sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

História da exegese cristã

Centro Cristão de Estudos Judaicos
Curso de pós-graduação Latu Sensu


Prof. Dr. Cônego Celso Pedro

Disciplina: História da exegese cristã, descoberta de Israel e do Judaísmo

Aluno: Luciano José Dias




Resenha


O judaísmo em sua historia, viveu muitas amargura com os cristãos. O cristianismo tem uma visão diferente hoje, do que tinha do judaísmo antigamente. Muitos preconceitos estão enraizados nesta relação judaico-cristã, levando-os a uma separação. Cristãos sempre acusaram judeus de terem matado Jesus, e, por isso deveriam ser condenados.

Hoje, no Oriente, a perseguição é maior contra os Cristãos do que contra judeus. 

Todas estas perseguições acontecem por causa de um livro chamado Palavra de Deus, um livro que é mudo, não diz nada, mas uma vez lido, o leitor dá vida ao texto, esta vida é sua interpretação diferenciada por cada grupo religioso que o interpreta. O problema não esta no texto, sim no leitor, sua maneira de interpretar o texto, criando desta forma, escolas que acompanham estas interpretações e se contradizem por terem enfoques diferentes; a partir daí, a mesma escritura passa a ser lida de outra forma, pois estas escolas vão avançando no estudo da interpretação (hermenêutica). Interpretar o texto, é esclarecê-lo; já a exegese de um texto consiste em dissecá-lo, contá-lo, interpretá-lo.

O exegeta tem que conhecer a linguagem em que o texto foi escrito, fazendo estudo da historia, da arqueologia, da lingüística e arte usada na escrita. Deve conhecer geografia dos lugares diferentes em que o texto foi escrito. A exegese supõe muitas obrigações e conhecimentos diversos; assim o exegeta pode dizer se o texto foi escrito por uma determinada pessoa ou por outra pessoa que usou o nome em questão.

Os primeiros grandes nomes da exegese foram protestantes das igrejas históricas da Alemanha e Dinamarca, só depois é que católicos seguiram este caminho.

Os judeus, por outro lado, são os grandes mestres neste sentido, o bom estudioso judeu se dedica à Bíblia pelo menos 14 horas por dia para poder interpretá-la, mas também isto pode ser feito em maior profundidade dependendo do interprete. Cabe lembrar que, os textos originais das escrituras se perderam com o tempo, tudo o que temos hoje são cópias que foram traduzidas para outras línguas e depois re - copiadas muitos anos depois, gerando textos diferentes entre si que nos levam a interpretações mais diferentes ainda. Como resolver este problema? A forma é juntar todas as cópias existentes no mundo e compará-las para ver qual seria a mais antiga se aproximando do original. Um exemplo do que temos dito segue abaixo:

Na 1Cor. 13,3 lemos em um manuscrito no grego “Kauthesomai” (ser queimado) em outro “Kaukhesomai”,(Se gloriar) a diferença de uma só letra do grego, ao ser traduzido para outra língua dará uma diferença enorme; para resolver a questão ficamos com o texto mais antigo, mas as vezes não é possível, pois não se tem mais o texto; sendo assim, é preciso pegar o contexto histórico. No caso do texto em questão, os cristãos estavam enfrentando perseguições e sendo queimados; provavelmente o correto seria então “Kauthesomai”, ser queimado e não “Kaukhesomai”, se gloriar. (cf. Bíblia de Jerusalém com a Bíblia da CNBB).

Um outro exemplo pode ser observado em Ezequiel 7,23, o texto grego diz “A terra esta cheia de povos” (MISHPAT AMIM – Terra povos) no texto em Hebraico diz “A Terra esta cheia de sangue” (MISHPAT DAMIM – Terra Sangue).

Para ter uma boa interpretação, tem que se ter conhecimento de tudo isso; o exegeta se debruça sobre o texto para saber o que estava escrito, já a teologia vem depois e interpreta o que se queria dizer com o texto escrito, qual o significado dele.

Interpretações que saem da linha de pensamento desandam para a heresia. Como podemos ver a interpretação não é tão simples.

Quem escreveu sabia o que estava fazendo, mas quem traduziu ou copiou nem sempre sabia; o tradutor é sempre um traidor do texto.

