Geralmente nós os cristãos, conhecemos pouca coisa sobre a vida litúrgica de Israel. No entanto as manifestações religiosas israelitas influenciaram de maneira direta a tradição cultural da Igreja nascente e mesmo sua predicação. Se quisermos um exemplo claro, basta evocar o fato que nós os cristãos celebramos páscoa, pentecostes, celebramos os sacramentos. Todas essas celebrações encontram suas raízes na vida litúrgica de Israel. Assim se quisermos, por exemplo; compreender bem o sentido de nossa páscoa, primeiro temos que conhecer bem a páscoa judaica, pois, é justamente a partir dela que a Igreja nascente se inspirou para criar uma teologia da páscoa cristã.
Por isso, é necessário que nossa geração saiba como as pessoas das Escrituras e as pessoas do tempo de Jesus viveram os grandes momentos litúrgicos que os reuniam regularmente a Jerusalém para honrar Deus e confessar sua esperança.
O objetivo deste curso é justamente apresentar de maneira breve e precisa, algumas festas judaicas e ao mesmo tempo mostrar a ligação destas com nossa vida litúrgica cristã.
Porém, antes de aprofundarmos no assunto é importante legitimarmos o nosso estudo segundo ponto de vista eclesial. Eu gostaria de dizer que o que nos permite estudar, enquanto cristãos as festas judaicas e de nos alimentarmos da espiritualidade delas, é justamente a partir do convite que nos faz o documento conciliar ‘Nostra Aetate’ número 4, sobre a religião judaica.
I. O nome “FESTA”
Assim como a semana é intercalada pelo o shabat, considerado como a primeira das festas, no sentido em que ela é um momento de intimidade com Deus, e que ele antecipa mesmo o mundo futuro, assim também o ano é intercalado por solenidades que constituem o memorial das intervenções de Deus na história do seu povo e das suas visitas ao seu povo. Essas festas fazem do ano judaico, um ano religioso.
a) O nome ‘Festa’
No Pentateuco a palavra festa é dita de três formas, há três modos de se dizer festa. Cada uma dessas palavras traz consigo um ensinamento próprio sobre o sentido da festa: moed, miquerah qodesh e hag. מועד, קודש מיקרה, חג.
Moed: Significa encontro. As festa são encontros fixados por Deus, isso prova que esse encontro foi desejado mesmo por Deus. Segundo essa designação as festas devem ser celebradas num período determinado, pois, este é um período privilegiado: “Que os filhos de Israel celebrem a páscoa na data determinada” (Nm 9,2-3). Esse encontro acontece no tempo e em um lugar. Deus encontra seu povo no tempo que ele mesmo fixou e no templo em Jerusalém. A irrupção da divindade num tempo fixo e num lugar nos diz que todo tempo e todo lugar são destinados a serem invadidos pela presença de Deus. Essa universalização deve passar primeiramente por um particularismo, de um tempo celebrado, em um lugar, e por um povo; para depois se estender à todos os povos e a todos os lugares e em todos tempos.
Miqrah qodesh, santa convocação:
A raiz qodesh que exprime a santidade, tem em primeiro lugar um sentido de separação, ele significa que a santidade só pode ser aplicada a algo que é diferenciado, personalizado. Assim a convocação é santa porque ela vem de Deus, o santo, e por que ela é um tempo colocado a parte por Deus e para Deus, um tempo diferente dos dias ordinários.
Hag
A palavra hag lembra a idéia de círculo. Esse termo é aplicado às três festas de peregrinação que se inscrevem no rítimo cíclico da natureza. Celebrando a páscoa, pentecoste e a festa das tendas, o homem assume lucidamente o rítimo da natureza para afirmar a sua ordem. Enfim, essas três denominações das festas nos mostram a parte do homem na organização do ano. Na submissão à vontade de Deus, o homem deve santificar os dias do ano cíclico e respeitar o seu curso natural e circular, com festas que mostram a contínua intervenção de Deus na vida do homem. Esse papel de mediador Israel assumiu no pé do Sinai e ele continua assumindo o até hoje.
b) A divisão das ‘Festas’
Existem dois grupos de festas com valores diferentes:
O primeiro grupo: São as festas principais/ festas de instituição mosaica, as festas citadas pela Torah, portanto, obrigatórias. Estas festas foram instituídas por Móises a pedido mesmo de Deus.
O segundo grupo: são as festas de instituição rabínica, fixadas pelos rabinos para celebrar algum fato histórico e importante para o povo judeu.
As festas de instituição mosaica são as três festas de peregrinação:
- Páscoa; Pentecostes; e a festa das tendas/ depois as festas de outono. Rosh shanah, e o dia do grande perdão, yom kippur.
