo judeu no sábado. Aquele que está de luto não faz festa, como o faz o povo judeu no dia de sábado, que se prepara desde a véspera; isto é um precentimento do luto deles, pelo fato de ter levado suas mãos sobre Jesus. Aquele que está de luto não trabalha, não fala, mas permanece sentado, triste, como faz o povo no sábado. Foi dito ao povo a respeito do luto do sábado: Nao lenvantarás os pés para fazer obra alguma e nenhuma palavra sairá de tua boca...”

7) Eusèbe (263 - 339), Historia eclesiastica, III, 27, 2-5.

“...Os ebionitas assumem para si um dever absoluto, o de observar a Lei de Moisés pois eles dizem que não serão salvos somente pela fé em Cristo e pela vida conforme essa fé. Mas ao lado desses, havia outros que portavam o mesmo nome e que praticavam as mesmas impiedades dos primeiros, ainda pode se acrescentar que paralelamente aqueles, eles colocavam todo o zelo no cumprimento detalhado das prescrições carnais da Lei. Estes ... se servindo unicamente do Evangelho, chamado dos hebreus e não levando em conta outros. Eles guardavam o sábado e observavam o resto da conduta judaica, a semelhança deles, mas eles celebravam os domingos mais ou menos como nós, em memória da ressurreição do Senhor. Ver também Mt 24,20-21; Gl 4, 8-11; Col 2,8. 16-17

8) Cyrilo de Jérusalem (+386), Catequese IV, 37.

“... E não caiam no judaismo, porque Jesus o Cristo os libertou definitivamente. Abstenham de toda observância do sábado...”

9) Concile de Laodiceia (IVe siècle)

Canon 16: “A respeito dos Evangelhos se o lê no dia de sábado, dia em que é acompanhado dos outros livros .”

Canon 29: “Que os cristãos não se comportem como os judeus cessando o trabalho no dia do sábado, mas que eles trabalhem nesse dia; e para testemunhar o respeito devido ao domingo, que eles não trabalhem nesse dia como cristãos, se ao menos eles puderem. Mas se for estabelecido que eles se comportem como os judeus que sejam anátemas junto ao Cristo.”

Canon 49: “Não se deve oferecer o pão durante a quaresma a não ser somente nos dias de sábado e de domingo.”

Canon 51: “Não se deve observar o aniversário dos mártires durante a quaresma, mas fazer comemoração dos santos mártires nos sábados e nos domingos..”

10) Constituições Apostólicas (a base é a Didascalia + acréscimos no IV século na Siria)

Livro II, 59,3: “O dia do sábado e o dia da ressurreição do Senhor sobretudo, esforcem-se a se reunirem. Façam subir um hino a Deus que criou o universo atraves de Jesus, que no-lo enviou, que consentiu sua paixão e o ressucitou dentre os mortos.”

Livro VII, 23,3-4: “Celebrem o dia do sábado e o dia do Senhor com festas, porque o priemiro dia é um memorial da criação e o segundo da ressurreição.”

Livreo VIII, 33,1-2: “Eu, Paulo e eu Pedro, ordenamos: que os escravos trabalhem cinco dias por semana, mas que descansem no sábado e no dia do Senhor para escutar a Igreja, o ensinamento da fé. Com efeito, o sábado, segundo nós, está relacionado com a criação, o dia do Senhor com a ressurreição.”

Livro VIII, 47,64: “Se encontrarem um membro do clero jejuando no dia do Senhor ou no sábado - exceto no único sábado autorizado (sábado-santo) - que ele seja deposto; se ele for um leigo, que ele seja expulso.”

11) Pseudo Ignace (parece ser o mesmo autor das C. A.), Carta aos Filipenses 13

“... Se alguém jejua no dia do Senhor ou no dia do sábado - exceto no dia do sábado autorizado -. este é um assassino de Cristo.”