A interpretação de vários textos pode ser feita de forma ALEGÓRICA, saindo do que o texto diz (em João vemos falar de cinco pães e dois peixes – cinco maridos), peixe em grego se escreve: ICHTHUS.

I – esus = Jesus

Ch – isto = Cristo

Th – eos = Deus

U – ios = filho

S – oter = Salvador



Há um momento na historia de Israel que surge o targum, a tradução simultânea dos textos bíblicos do hebraico para o aramaico.



Muitos textos traduzidos foram anotados e depois agrupados, gerando o TARGUMIN .

O termo targum vem da raiz hebraica n d r , que significa tradução. Targum num primeiro momento se refere à tradução aramaica das Escrituras, feita oralmente, segundo a tradição judaica, a partir da volta do exílio, por volta de 537/39 a.C. O Targum nasceu da necessidade concreta de levar ao conhecimento do povo a Torá numa linguagem que fosse compreensível, pois a maioria dos judeus não falava mais o hebraico que havia sido substituído pela língua do dominador, o aramaico.

Não sabemos exatamente qual foi o momento em que o aramaico tornou-se a língua popular de todo o império persa, incluindo a Terra de Israel. Por isso também é difícil dar uma data precisa para a generalização desta prática e situar a partir de quando o targum se tornou a primeira etapa de uma educação que tinha como fundamento único a Escritura, ficando mais unido à liturgia do que à beit-midrash - casa de estudo. Ele testemunha a cultura popular da massa do povo judeu que forneceu os primeiros discípulos de Jesus[1].

Hoje quando falamos de Targum parece que é algo de intelectuais ou de academias. Na realidade estamos diante de uma catequese popular, para as pessoas simples, pastores, ferreiros e outros tipos de tarefas e que vem à sinagoga para escutar as Escrituras.  O texto por si só fala a estas pessoas e por isso mesmo levanta questões a partir desta escuta. O meturgeman devia encontrar as respostas e explicações para as questões levantadas pelo texto, a partir da realidade da vida das pessoas que escutam as  Escrituras.

Um exemplo: Gn 9, 20-21 fala que Noé plantou a vinha, fez vinho e ficou embriagado. Quando relemos o texto do dilúvio vamos perceber que em nenhum lugar do texto diz que Deus mandou Noé guardar uma muda de vinha na arca. Como explicar de onde veio a vinha que Noé plantou? O Targum dará uma explicação no momento de fazer a tradução dizendo que uma raiz de vinha foi levada pelas águas do dilúvio e quando Noé a plantou ela cresceu imediatamente dando frutos. Assim é possível explicar a passagem rápida dos versículos 20 e 21 com esta paráfrase.

Outra característica é a necessidade de se fazer entender através de imagens o que diz as Escrituras como no caso de Dt 30,12-13 - o mandamento que não está fora do alcance. Os exemplos serão tirados da vida da própria vida do povo. A Escritura é ao mesmo tempo história, enciclopédia, geografia, etc. Todos os exemplos para clarificar uma situação serão tiradas das Escrituras. Assim ao falar acima dos céus, acrescenta-se para que não digas é preciso que Moisés nos explique (lembrar que no Sinai Moisés se aproximou do céu) e também nas profundezas do grande mar (grande mar é o Mediterrâneo) para esperar por Jonas que foi até as profundezas do mar para nos explicar. E assim por diante.

Existe uma amplificação do maravilhoso. É preciso ter a arte de manter o auditório ligado. Sempre que existe algo de maravilhoso a chance de comentar e acrescentar se torna mais intensa. O maravilhoso está muito presente, principalmente na história dos patriarcas.

Mesmo se hoje sabemos que havia versões aramaicas das Escrituras que circulavam antes da era cristã, na sinagoga o targum era recitado de memória e havia uma maneira apropriada de fazê-lo. Para a leitura do texto hebraico da Torá a tradução era feita após cada versículo e para a leitura hebraica dos profetas após cada três versículos. A leitura do targum era proibida nas sinagogas o que não impedia a preparação feita a partir de textos escritos em vista do ofício sinagogal. Os textos escritos de targum que chegaram até nós atestam o caráter de transmissão oral durante séculos no uso vivo das sinagogas.

