quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Shabbat e o Dies Domini

1) Inácio de Antioquia (+110) Carta aos Magnésios 9,1-2.

“Se portanto aqueles que viviam segundo a antiga ordem das coisas, entraram na nova esperança e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, dia onde nassa vida foi elevada por Ele e por sua morte....”

2) Plinio o Jovem (61 - 113), Carta a Trajan X, 96,7.

“Aliás eles afirmam que suas fautas, ou seus erros, se limitavam aos hábitos de se reunirem durante aurora, antes do nascer do sol, de cantar alternadamente entre eles, hinos ao Cristo como um deus; de se comprometerem através de juramente, a não perpetrarem nenhum crime e a não praticarem nenhum roubo, nem criarem confusões, nem cometerem adultérios, assim como cumprirem toda palavra dita e a pagarem tudo segundo a justiça. Cumprindo esses ritos, eles tinham o hábito de se separarem e de se reunirem ainda para a refeição, que, poderia-se dizer, de maneira ordinaria e inocente. Mesmo esta prática, eles renunciaram após meu edito ao qual eu os havia proibido.”

3) Tertuliano (160 +após 220), Aos pagãos, I, 13,1-5.

“É verdade que outros pagãos têm uma opinião mais humana: eles pensam que o sol é o deus cristão porque soube-se que nós nos orientamos para o oriente quando fazermos a oração e que no dia do sol (sun-day, soon-tag) nós vivemos na alegria. E vocês, o que fazem? Muitos dentre voces, afirmando adorar objetos celestes, não movimentam os lábios, se orientando para o sol nascente? Em todo caso, são voces que admitiram o sol na lista dos sete dias e que escolheram outrora, entre os dias de vocês, dia que veces suprimem ou recuam o banho e também é o dia que voces praticam a ociosidade. Assim fazendo voces se distanciam de suas crenças em função de costumes estrangeros: com efeito o sábado, o banquete, os ritos de acender lâmpadas, os jejuns com pães ázimos, as orações às margens do rio, pertencem às festas judaicas, tudo isso é estrangeiro aos deuses de voces. Também, para retornar ao meu assunto, voces que não recusam o sol e seu dia, reconheçam a proximidade: nós não estamos longe de Saturno e de seus sábados.

b, Da oração 23, 1-2

“Em se tratando de genoflexão, uma diferença de prática disturba a oração, por causa de um pequeno grupo de gente que não se ajoelha no dia de sãbado; esta divergência é, justamente nesse tempo, defendida com vigor nas comunidades. O Senhor, na sua misericordia, fará de tal maneira, que essas pessoas cessesm ou ao menos que se comportem segundo suas opiniões sem importunar os outros...”

c, O jejum 14, 2-3

“... Por que nós consagramos a quarta feira e a sexta feira para o jejum das estações e o dia da preparação do jejum total? Ainda que voces acrescentem o sãbado, em certas circunstancias, não se deve nunca jejuar nesse dia, senão quando for Páscoa, pelas razões acima expostas...”

d, O jejum 15,2

“... Na realidade a proibição de alimentos é minimo entre nós. Nós consagramos a Deus duas semanas por ano, quando comemos a seco e mesmo assim não completam duas semanas pois isentamos os sãbados e os domingos...”

4) Irénée (115 - 202), Contre as hérésias IV.

a, 8,1 “... É portanto evidente que aqueles que contestam a salvação de Abraão e imaginam um outro Deus que aquele que lhe fez a promessa, esses estão fora do reino de Deus e privados da herança e da incorruptibilidade: pois eles desprezam e blasfemam o Deus que introduziu Abraão e sua posteridade no reino dos Céus, istao é, a Igreja, que, através de Jesus Cristo, recebe a adoção e a herança prometida a Abraão...”

b, 16,1 “... Quanto aos sábados, eles nos ensinam a perseverança no serviço de Deus durante todo o dia: nós fomos considerados, disse o Apostolo Paulo, todo ao longo do dia, como cordeiros de sacrificio, isto é, como consagrados, como sevidores durante todo o tempo de nossa fé e com perseveraça nela, nós nos abstemos de toda avareza, não adquirindo tesouro sobre a terra. Os sábados manisfestam também o repouso de Deus consecutivo à criação, isto é, o reino no qual o homem que persevera no serviço de Deus repousará e tomará parte na mesa do Senhor.”