12) Aphraate (IVe século), Instruções 13,2

“ O sábado não está colocado como divisor entre a vida e a morte, nem entre a justiça e o pecado, como os outros mandamentos vitais aos homens, mas mortais se eles não os observar. No tempo em que era necessário observar o sábado, ele foi dado ao povo - e não somente aos homens, mas também ao rebanho- para o repouso. É assim que Deus disse: que o teu boi, teu asno e todo o rebanho se repousem. Se o sábado fora posto como divisor entre a vida e a morte, ou entre a justiça e o pecado, qual seria sua função de sua observancia para o rebanho? Ou o que haveria nele de condenavel se ele não fosse respeitado?”

13) Grégorio de Nysse (+394), Contra aqueles que não suportam as correções

“... Voce não pratica a justiça, não aprende a virtude e não se preocupa com a vida de oração. É isso que a jornada de ontem mostrou. Com quais olhos voce considera o dia do Senhor, voce que desonra o sábado? Será que voce não sabe que esses dias são irmãos? E que se voce atinge um voce faz vilolencia ao outro? Voce que é dotado de discernimento e de razão, que não se ocupa do que é justo e bom, que não se preocupa com a tua imortalidade e não busca discernir quem voce é segundo sua verdadeira natureza nem o que voce pode se tornar...”

14) Palladius (388 +antes 431), Historia Lausiaque 32,3

“...Que cada um dos monjes tenha uma veste de pele de cabrita e que não comam sem ela. Mas indo para a mesa de comunhão no sábado e no domingo, que eles se liberem de suas cinturas e deixem a veste na entrada e, depois, entrem somente com o capuz.”

15) Pachôme (+436), Vida I de São Pacônio 28

“Pacônio prescreveu: o responsável do mosteiro faça com que haja tres dias de instruções, um no dia do sábado e dois no dia do domingo...”

16) Socrate (historiador 380 +após 439), Historia eclesiastica V, 22

“... A respeito das assembléias culturais, existem diferenças. Mesmo que as Igrejas de todo o mundo celebram os mistérios cada semana, no dia do sábado, os cristãos de Alexandria e de Roma se baseando sobre uma antiga tradição, não os celebram nesse dia. Contrariamente, os Egipcianos, visinhos de Alexandria e os habitantes da Tebaide celebram o culto no sábado, no entanto sem participar dos mistérios segundo o costume habitual cristão: pois após terem copiosamente comido e se enchidos de todo tipo de comida, é somente pela tarde que eles oferecem a eucaristia e participam dos mistérios.”

17) Agostinho (354 - 430), Carta 55 a Januarius

a, 18 “O antigo povo (Israel) foi ordenado celebrar o sábado para o repouso corporal, que deveria representar figurativamente a santificação que conduz ao repouso do Espírito Santo. Também em nenhuma parte no Génesis faz alusão à santificação durante os primeiros dias da criação, mas é somente dito a respeito do sábado: et Deus santificou o sétemo dia. Tanto os bons como os maus amam o repouso, mas a maior parte deles não sabem como atingir o objeto do amor. .. Também a alma não fica impune com tal pecado, porque Deus resiste aos orgulhosos, mas dá sua graça aos humildes. Porém quando ela se encontra com Deus, ela encontra n’Ele o verdadeiro repouso seguro e eterno que ela buscou nas outras coisas sem poder encontrar. É porisso que no salmo se encontra a exortação: Põe teu prazer no Senhor e Ele te dará o que teu coração deseja. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, é por essa razão que foi feito memória da santificação do sétimo dia, dia em que o repouso foi ordenado... Também entre os dez mandamentos, somente aquele relacionado ao sábado que deve ser figurativo. E nós reconhecemos que essa figura deve ser interpretada e não mais ser celebrada por um repouso corporal. Pois o sábado significa o repouso espiritual como está dito no Salmo: Apenguem-se ao repouso e reconheçam que Eu sou o Senhor a quem o Senhor Jesus Cristo, ele mesmo chama os homens quando ele diz: Venham a mim, voces todos que estão cansados e acabados, eu lhes aliviarei. Carreguem o meu jugo, deixem me instruir-lhes, porque eu sou manso e humilde de coração, e voces encontrarão o repouso de suas almas. No entanto, os outros nove mandamentos, nós os observaremos tal qual eles foram ordenados, no seu sentido proprio, sem nenhuma significação figurativa...”