Os targumins são as primeiras traduções e interpretações dos textos bíblicos.



Outra forma é o MIDRASH (Darash = escavar, ver o que esta dentro).

O midrash é uma interpretação do texto bíblico, ele sai da visão histórica e se encaminha ao alegórico, sendo uma pesquisa bem aprofundada de outros textos, uma re-leitura dos textos mais antigos.

Na literatura dos sábios o verbo darash assumirá o significado de explicar ou interpretar a Torá em geral ou um texto em particular. É a exegese da busca de sentido do texto que caminha ao lado da hermenêutica com técnicas e procedimentos determinados. O uso do termo midrash como busca do sentido bíblico remonta a Neemias[2]. Como vimos, é possível constatar que o primeiro desenvolvimento do midrash se encontra na própria Escritura.

O termo midrash é abrangente e extensivo, não pode ser limitado a um gênero literário. Ele designa ao mesmo tempo um tipo de literatura e uma atividade. Podemos então falar do midrash de duas maneiras que estão relacionadas, a primeira, como uma atividade e processo de interpretação e a segunda como corpo literário que nasceu da compilação dos comentários e diversas interpretações dos sábios de Israel.

A partir de seu conteúdo, podemos agrupar a literatura midráshica de três modos:

a) Comentários de um grupo de livros, como acontece com o Midrash Rabba que compila o comentário do Pentateuco;

b) Comentário sobre um livro bíblico, como por exemplo Midrash Threni sobre Lamentações;

c) Agrupamento de comentários por temas ou ocasiões especiais, Pesiqta Rabbati que faz a compilação de homilias para as festas e certos shabbats.



Formas de leitura do texto:

PSHAT = O texto como esta escrito

RIMEZ = Insinuação de algo a mais

DARASH = Aprofunda os sentidos que estão por dentro

SOD = Mistério oculto, a parte mística do texto, onde eu chego após fazer o processo anterior.

PaRDeS = Paraíso, o paraíso entra em mim, esfera superior de compreensão do texto.



Paulo em 1Tes. 2,13-16 afirma serem os judeus responsáveis pela morte de Jesus e dos profetas; em Atos 2,22 Pedro esta também atribui esta culpa aos judeus. Estas afirmações trariam conseqüências catastróficas na historia (cf. também Atos 3,12-18). Pedro faz uma interpretação diferente dizendo que os judeus não tinham consciência do que estavam fazendo, mataram o Messias sem saber quem ele era, e isto aconteceu porque foram instrumento da ação de Deus na historia.



Em Marcos 3,28-29 – Lucas 12,10 Jesus acaba de curar alguém e esta cura é atribuída ao poder do demônio, Jesus vai dizer que não precisam festejar ou aceitar que ele é filho de Deus, mas que festejem pelo homem curado, esta é a ação do Espírito Santo, alegrem-se por ele. Em Mateus 23 Jesus se dirige às multidões dizendo que os escribas e fariseus estão na cadeira de Moisés, eles ensinam o que é verdadeiro, mas eles não praticam o que dizem. Dirige-se aos apóstolos dizendo para não serem como escribas e fariseus, esta afirmação ainda hoje traz problemas de consciência para cristãos e judeus. É necessário estabelecer um diálogo entre judeus e cristãos, pois somos filhos da mesma raiz.



O profeta Oseías também ataca os seus (judeus) pelo fato de não estarem unidos ao Senhor na causa dos pobres (Os 5).

Na interpretação dos textos, tivemos um longo período onde os judeus sofreram por uma leitura fundamentalista dos textos. Tudo isso vai desencadeando o chamado anti-semitismo quee desemboca no “Holocausto” .

Após o holocausto começa-se em todo o mundo uma reflexão contrária sobre o universo judaico e sobre o sofrimento de todo este povo e da responsabilidade cristã nestes acontecimentos.

O documento Nostra Aetatis do Concilio Vaticano II é que marca o novo relacionamento entre cristãos e judeus.

A solução definitiva para o problema esta numa releitura inteligente de todos os textos bíblicos de forma critica, mas sem alterar os textos.