c, 28,3 “... Pois quantos dias comportam a criação do mundo, tanto de milênios comprenderá sua duração total. É porisso que o livro do Gênesis diz: Assim foram concluidos o céu e a terra, com todo o seu exército. Deus concluiu no sétimo dia a obra que fizera e no sétimo dia descansou, depois de toda a obra feita. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nele descansou depois de toda a sua obra de criação. Isto é ao mesmo tempo um relato do passado, tal como ele se desenvolveu e uma profecia do futuro: com efeito, se um dia do Senhor é como mil anos e se a criação foi terminada em seis dias, é evidente que a consumação das coisas acontecerá em seis mil anos.”

d, 30,4 “... Então o Senhor virá do alto do céu, sobre as nuvens, na glória de seu Pai e Ele enviará nas chamas do fogo o Anticristo com seus fiéis. Ele inaugurará ao mesmo tempo para os justos os tempos do reino, isto é, o repouso, o sétimo dia que foi santificado e ele dará a Abraão a herança prometida: é esse o reino no qual, segundo a Palavra do senhor. muitos virão do levante e do poente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaac e Jacob.”

5) Hippolyte de Rome (170-236), Refutação de todas as heresias, IX, 16,1-3.

“... Mas dado que dissemos que eles (os elkasaites) levam em conta o erro da astrologia, iremos demonstrar a partir de seus escritos. Eles dizem, com efeito, o que segue: .”

6) Didascalie (Syrie - IIIe siècle)

“... Jejuem também aos sabados porque é o dia que o Senhor dormiu, dia que convem jejuar, como ordenou Moisés, o bem aventurado profeta de tudo isso, ele o sabia pelo Espírito Santo e Deus todo poderoso lhe ordenou, ele que sabia tudo o que o povo faria a seu querido Jesus Cristo. Eles o renegaram então na pessoa de Moises e lhe disseram: quem te estabeleceu chefe e juiz sobre nós? Também eles iniciaram desde do inicio um luto perpetuo, quando ele os separou e lhes estabeleceu o sábado.Aqueles que renegaram suas vidas e elevaram a mão sobre aquele que lhes dava a vida mereceram o luto... Notem bem, caros irmãos, que a maior parte dos homens no seu luto imitam o sábado e aqueles que guardam o sábado parecem estar em luto: aquele que está em luto não acende a luz, como faz o povo judeu no sábado, segundo o mandamento de Moisés que assim lhe ordenou. Aquele que está em luto não se le levanta, é o que faz o povo judeu no sábado. Aquele que está de luto não faz festa, como o faz o povo judeu no dia de sábado, que se prepara desde a véspera; isto é um precentimento do luto deles, pelo fato de ter levado suas mãos sobre Jesus. Aquele que está de luto não trabalha, não fala, mas permanece sentado, triste, como faz o povo no sábado. Foi dito ao povo a respeito do luto do sábado: Nao lenvantarás os pés para fazer obra alguma e nenhuma palavra sairá de tua boca...”

7) Eusèbe (263 - 339), Historia eclesiastica, III, 27, 2-5.

“...Os ebionitas assumem para si um dever absoluto, o de observar a Lei de Moisés pois eles dizem que não serão salvos somente pela fé em Cristo e pela vida conforme essa fé. Mas ao lado desses, havia outros que portavam o mesmo nome e que praticavam as mesmas impiedades dos primeiros, ainda pode se acrescentar que paralelamente aqueles, eles colocavam todo o zelo no cumprimento detalhado das prescrições carnais da Lei. Estes ... se servindo unicamente do Evangelho, chamado dos hebreus e não levando em conta outros. Eles guardavam o sábado e observavam o resto da conduta judaica, a semelhança deles, mas eles celebravam os domingos mais ou menos como nós, em memória da ressurreição do Senhor. Ver também Mt 24,20-21; Gl 4, 8-11; Col 2,8. 16-17

8) Cyrilo de Jérusalem (+386), Catequese IV, 37.

“... E não caiam no judaismo, porque Jesus o Cristo os libertou definitivamente. Abstenham de toda observância do sábado...”

9) Concile de Laodiceia (IVe siècle)

Canon 16: “A respeito dos Evangelhos se o lê no dia de sábado, dia em que é acompanhado dos outros livros .”

Canon 29: “Que os cristãos não se comportem como os judeus cessando o trabalho no dia do sábado, mas que eles trabalhem nesse dia; e para testemunhar o respeito devido ao domingo, que eles não trabalhem nesse dia como cristãos, se ao menos eles puderem. Mas se for estabelecido que eles se comportem como os judeus que sejam anátemas junto ao Cristo.”

Canon 49: “Não se deve oferecer o pão durante a quaresma a não ser somente nos dias de sábado e de domingo.”

Canon 51: “Não se deve observar o aniversário dos mártires durante a quaresma, mas fazer comemoração dos santos mártires nos sábados e nos domingos..”