b, Carta 36 a Casulanus 31-32

“Vem em seguida o sábado, durante o qual o corpo de Crsito repousou no sepulcro, como, no momento da criação do mundo, Deus se repousa, nesse dia, de todas as suas obras. É nesse repouso que nasceu, no manto da rainha (imagem da Igreja), esta diversidade da prática que faz que alguns povos, particularmente no oriente, preferem se abster do jejum nesse dia para marcar o repouso, enquanto que outros preferem jejuar, como a Igreja de Roma e outras igrejas do Ocidente, porque o Senhor se abaixou na sua morte...”

18) Martin de Braga (515 - 580), Melhora dos pagãos, 18.

“ Idem sempre rezar a Deus em uma Igreja ou em uma capela dos santos. Não desprezem, mas observem com profundo respeito o dia do Senhor. Este dia é assim chamado porque o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, ressucitou dos mortos nesse dia. Não fassem nenhum trabalho servil no dia do Senhor, eu quero dizer trabalhos no campo, nas pastagens, nas vinhas, nem um outro trabalho pesado, com exceção do que é necessário para restaurar nosso pobre corpo, portanto para preparação de alimentos e para a bebida necessária para uma longa viagem. Também é permitido se deslocar nos arredores, no dia do Senhor, não por maus pretextos, mais sim para ir aos lugares santos, para visitar um irmão ou um amigo, para reconfortar um doente, ou para levar, com boas intenções, um conselho ou suporte para quem está em dificuldade. Eis portanto como convem a um cristão honrar o dia do Senhor. Com efeito, é injusto e lamentavel que os pagãos e as pessoas que são ignorantes da fé cristã, adorando os ídolos dos demonios, veneram o dia de Júpter ou de qualquer outro falso deus e nesse dia cessam o trabalho, enquanto que esses falsos deuses certamente não criaram nenhum dia e que nenhum desses dias por consequencia pertence a eles. E nós, que adoramos portanto o verdadeiro Deus, e que cremos que o Filho de Deus ressucitou dos mortos, honramos tão pouco o dia de sua ressurreição, isto é, o dia do Senhor. Não ultragem a ressurreição do Senhor, honrem-no e observem-no com veneração, ao menos na esperança que nós depositamos nela...”

19) Gregório o Grande (540 - 604), Carta 13,3.

“Vieram me dizer que certas pessoas de espírito corrompido espalharam entre voces opiniões perversas e contrarias a santa fé, o que levou mesmo a proibir todo trabalho no dia do sábado. Que nome eu daria a essa gente senão de predicadores do Anti-Cristo? Quando esse vier, ele exigirá celebrar o sábado e o dia do Senhor sem trabalhar---- é porisso que nós interpretamos espiritualmente o que está escrito sobre o sábado e o cumprimos espiritualmente. O sábado significa, com efeito, repouso. Ora, temos nosso verdadeiro sábado na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aliás, me disseram também que pessoas corrompidas lhes ensinaram a não se lavar no dia do Senhor. Certamente, se é pelo desejo de luxuria ou por voluptuosidade que alguém quer se lavar, nós proibimos de o fazer qualquer que seja o dia; mas se for por necessidade hegiênica corporal, não impedimos, mesmo no dia do Senhor. É mister por fim, nos dia do Senhor, a todo trabalho terrestre e se consagrar inteiramente à nossas orações, para expiar, através de nossas suplicações, as negligências durante os seis outros dias.”