O diálogo se estabelece no conhecimento do outro, no seu contexto, seu meio de vida, contexto que o fez se tronar o que é.



Em Atos 15 vemos a discussão pela necessidade da circuncisão ou não para se tornar cristão. Paulo diz que não precisa, pois já temos Cristo, não precisamos da Lei; só que após ficar decidido não precisar, ele mesmo sai de lá e circuncida Timóteo, que era filho de judia. Paulo não suspende uma lei para impor outra, ele dá a liberdade para seguir ou não. No caso de Timóteo que iria trabalhar entre os judeus, seria um escândalo não ser circuncidado, sendo ele judeu. Já para os advindos do paganismo não seria necessário um fardo a mais para ser carregado.



As discussões do Novo Testamento apresentam uma luta entre dois grupos para provar quem era o verdadeiro judeu (Judeus Fariseus e judeus cristãos).

Em João 5,31-37 o verbo dar testemunho aparece sete vezes, ou seja, é perfeito; no versículo 38 vemos que os judeus cristãos dizem aos judeus fariseus que estes não estudam a Bíblia e que Moisés é o acusador deles; usa-se seis vezes o verbo crer para dizer que a forma com a qual o judeu fariseu crê é imperfeito, temos nesta passagem os judeus cristãos dizendo que os verdadeiros seguidores de Moisés são os cristãos, pois se os judeus entendessem Moisés, veriam que Ele fala de Jesus nas escrituras. O verdadeiro judeu então é o que aceita Jesus.



No período dos Padres da Igreja – Patrologia – os ataques contra os judeus também foram acirrados. No Concilio de Nicéia em 325, por decreto de Constantino, desvinculou-se a data da páscoa dos judeus celebrada em 14 de Nissan da páscoa cristã, que passou a ser celebrada no domingo subseqüente.

São João Crisóstomo (347-407) pregava em suas homilias contra os cristãos que celebravam com os judeus as suas festas, dizendo que eles estavam prestando culto a satanás.

Seus sermões sempre falava contra os judeus, pregando a separação total entre judeus e cristãos.



Santo Agostinho (354-430) é outro grande nome da Igreja, com escritos de estilo fino, vai dizer que não se podem matar os judeus, pois estes têm que existir e vagar por todo o mundo para que todos vejam a sua situação degradável por terem matado Jesus.



São Cirilo de Alexandria (444) ataca os judeus acusando-os de serem autores da morte de Jesus.



Militão de Sardes (190) é o primeiro a acusar os judeus de deicidio (morte de Deus). Neste tempo surge uma visão de que o Novo Testamento plenifica o Antigo Testamento.

O povo de Deus (Israel) não existiria mais, agora o existiria seria o novo Israel (cristãos).

Com tudo isso, o judaísmo se tornou ultrapassado, não existe mais a aliança de Deus com eles, o que existe é a nova aliança com os cristãos. (teologia da substituição).

Esta teologia dura até os dias de hoje, e sob o comando de Hitler a perseguição aos judeus chegou ao que ele chamou de solução final, o extermínio sistemático dos judeus; somente terminada a segunda grande guerra com a queda de Hitler, e após a criação do Estado de Israel em 1948, inicia-se o movimento de regresso do povo judeu a sua terra, da qual estavam afastados dês de 70 d.C.



A Igreja cristã presente em Israel num primeiro momento recusou-se a aceitar este retorno dos judeus, acreditando que estes não existiam mais, e que haviam sido substituídos na historia pelos cristãos, portanto vemos que o problema continua.

Os primeiros cristãos a aceitarem este retorno dos judeus a sua Terra foram os religiosos de Sion, tendo visto seu histórico de diálogo com Eles e seu carisma sionista.



A septuaginta (LXX) Bíblia dos setenta.

Existem duas versões para a criação desta tradução que são as que seguem abaixo:



1ª Bíblia grega, feita para uma comunidade judaica grande em Alexandria, pois já não tinham mais o domínio da língua hebraica.

Alexandria era uma cidade que tinha uma grande biblioteca, a maior de todo aquele tempo, nesta biblioteca não havia o código da Lei dos judeus, assim escreveram a Bíblia dos setenta para poder mantê-la na biblioteca. Esta tradução seria usada na liturgia e teria sido inspirada por Deus a sua tradução.