As festas de instituição rabínica, chamadas festas menores são:
- Festa da dedicação do Templo; Hanukkah; Purim; e a comemoração da destruição do templo, 9 do mês de Av.
C) O Calendário Judaico
O dia para os judeus, como para a maior parte dos nômandes, começava com o pôr do sol, o que fazia com que um dia pudesse começar às 5 horas, 6h ou 4h, dependendo da estação do ano. Uma vez que o sol desaparece, um dia já passou, e um outro começa. A durabilidade do dia é mediada pelo sol. Os meses (hodesh) são às vezes doze ou treze, eles são compostos de 30 ou 29 dias.
Para criar o seu calendário anual Israel se inspira na experiência dos seus vizinhos; Egito e a Mesopotâmia. Eles contavam o dia baseado no movimento da lua. Eles adotavam, pois, um calendário lunar. O ano lunar compreende doze meses de trinta dias ou vinte nove dias cada um, o que faz um total de 354 dias no lugar de 365. Mais tarde pelo século oitavo ou pelo século nono graças ao progresso astronômico se acrescentou um outro mês ao calendário judaico para que ano judaico pudesse corresponder ao ano solar em quantidade de dias. Hoje o calendário judaico tem o ano composto de doze meses lunares com um mês suplementar de 29 dias a cada dois ou três anos.
Eis aqui os o calendário israelita:
1 Nisan março/ abril/ festa: Pascoa
2 Iyar abril / maio
3 Sivan maio/ junho/ festa: pentecoste
4 Tammuz junho/ julho/
5 Ab, Av julho/ agosto/ festa: destruição do Templo
6 Elul agosto/ setembro
7 Tishri setembro/ outumbro/ ano novo, yom kippur
8 Heshwan outubro/ novembro
9 kislev novembro/ desembro/ festa: hanukkah
10 Tevet dezembro/ janeiro
11 Shevete Janeiro/ fevereiro
12 Adar Fevereiro/ março/ festa. Purim
A pascoa, פסח
A páscoa abre o calendário litúrgico de Israel, ela é a primeira festa da primavera. A festa mais citada pelas Escrituras e segundo alguns especialistas ela era considerada entre os judeus do tempo de Jesus como a festa mais importante do ano. Dentre as solenidades citadas nas Escrituras a páscoa é a festa mais conhecida na tradição cristã, isto por causa do papel que ela assumiu nos testemunhos neotestamentários.
1.1 A origem da festa:
A origem da festa é pagã, ela precede a instalação do povo de Israel na terra de canaã, ela está ligada a vida nômade de pastores de rebanhos de cabra e de ovelhas que são obrigados a mudar-se constantemente a procura de pasto para o rebanho. Cada mudança constitui para estes pastores uma verdadeira aventura, pois, eles são obrigados a se aventurar por terrenos desconhecidos que oferecem para eles e para o rebanho todo tipo de perigo. Os pastores tentam então se proteger destes perigos através de rituais de sacrifícios antes de partir para um novo lugar, uma nova pastagem.
Para os nômades a celebração começa ao cair da tarde as vésperas da próxima mudança de lugar. Eles imolam um cordeiro ou um cabrito que os participantes assam sem quebrar nenhum osso e depois comem com pão sem fermento e com ervas amargas. O pão sem fermento seria a comida do beduíno, as ervas amargas serviriam como um tipo de tempero que dá um certo gosto a comida. Eles comiam tudo sem deixar nenhum resto. Durante a refeição eles estavam prontos para partir, com os rins singidos e com as sandálias nos pés. Com o sangue da vítima eles marcavam as entradas das cabanas como um sinal de proteção contra as forças destruidoras. O Sangue protegeria, assim, os animais dos futuros perigos. Mais tarde esse costume é assumido pelos antigos pastores de Israel, ainda quando estes eram seminômades. Para estes, o ritual era feito na primavera e na lua cheia. Eles faziam o mesmo ritual desta vez com o objetivo de proteger suas casas e seus hóspedes dos possíveis males. Resumindo, vários escritores concordam então que a páscoa judaica é teve sua origem no mundo seminômade de Israel, que por sua vez tem suas raízes no mundo nômade pagão.