10) Constituições Apostólicas (a base é a Didascalia + acréscimos no IV século na Siria)

Livro II, 59,3: “O dia do sábado e o dia da ressurreição do Senhor sobretudo, esforcem-se a se reunirem. Façam subir um hino a Deus que criou o universo atraves de Jesus, que no-lo enviou, que consentiu sua paixão e o ressucitou dentre os mortos.”

Livro VII, 23,3-4: “Celebrem o dia do sábado e o dia do Senhor com festas, porque o priemiro dia é um memorial da criação e o segundo da ressurreição.”

Livreo VIII, 33,1-2: “Eu, Paulo e eu Pedro, ordenamos: que os escravos trabalhem cinco dias por semana, mas que descansem no sábado e no dia do Senhor para escutar a Igreja, o ensinamento da fé. Com efeito, o sábado, segundo nós, está relacionado com a criação, o dia do Senhor com a ressurreição.”

Livro VIII, 47,64: “Se encontrarem um membro do clero jejuando no dia do Senhor ou no sábado - exceto no único sábado autorizado (sábado-santo) - que ele seja deposto; se ele for um leigo, que ele seja expulso.”

11) Pseudo Ignace (parece ser o mesmo autor das C. A.), Carta aos Filipenses 13

“... Se alguém jejua no dia do Senhor ou no dia do sábado - exceto no dia do sábado autorizado -. este é um assassino de Cristo.”

12) Aphraate (IVe século), Instruções 13,2

“ O sábado não está colocado como divisor entre a vida e a morte, nem entre a justiça e o pecado, como os outros mandamentos vitais aos homens, mas mortais se eles não os observar. No tempo em que era necessário observar o sábado, ele foi dado ao povo - e não somente aos homens, mas também ao rebanho- para o repouso. É assim que Deus disse: que o teu boi, teu asno e todo o rebanho se repousem. Se o sábado fora posto como divisor entre a vida e a morte, ou entre a justiça e o pecado, qual seria sua função de sua observancia para o rebanho? Ou o que haveria nele de condenavel se ele não fosse respeitado?”

13) Grégorio de Nysse (+394), Contra aqueles que não suportam as correções

“... Voce não pratica a justiça, não aprende a virtude e não se preocupa com a vida de oração. É isso que a jornada de ontem mostrou. Com quais olhos voce considera o dia do Senhor, voce que desonra o sábado? Será que voce não sabe que esses dias são irmãos? E que se voce atinge um voce faz vilolencia ao outro? Voce que é dotado de discernimento e de razão, que não se ocupa do que é justo e bom, que não se preocupa com a tua imortalidade e não busca discernir quem voce é segundo sua verdadeira natureza nem o que voce pode se tornar...”

14) Palladius (388 +antes 431), Historia Lausiaque 32,3

“...Que cada um dos monjes tenha uma veste de pele de cabrita e que não comam sem ela. Mas indo para a mesa de comunhão no sábado e no domingo, que eles se liberem de suas cinturas e deixem a veste na entrada e, depois, entrem somente com o capuz.”

15) Pachôme (+436), Vida I de São Pacônio 28

“Pacônio prescreveu: o responsável do mosteiro faça com que haja tres dias de instruções, um no dia do sábado e dois no dia do domingo...”

16) Socrate (historiador 380 +após 439), Historia eclesiastica V, 22

“... A respeito das assembléias culturais, existem diferenças. Mesmo que as Igrejas de todo o mundo celebram os mistérios cada semana, no dia do sábado, os cristãos de Alexandria e de Roma se baseando sobre uma antiga tradição, não os celebram nesse dia. Contrariamente, os Egipcianos, visinhos de Alexandria e os habitantes da Tebaide celebram o culto no sábado, no entanto sem participar dos mistérios segundo o costume habitual cristão: pois após terem copiosamente comido e se enchidos de todo tipo de comida, é somente pela tarde que eles oferecem a eucaristia e participam dos mistérios.”