A carta de Aristen conta o que aconteceu para o surgimento desta bíblia da seguinte forma:

Para fazer a tradução do hebraico ao grego, chamaram setenta sábios de Israel, e, estes foram levados ao Egito e colocados em uma ilha, trabalhando isoladamente em cabanas, cada um deles se debruçou na tradução da Tora, quando terminaram, foram comparar as traduções de cada um, descobrindo que elas eram idênticas, por isso elas foram consideradas obra de Deus, isto aconteceu 300 anos antes de Cristo.

O texto usado para a tradução teria sido o hebraico, mas qual? O original se perdeu. O texto dos setenta foi usado pelos judeus da diáspora que falavam o grego e pelos helenistas. Os cristãos quando começam a surgir usam esta tradução, pois também falavam o grego. Os que escreveram o Novo Testamento olhavam o texto do Antigo Testamento grego e não o hebraico em situações que fazem nos Evangelhos.

Em YAVINE (90) é definido que o judeu não usaria mais a tradução grega e sim a hebraica, definindo qual seria os livros que estariam fixados na Bíblia, mas os textos hebraicos que tinham não continham alguns livros da tradução grega. São eles:

1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiastico, Baruc, Judite e Tobias, totalizando sete livros.

Então será que o texto hebraico que eles tinham no ano noventa era o mesmo que foi usado na tradução dos setenta? Com certeza não.

Estes textos citados ficaram fora da Bíblia hebraica, e foram lidos como não canônicos, os cristãos continuaram usando estes textos da bíblia grega.

São Jeronimo faz a tradução das línguas hebraica e grega para o Latim, a Vulgata.

No séc. XVI Lutero faz uma outra tradução usando os textos hebraicos e abandonando os textos gregos, dando origem a problemática que temos hoje, entre bíblias católicas e protestantes.

Na época de Constantino ele mandou fazer cinqüenta cópias da bíblia e distribuir nas principais cidades do império, estas também se perderam, acredita-se que apenas uma delas sobreviveu e seria a que esta no vaticano.

O mais antigo pergaminho que temos da bíblia é do séc. IV d.C.

Já fragmento, o mais antigo data do séc. II.

Em Quran o único livro encontrado inteiro é do profeta Isaias e, dadta do séc I a.C. e o texto é igual ao que temos em nossa bíblia.



Hoje encontramos Três códices:

Sinaítico – Vaticano – Bezae



Códice sinaítico foi descoberto pelo estudioso das Escrituras Konstantin Tischendorf (1815-1874), no Mosteiro de Santa Catarina, que fica ao pé do monte Sinai. Ele encontrou 129 tiras de pergaminho que continham uma cópia manuscrita da Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento. O incrível é que os pergaminhos, que datam por volta do ano 350, estavam no lixo, a ponto de serem queimados! Como os monges de repente passaram a demonstrar interesse pelos documentos, Tischendorf pôde levar apenas uma amostra. Uma batalha científica e política arrastou-se por quinze anos e rendeu mais duas visitas ao mosteiro. Ele finalmente conseguiu o restante dos pergaminhos (que estavam outra vez perdidos no mosteiro!), mas não foi só isso. A pessoa que os guardava apresentou também a Tischendorf o restante do códice: o Novo Testamento completo em grego coiné! O Códice sinaítico é a maior prova material da fidelidade dos textos bíblicos.



O Códice Vaticano é considerado o mais antigo manuscrito existente. Ele e o Codex Sinaítico são os dois mais da mesma época. Eles foram provavelmente escrito no século IV. O Vaticano foi colocado na Biblioteca do Vaticano em Roma, pelo Papa Nicolau V., em 1448, sendo desconhecida a sua história anterior.

O Códice Vaticano, vulgarmente designado por CODEX B, é um manuscrito grego, o mais importante de todos os manuscritos da Sagrada Escritura. É assim chamado porque pertence à Biblioteca do Vaticano (Códice Vaticano, 1209).

O Códice Vaticano originalmente contém uma cópia completa da Septuaginta, com exceção de 1-4 Macabeus e a Prece de Manassés.