1.2- A Páscoa no contexto Bíblico
Com os textos bíblicos a páscoa era uma festa nômade ligada a vida dos pastores de rebanhos de ovelhas e de cabras, ela passou a ser historicizada com o livro do Êxodo, nacionalizada com o livro de Deuteronômio e sacralizada com o livro de Levítico. Em outras palavras, esses textos bíblicos fazem da páscoa uma festa histórica, nacional e sagrada para o povo de Israel.
a) Uma festa histórica para o povo de Israel
Em primeiro lugar a páscoa é integrada na história da Salvação. O texto que nos interessa é Êxodo 12, pois, o texto é completo do ponto de vista da informação sobre o evento. Todo capítulo fala sobre a páscoa: (12, 1-20) o texto explica o ritual pascal. Um cordeiro ou um cabrito deve ser imolado, partilhado entre a família ou entre vizinhos, que comem a carne do animal assado com pão sem fermento. O Sangue deve ser jogado nos dois marcos e nas travessas das portas. Esse sangue vai livrar os israelitas do anjo destruidor que vai agir sob o comando de Deus contra os egípcios, mas, poupará os israelitas graças ao sinal do sangue do cordeiro/ (Ex 12, 2). É necessário o dia do evento, essa celebração deve ser feita no princípio do mês; no dia 14 no mês de Nissan, e se os filhos perguntarem aos pais: por que fazemos tais rituais? A resposta é dada no v 27, “este foi o dia em que O senhor livrou o povo de Israel da destruição a qual foram submetidos os egípcios”. Nos vv 41-42 a explicação é completada neste dia O senhor fez o povo de Israel sair da terra do Egito. Com o Êxodo a páscoa torna-se história de Israel. Ele lembra duas passagens, primeiro, Deus que passa sobre as casas dos israelitas para salvá-los da destruição; segundo, ela celebra a passagem do povo da terra do cativeiro para uma terra de liberdade. No texto tudo toma uma conotação histórica, se os hebreus comem às pressas e com sandálias nos pés é por que eles estavam preparados para deixar o país a qualquer momento, se eles comeram pão sem fermento é justamente devido à situação de pressa na qual eles se encontravam. A páscoa celebra assim, o dia em que Deus interveio na história do seu povo para salvá-lo da Escravidão do Egito. Hoje muitos judeus piedosos e simples celebram a páscoa como um evento histórico.
b) Uma festa nacional
Segundo uma informação dada pelo segundo livro dos Reis, 2R23,21-22, houve um período na história do povo de Israel, em que a celebração da Páscoa foi negligenciada por um bom tempo. Esse período seria o período dos juízes. A páscoa volta a ser celebrada sob o governo de Josias. Josias ordena que o povo celebre a páscoa tal qual pede o livro da Aliança. Josias menciona assim, Dt 16, 1-8 que cita a festa como obrigação, segundo o mesmo texto a festa deve ser celebrada uma vez por ano em Jerusalém, e o motivo é o mesmo citada por Ex12,41-42. Deus fez o povo sair da terra do Egito. Dt16 promulga uma espécie de lei com relação a Páscoa, segundo o texto a celebração da páscoa uma vez por ano é uma obrigação. A Páscoa passa a ser, então, uma festa nacional obrigatória a todo o povo de Israel.
2 Uma festa sacralisada
Em Lévitico 23, 5-8 novas prescrições são dadas sobre a festa da Páscoa. O Texto indica o dia da festa, mas, também a hora da imolação da vítima pascal que deve ser oferecido ao crepúsculo no dia 14 do primeiro mês. Mas, o mais interessante é que o texto diz que a festa é uma santa convocação. Aí está o caráter sagrado da festa. Ela é santa porque ela é uma convocação feita por Deus. Deus mesmo convoca seu povo para a celebração da páscoa. O objetivo desta convocação é citada no texto sacerdotal em Ex12,14, “este dia será para vós como um memorial e o celebrareis como uma festa para o Senhor”. Segundo o texto sacerdotal a páscoa é um memorial em honra do senhor lembrando o dia em que Deus salvou o povo da escravidão. O memorial na tradição judaica não significa a lembrança, ou a recordação, de modo passivo de um evento do passado. Memorizar significa atualizar, tornar presente o próprio evento passado. Uma vez tornado presente este evento, ele impulsiona o povo para uma salvação definitiva. A páscoa, festa sagrada, é o sacramento da libertação de Israel, toda vez que ela é celebrada, memorizada ela demonstra o poder libertador de Deus e antecipa o que acontecerá no futuro. O evento diz o que acontecerá no futuro, Deus vai intervir no futuro. A Páscoa comemora então o passado, engaja o presente, quando se celebra a páscoa é como se tivesse acontecido com a própria pessoa. Hoje o senhor me livrou da escravidão do Egito e ao mesmo tempo ele engaja o futuro, amanhã Deus me libertará definitivamente de todas escravidões.