17) Agostinho (354 - 430), Carta 55 a Januarius

a, 18 “O antigo povo (Israel) foi ordenado celebrar o sábado para o repouso corporal, que deveria representar figurativamente a santificação que conduz ao repouso do Espírito Santo. Também em nenhuma parte no Génesis faz alusão à santificação durante os primeiros dias da criação, mas é somente dito a respeito do sábado: et Deus santificou o sétemo dia. Tanto os bons como os maus amam o repouso, mas a maior parte deles não sabem como atingir o objeto do amor. .. Também a alma não fica impune com tal pecado, porque Deus resiste aos orgulhosos, mas dá sua graça aos humildes. Porém quando ela se encontra com Deus, ela encontra n’Ele o verdadeiro repouso seguro e eterno que ela buscou nas outras coisas sem poder encontrar. É porisso que no salmo se encontra a exortação: Põe teu prazer no Senhor e Ele te dará o que teu coração deseja. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, é por essa razão que foi feito memória da santificação do sétimo dia, dia em que o repouso foi ordenado... Também entre os dez mandamentos, somente aquele relacionado ao sábado que deve ser figurativo. E nós reconhecemos que essa figura deve ser interpretada e não mais ser celebrada por um repouso corporal. Pois o sábado significa o repouso espiritual como está dito no Salmo: Apenguem-se ao repouso e reconheçam que Eu sou o Senhor a quem o Senhor Jesus Cristo, ele mesmo chama os homens quando ele diz: Venham a mim, voces todos que estão cansados e acabados, eu lhes aliviarei. Carreguem o meu jugo, deixem me instruir-lhes, porque eu sou manso e humilde de coração, e voces encontrarão o repouso de suas almas. No entanto, os outros nove mandamentos, nós os observaremos tal qual eles foram ordenados, no seu sentido proprio, sem nenhuma significação figurativa...”

b, Carta 36 a Casulanus 31-32

“Vem em seguida o sábado, durante o qual o corpo de Crsito repousou no sepulcro, como, no momento da criação do mundo, Deus se repousa, nesse dia, de todas as suas obras. É nesse repouso que nasceu, no manto da rainha (imagem da Igreja), esta diversidade da prática que faz que alguns povos, particularmente no oriente, preferem se abster do jejum nesse dia para marcar o repouso, enquanto que outros preferem jejuar, como a Igreja de Roma e outras igrejas do Ocidente, porque o Senhor se abaixou na sua morte...”

18) Martin de Braga (515 - 580), Melhora dos pagãos, 18.

“ Idem sempre rezar a Deus em uma Igreja ou em uma capela dos santos. Não desprezem, mas observem com profundo respeito o dia do Senhor. Este dia é assim chamado porque o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, ressucitou dos mortos nesse dia. Não fassem nenhum trabalho servil no dia do Senhor, eu quero dizer trabalhos no campo, nas pastagens, nas vinhas, nem um outro trabalho pesado, com exceção do que é necessário para restaurar nosso pobre corpo, portanto para preparação de alimentos e para a bebida necessária para uma longa viagem. Também é permitido se deslocar nos arredores, no dia do Senhor, não por maus pretextos, mais sim para ir aos lugares santos, para visitar um irmão ou um amigo, para reconfortar um doente, ou para levar, com boas intenções, um conselho ou suporte para quem está em dificuldade. Eis portanto como convem a um cristão honrar o dia do Senhor. Com efeito, é injusto e lamentavel que os pagãos e as pessoas que são ignorantes da fé cristã, adorando os ídolos dos demonios, veneram o dia de Júpter ou de qualquer outro falso deus e nesse dia cessam o trabalho, enquanto que esses falsos deuses certamente não criaram nenhum dia e que nenhum desses dias por consequencia pertence a eles. E nós, que adoramos portanto o verdadeiro Deus, e que cremos que o Filho de Deus ressucitou dos mortos, honramos tão pouco o dia de sua ressurreição, isto é, o dia do Senhor. Não ultragem a ressurreição do Senhor, honrem-no e observem-no com veneração, ao menos na esperança que nós depositamos nela...”

19) Gregório o Grande (540 - 604), Carta 13,3.

“Vieram me dizer que certas pessoas de espírito corrompido espalharam entre voces opiniões perversas e contrarias a santa fé, o que levou mesmo a proibir todo trabalho no dia do sábado. Que nome eu daria a essa gente senão de predicadores do Anti-Cristo? Quando esse vier, ele exigirá celebrar o sábado e o dia do Senhor sem trabalhar---- é porisso que nós interpretamos espiritualmente o que está escrito sobre o sábado e o cumprimos espiritualmente. O sábado significa, com efeito, repouso. Ora, temos nosso verdadeiro sábado na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aliás, me disseram também que pessoas corrompidas lhes ensinaram a não se lavar no dia do Senhor. Certamente, se é pelo desejo de luxuria ou por voluptuosidade que alguém quer se lavar, nós proibimos de o fazer qualquer que seja o dia; mas se for por necessidade hegiênica corporal, não impedimos, mesmo no dia do Senhor. É mister por fim, nos dia do Senhor, a todo trabalho terrestre e se consagrar inteiramente à nossas orações, para expiar, através de nossas suplicações, as negligências durante os seis outros dias.”

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