A ordem dos livros do Antigo Testamento é como segue: de Gênesis a 2 Crônicas está na ordem normal, depois aparecem 1 e 2 Esdras, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Jó, Sabedoria, Eclesiástico, Ester, Judite, Tobias, os profetas menores de Oséias a Malaquias, e os profetas maiores Isaías, Jeremias, Baruc, Lamentações, Jeremias, Ezequiel e Daniel.

O Novo Testamento do Codex Vaticanus contém os Evangelhos, Atos, as Epístolas Gerais, as Epístolas de Paulo e Hebreus (até Heb 9:14, καθα [ριει); assim falta I e II Timóteo, Tito, Filemon e o Apocalipse. Estas páginas faltantes foram substituídas por um manuscrito cursivo do século XV (No. 1957).



O Codex Bezae (ou Códice de Beza), também conhecido como Manuscrito 'D', pertence, provavelmente, ao século VI. Recebeu este nome por ter sido descoberto pelo teólogo francês Theodore Beza. É um manuscrito bilíngüe: grego à esquerda e latim à direita, com pouca relação entre os conteúdos grafados em grego e em latim. A versão latina é ocidental e sofreu influências siríacas. Possui somente os quatro evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos. Notam-se várias lacunas textuais, principalmente no evangelho de Lucas; além de algumas adições, no livro de Atos. Atualmente encontra-se na Biblioteca de Cambridge.



Existe também o códice de Alexandria do séc. V.

O Códice Alexandrinus, também conhecido como manuscrito 'A', pertence à primeira metade do século V. Este códice contém a Septuaginta e grande parte do Novo Testamento. Juntamente com o Códice Sinaiticos e com o Códice Vaticano, este é um dos mais completos manuscritos gregos antigos da Bíblia. Este manuscrito recebe o nome de Alexandria, lugar onde se acredita que ele foi originalmente escrito.



Os textos bíblicos não foram escritos imediatamente após os acontecimentos, e sim muitos séculos depois, como lembrar tudo aquilo que aconteceu? Se não lembramos nem o que aconteceu a uma semana atrás? Temos que ler as Escrituras de forma cientifica sem perder a teologia e a fé religiosa.



São Justino (100 d.C) filósofo de Origem pagã, convertido ao cristianismo nascente ainda quando as escrituras estavam sendo redigidas, foi um grande apologista do cristianismo, entre suas obras destaca-se “Diálogo com Trifon”.

Ele fazia uma apologia racional, intelectual em pró do cristianismo usando a linguagem filosófica e dirigindo seus escritos ao imperador e a toda classe dos pensadores de seu tempo, desta forma defendia o cristianismo de acusações que lhe era imputada tal como a de serem os cristãos ateus, por não prestarem culto aos deuses ou ao imperador.

Diálogo com Trifon é a defesa feita por Justino, iniciando um diálogo entre ele e uma figura possivelmente imaginária, um Judeu chamado Trifon, e neste diálogo Justino mostra que os cristãos não são ateus, pois existe uma crença definida em um Deus único que é cultuado através do sacrifício feito por Cristo e entre os cristãos existe uma hierarquia, onde temos as figuras dos supervisores que eram os Bispos, dos anciãos ou presbíteros e os serventes ou diáconos; portanto, o cristianismo é uma religião estruturada com crença e culto definido, não sendo ateus e nem mesmo judeus.

Como podemos perceber em nossas aulas, a relação entre judeus e cristãos foi ao longo da historia cheia de proximidades e separações, onde cada grupo tentou provar ser o verdadeiro seguidor de Moises e das Escrituras, sendo que por motivos históricos, o grupo dos judeus foi quase totalmente dizimado, chegando a sua máxima no conhecido Holocausto, que juntamente com o Concilio Vaticano II tornaram-se um marco na historia, uma mudança de paradigma em relação à perseguição ao povo judeu.

Mas ainda hoje as influencias de uma exegese mal formulada reflete-se no anti-semitismo presente na sociedade atual, embora menor que em períodos passados.



[1]  LE DÉAUT, 1978, p. 20
[2] cf. Ne 8, 1-9.

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