3 A festa da páscoa no Período do segundo templo
A tradição sacerdotal forneceu um quadro firme para a celebração da Páscoa de modo que no período do segundo templo no primeiro século antes de Jesus, a Páscoa reunia uma multidão de gente de todo o país em Jerusalém para celebrar a festa no Templo. Sua liturgia se enriquece ainda de alguns elementos e ela não cessa de suscitar novos comentários e interpretação a seu respeito.
Esta celebração nos é ainda hoje conhecida graça ao tratado da Mishina consagrada a páscoa: Pesahim, mas também atraves de Flavio José que pode nos dizer algo sobre o primeiro século antes de Jesus. O tratado fala sobre a preparação da festa, sobre o sacrificio e a ceia de Páscoa. A Páscoa é celebrada no dia 14 de Nisan, mas o movimento já começava no dia 13 com a preparação para o dia seguinte. As fámilias passavam o dia preparando a casa, procurando produtos fermentados. Nada contendo fermento poderia ficar na casa.
O sacrificio era oferecido no templo no começo da tarde. Por causa do grande número de gente, os fiéis eram divididos em grupos para oferecerem os seus sacrifícios. O sacrificio era feito pelo o pai de fámilia, mas o sangue do animal era recolhido imediatamente pelo o sacerdote que dava ao seu compaheiro para aspergí-lo no altar.
A ceia se passava fora do espaço sagrado do templo, ou em casas de familias. De cada ceia participavam no mínimo dez pessoas, menos não. O que indica que a páscoa conservou o seu aspécto familial e fraterno. Cada um deve comer do alimento tradicional: o pão sem fermento, as ervas amargas, o cordeiro pascal etc e todos deviam beber dos 4 copos de vinhos. Cada um dos copos de vinho é a companhado pelos os cantos, canta se os salmos de halell (sl 113 e 136). Durante a ceremonia as crianças devem perguntar o que que distingue esta noite das outras noites. Os pais respodem por comentários que pode se estender até a meia noite, mas eles não devem esquecer de pronunciar o nome pesah, massah e maror que lembram que esta noite é um dia do memorial da saida do Egito e que convem de louvar a Deus que nos tirou da servidão para a liberdade, da tristeza para a alegria, do luto para a festa e das trevas para a Luz.
a) Filon de Alexandria e o comentário alegórico da Páscoa
Filon, é um fílosofo judeus do primeiro século antes de Jesus, ele morava em Alexandria, num meio helenistico, no entanto ele conhecia bem o rito da Páscoa celebrado em Jerusalem e o seu sentido próprio. Porém Filon tenta acrescentar uma outra dimensão ao sentido da Páscoa. Para ele a páscoa não evoca apenas o êxodo mas ele tem também um significado cósmico e moral.
Filon traduz a palavra pesah por
Filon remarca também que no dia da Páscoa, contrariamente a tradição sacerdotal em vigor a jerusalem, a víctima é sacrificada pelos próprios fiéis . Nos outros dias somente o sacerdote pode sacrificar as victimas.
Filon conclui que no dia da Páscoa todo povo jovens e velhos se revestem da dignidade sacerdotal, todo mundo está em estado de pureza e todas as casas se revestem da dignidade do templo e do esplendor do Santuário porque a Páscoa está sendo celebrada nas casas. Quer dizer que o dia da Páscoa prefigura mesmo o mundo futuro, onde todos se encotrão no grande Santuário, o céu, salvos, puros e na presença de Deus. Nesse sentido podemos dizer que a páscoa antecipa mesmo o que acontecerá no mundo futuro.
4 A significação teológica da festa para os judeus
Nós podemos resumir o significado teólogico da Páscoa através de três termos: Renovação, passagem e libertação.
Renovação: falar de renovação é evocar em primeiro lugar as forças da natureza. A pascoa é celebrada na primavera, período em que a natureza se disperta e manifesta sua vitalidade encontrada na festilidade dos campos e na fecondidade dos animais. A festa coincide assim com a estação que indica o recomeço do circulo natural por isso mesmo esta festa lembra naturalmente o primeiro começo, quer dizer a própria criação do mundo. Neste caso a festa é ligada diretamente a natureza, para Israel não existe contradição entre natureza e história, as duas se completam pois as duas são o teátro mesmo da intervenção de Deus. Deus intervem na natureza e na história do homem com a mesma liberdade. Mesmo se a páscoa é interpretada em função da história bíblica, santa ele não perde o seu contado com o circulo natural do ano. Assim até hoje existem uma oração para o orvalho, essa oração deve ser pronunciada no primeiro dia da semana da Páscoa. Festa da renovação, a pascoa é tambem simbolo do renascimento, ele sugere o triunfo da vida sobre a morte.
Passagem: A páscoa é ainda passagem ela é em primeiro lugar passagem de Deus que salvou e que salva sempre, esta salvação se deu pela passagem de Deus o do seu anjo exterminador que passou sobre a casa dos Israelita e os poupou da morte que atingiu Fáraó e o seu povo(Ex12,13,23,27). A noite pascal provoca uma verdadeira crise, ele equivale a um julgamento. Podemos dizer que quando Deus passa entre os homens ele faz justiça. Os opressores são punidos e os oprimidos são tratatos com justiça. A
Libertação: Para a tradição judáica, a páscoa é em primeiro lugar festa da libertação. A noite pascal é uma noite de libertação que contem o germe de todas as outras libertaçoes, ela é sinal e demonstração de salvação. Por que houve a saida do Egito haverá certamente uma salvação definitiva para todos os povos. Quando Israel celebra a Páscoa ele mostra as noções o que Deus fez indicando assim o o fim da humanidade, isto é a libertação definitiva.
Na Biblia se encontra constantemente a expressão: O nosso Deus nos fez sair do Egito(Ex, 13, 3, 9, 14, 16; 20,2;32,11 etc) A Libertação do Egito significa uma ruptura com relação ao passado e au poder opressor. Para A. Neher, pensandor judeus, a libertação do Egito foi um evento físico, social e político impregnado do religioso, libertação do corpo e da Alma. Assim o pensador judáico mostra que a salvação que Deus oferece ao seu povo não se limita apenas a uma dimensão espiritual mas tambem não se reduz a um episódio de luta de classes. Os dois estão extramamente ligados. A Páscoa se refere á um evento que é de uma só vez, migração de um clã semi-nômade, libertação de um grupo de escravos e ato de Deus em favor dos párias. Portanto a Pascoa é um evento que exprime a salvação completa do homem. A pascoa revela a natureza profunda de Deus, ela mostra que a preocupação primeira de Deus e de libertar os homens dos poderes que os massacram, ela mostra o desígnio de Deus que é redenção do mundo, em fim a Páscoa faz da salvação a primeira e a última palavra do Deus da Bíblia.
5 A Páscoa Judáica e o Novo Testamento
a)Efesios 2, 11-14. O texto tenta resolver o problema abordado no v12, o problema é a situação dos pagãos. Antes de Cristo os pagãos se encontram excluídos da cidadania de Israel, estranhos as alianças da promessa e portanto sem nenhuma esperança e sem Deus no mundo. A situação é realmente grave. Esse problema é resolvido pelo sangue e pela carne de Cristo. Pelo o Sangue (v13 ) e a Carne (v14) de Cristo os pagãos recebem os mesmos status dos judeus, eles passam a ser cidadãos, e a herdar as mesmas promessas que pertencem aos judeus e portanto eles passam a ter o mesmo Deus.
A palavra chave de resolução do problema é a o Sangue e a Carne. Ora foi pelo o Sangue e pela carne do cordeiro que os hebreus foram salvos da exterminação no Egito e puderam passar do Egito para a terra prometida. Após o ritual do Sangue e da Carne do Cordeiro os hebreus reencontra a esperança em Deus recebe a Aliança no Sinai, tudo recomeça depois do ritual do sangue e da carne do cordeiro. Para os pagãos essa passagem de uma vida pagã e sem esperança para uma vida de compromisso com Deus, atravéc de todos os befenefícios dos quais gozam os judeus, se realiza através do Sangue mesmo e da Carne de Cristo. O que são Paulo quer dizer é que Cristo é o Cordeiro pascal que tira a separação entre judeus e pagãos. Pelo o Cristo Cordeiro pascal o muro da separação foi tirado pois os pagãos que antes estavam sem Deus e sem Aliança passam a ter Deus e Aliança.
Passam a gozar do mesmo status dos circuncisos. Com o Cristo os pagãos passam da escravidão do pecado para a liberdade, da tristeza para a alegria e das trevas para as luzes.
b)1Cor 5, 1-8
Nesse segundo texto Paulo diz de maneira mais direta o que ele diz no texto já analisado. No v6 ele diz diretamente que Cristo é nossa Páscoa.
Desta vez Paulo tenta resolver um problema moral na comunidade de Coríntios. Trata se do comportamento indecente dos corintios com relação a sexualidade. No meio dessa completa liberação há mesmo um caso de incesto. Um filho que dorme com a mulher do pai . Esse é o caso preciso que faz Paulo reagir. Para corrigir esse desvio, Paulo vai utilizar do V 6-8 um vocabulário completamente pascal, fermento, massa, ázimo, imolar. Ele lembra através deste vocabulário o passado e o presente dos Corintios. O passado ele compara como um velho fermento do qual os corintios devem se purificar para viver a nova realidade como nova massa, isso porque o Cristo nossa Páscoa foi imolado. Paulo lembra os corintios que pela Páscoa de Cristo eles já estão numa realidade nova, eles obtiveram um novo status e que portanto eles devem se comportar a altura. O Interessante aqui é remarcar que toda essa passagem foi feita pelo cordeira Pascal que é o Cristo. O autor da nova realidade para os corintios que outrora eram simplesmente pagãos. Mais uma vez podemos ver atrás do texto um fundo teológico da tradição da Páscoa judáica.
C) A idéia de Sicaron, memorial pascal esclarece idéia de memorial eucaristico
Entre 1500 acto central do culto cristão se encontra atacado pela reforma protestante, que acusa a Igreja de multiplicar sacrificios, como se o sacrificio de Cristo não fosse necessario para salvação do mundo, eles criticam também a pretenção dos padres se mostrarem um outro Cristo capaz de oferecer sacrificio. Para eles o verdadeiro e unico sacrificio foi consumado pelo Cristo. Diante dessas criticas bem fundmentadas a Igreja no concilio de Trento passa a falar de memorial e de actualização do Sacrificio de Cristo. A Eucaristia é uma memorisão, uma actualização do sacrificio de Cristo.
O problema que aparece é de se reduzir a Eucaristia numa simples lembranca do verdadeiro sacrificio. Os teologos recorreram a noção de Memoria no juadismo, Zicaron para fondamentar o memorial eucarístico.
O Memorial liturgico no juaismo: é um acto cultual no qual se lembra um evento de salvação no passado mas para reviver no presente a graça a força deste evento na espera de uma plenitude definitiva que deve vir. Na Séia pascoal , Israel celebra a saida do Egito para se diexar empregnar pela forca deste evento no presente para poder caminhar em direção de uma salvação definitiva. A maravilha do passado é actualizado no presente e me fortalece na busca de uma salvação definitiva. Estas três dimensões: presente passado e futuro estão presente no memorial eucarístico. Fazei isto em memoria de mim, significa lembrar a morte salvadora de Cristo, viver esta salvação hoje e fortificado caminhar para parusia, para salvação eterna. Actualizado o sacrificio de Cristo o padre torna possivel esta operação. Ele torna actual o acto salvador de cristo presente na Eucaristia, Ele perpetua o unico sacrificio da Cruz. A partir da noção de memorial judaíca a Eucaristia cristã sai de um ritualismo pagã de sacrificio, ela torna se concreta e compreensivel a qualquer fiel.
II A festa das semanas ou Pentecoste
1. Origem e nome
a) A festa de shavuot é uma das três festas de peligrinagem que Deus exige cada ano de seu povo(Ex23,14-17, 34,22; Dt 16,16) Essa festa apesar de ser convocada por Deus é uma das festa que é menos celebrada em Israel. As Escrituras e o Novo testamento falam pouco sobre a festa e nenhum tratado da mishna não lhe foi consagrado especialmente.
Ela é no começo uma festa agrária e de orígem cananeana. É somente próximo a era cristã que ela é colocada em relação com historia Santa. A partir daí ele se torna a festa da Aliança ou da Lei ele passa assim a ser relacionada com os eventos do Sinai. Celebrada na primavera ele é até hoje relacionada com a colheita.
a) nome
Ela é conhecida como a festa das semanas, hag chavuot, assim ela é chamada em Ex 34,22;Dt16,10 ou simplismente Semanas em Nm28,26. Porém um da suas denominações mais antiga é festa de qatsir, qué dizer, festa da recolta (Ex 23, 16) , e Nm28,26 a chama de festa das primicias. Sendo a festa das semanas ela esta ligada com a festa da páscoa no sentido em que ela é celebrada cinquenta dias depois da páscoa. O judaismo helenistico vai chamar esta festa de h penthkosth/ hmera quer dizer Pentecoste, nome que a Igrja vai adotar. O judaismo rabínico, chama esta festa aseret que significa enceramento, por esse termo eles remarcam que esta festa fecha um périodo aberto pela Páscoa. Em fim pode se concluir atraves destas diversidades de nomes que esta festa foi compriendida de vários modos: para uns ela esta ligada antes de tudo as atividades agriculas de Israel , para outros ela está ligada diretamente a páscoa como um tipo de conclusão do perído pascal e para outros ainda ela esta ligada diretamente aos eventos do sinai, a lei dada a Moise.
2.A festa de pentecoste durante o périodo do Primeiro Testamento.
Se analisamos os textos das Escrituras é possível observar que a festa das semanas conservou principalmente sua caracteristica agrária durante todo o périodo do Primeiro Testamento. Ela era relacionada com a colheta do trigo. Trata se de uma manifestação popular e festiva ligada com a piligrinação ao Templos. Os lavradores iam ao Templo para oferecer as primicias das colheitas a Deus(Ex34,22). O tempo da colheita tal qual descreve o a Bíblia parece ser muito importante para o lavrador israelita. Vários textos biblicos falam sobre o tempo da colheita. Gn30,14, Jz15,1, 1Sm6,13; 12,17, Jr5,24 e vários. A colheita era uma ocasião de grande alegria como alias cita o profeta Isaia,<< eles se alegram na tua presença como se alegram os ceifadores na ceifa>>(Is9,2).
Os calendários de Ex 23,16; 34,22 falam da festa apenas como festa da coheita e a ligam com a oferta das primicias. Dt16,9-12 explica um pouco mais a festa. Ela consiste na oblação voluntária feita pelos os ceifadores a medida das bençãos divinias recebidas. A festa se passa em um lugar fixado por Deus, a data é determinada em função do começo da colheita. Ela reune para uma celebração festiva mesmo os mais deserdados dos povos. Em fim Lv23,1-5 liga a festa diretamente com a oferta dos primeiros frutos, Lv23 da festa deve participar todo mundo ricos e pobre, cidadãos e estrangeiros. Um dos ritos exigidos por Lv23 é a oferta a Deus de dois pães fermentados. O pão fermentado é o alimento díario do lavrador, ele indica assim o fim do período inagurado pela páscoa, onde se come o pão sem fermento. Segundo todos esses textos a festa é apenas de caracter agricula. Diante da colheita abundante o ceifador reconhece o papel principal de Deus. A abundancia de frutos é visto como um dom de Deus. Portanto não se pode pensar em colher sem oferecer a Deus o que vem de Deus. Os textos em si não fazem nenhuma ligação da festa das semanas com a história do sálvifica do povo de Israel. No entando há uma evulução na celebração da festa no decorrer da história.
3- A Festa da semanas no primeiro século antes de Cristo
O primeiro problema que os judeus do primeiro século, antes de nossa era, tentam resolver é sobre a data da festa. Eles se baseam no calédário
bíblico de Lv 23 que fixa a festa sete semanas contados depois do dia seguinte do shabat no qual eles ofereceram os primeiros feixes. Para os saduceus este shabat seria o shabat logo depois do dia da páscoas para os fariseus trata se do shabat após o Shabate de Páscoa. Eles impões os seu ponto de vista e a festa das Semanas é celebrada até hoje no dia 16 de Sivan(máio/junio).
No primeiro século antes da era cristã a festa das semanas é ligada a história Santa. Segundo o livro dos jubileus, livro de origem essênica, a festa tem um duplo aspecto: de um lado ela é de uma parte a festa das premícias de acordo com a tradição de Nm 28,26, mas de outro lado ela é a festa da Aliança. Essa festa é celebrada no céu antes mesmo de ser revelada a Noé no dia em que Deus celebrou uma Aliança com ele, quer dizer no dia 15 do terceiro mês. Depois esta festa é neglijada até o tempo de Abrãa que a coloca em vigor quando Deus cela uma Aliança com ele. Abrão proclama a festa como o preceito para sempre. Moises mesmo teria ele celebrado esta festa no dia mesmo em que ele recebeu a lei. Assim Pentecoste é conhecida como a festa da Aliança e como tal ela assegura a sua permanença. A festa não é uma simples lembrança do passado ela exige antes de tudo um engajamento neste sentido pode se dizer que a festa das semanas é uma festa de renovação annual das tres Alianças: a Alianca noética, abraamica e mosáica. Pela celebração da festa o povo de Israel renova e mantem sua
Aliança com Deus.
O judaismo rabínico traz ainda uma outra inovação para a festa. No segundo século da nossa era a festa é ligada diretamente com o dom da thorah a Israel no monte Sinai. No entanto ela conserva o seu aspécto agrário. Rabbi José ben Shalaphta do ano 150 D.C diz que No terceiro mês (Sivan) no sexto dia os dez mandamentos foram dados aos Israelitas. Ele liga a festa diretamente com a recepção da lei. Em 270 D.C Rabi Eleazar Ben Pedath afirma a mesma teoria dizendo que o Pentecoste é o dia em que a Lei foi data ao Povo Israelita. A partir do Século II tornou se normal ler no dia da Festa Ex19. O judaismo rabínico deve apoiar essa tradição que liga a festa de Pentecoste e dom da Torah justamente em Ex19 que situa a chegada dos israelitas ao Pé do Sinai na véspera da revelação dos dez mandamentos, no mês em que se celebra a colheita. Hoje quando os judeus celebram Pentecostes, eles lembram os três modos pelo os quais Deus se faz presente na sua história: Revelação, Aliança e Lei. Celebrando Pentecoste os judeus celebram o Deus da Revelação, Alianca e da Lei e confirma a presença continúa de Deus na sua história do passado, do presente e do futuro.
3. Significação Teologica da Festa
A festa das Semanas, teológicamente, está diretamente ligada com a festa da páscoa. O Evento da Páscoa pede uma continudade, se não a libertação dos hebreus perdem o seu significado, ela deseboca assim no vazio. A Saida do Egito é apenas uma etapa da história da libertação. O evento do Sinai que é celebrado em Pentecoste é o coroamento da iniciativa de Deus com relação a Israel. Com a Pascoa Israel deixa de servir Faró com o dom da Torah em Pentecostes Israel passa a servir livremente Deus. Se Israel saiu do Egito foi em vista de servir em toda dignidade o seu Deus. Do Ponto de vista agrário as duas festa estão também ligadas. As duas celebrações dependem do tempo da colheita, a Pascoa inagura o período da colheita em quanto que Pentecoste encerra.
III A Festa das tendas (sukkot)
1. nome e origem
a) Nome
Essa festa, como Páscoa e Pentecoste, deve sua existência a vida da natureza. Antes de ser chamada de Sukkot, nome que é adodato até hoje, ela é chamada em (Ex 23,16; 34, 22) a festa de asif, (colheita) da raiz asaf que significa reunir, recolher. O termo sukkot é encontrado primeiro em Dt16, 13, ele é traduzido por tentas, mas sua tradução mais próxima seria cabana que se constroe com galhos de arvores, palhas e outras folhas. Essa festa é celebrada no outono apos Iom Kippur. Além de Sukkot, ela é chamada também de festa do Senhor em Jg21,19; Os9,5 e ainda festa em honra do Senhor em Lv23,41, Nm29,12, ou simplismente a festa em (1Rs8, 2, 65; 12, 32)
b) Origem
Sukkot é em primeiro lugar a festa da colheita. Ela está ligada a colheita da uva feita pelos os cananeus no começo do outono. A colheita da uva era para os cananeus uma ocasião de celebrar a divindade que permitiu a vinha de dar bons frutos, em segundo lugar era um momento para eles de festejar junto uma boa safra . Os cananeus construiam cabanas com folhas, elas lhes serviam de habtação que dia lhes protegiam do sol e a noite do sereno. Durante acoheita eles habtavam nessas cabanas para vigiar de perto suas colheitas.
Geralmente a festa era uma ocasião para se beber bastante. A historia dos natáveis de Siquem atacados em plena festa por Abmelec certamente faz referência a festa de sukkot. O livro de juzes diz que os notáveis vindimaram suas vinhas, pisaram suas uvas, promoveram uma festa entraram no templo dos seus deuses e aí beberam, comeram e amaldiçoaram Abimelec. Por sua fez Abmelec aproveita da ocasião para atacá-los(Jz9,25-49).
Essa festa vai ser copiada pelos os Israelitas que aproveitam do momento da colheita de seus produtos de outonos para festajar também o seu Deus. O livro dos Juizes 21,19-23 é uma prova clara de que no começo sukkot era apenas uma festa da colheita, na qual os Israelitas festavam a colheita e celebravam o seu Deus. O livro conta que durante a festa do Senhor, celebrada uma vez por ano em Silo, a tribu de Benjamin que estava conrendo o risco de desaparecer por falta de mulheres, invade a vinha em Silo, onde o povo celebrava festa do senhor e rouba as dançarinas e as tomam como esposa. A festa da qual fala o livro Juizes é justamente a festa de sukkot que no começo era simplismente uma festa agrícula em Israel.
2. A festa das tendas no Périodo veterotestamentário.
No período veterotestamentário a festa guarda o seu caracter agricula mas ela passa pouco a pouco por uma evolução sobre tudo no périodo pós exilíco. Dt16,13-17 munda o nome da festa que ele chama a festa de Sukkot. No entanto ele não dá uma significação diferente. O livro preciasa apenas que a festa tem um aspecto alegre e que todos devem participar, crianças, servidores e estrangeiros. Dt precisa ainda que a festa é feita em honra do Senhor e que ela durará 7 dias no lugar escolhido pelo Deus de Israel. Dt marca assim o caracter peregrinal da festa falando do lugar escolhido, o Templo, todos deveriam assim subir ao Templo para celebrar sukkot.
Mas é Lv23, 33-43 que vai definir a festa de Sukkot tal qual ela é celebrada até hoje em Israel. No v34-36 o outor fixa o dia da festa, ela começa no dia 15 de tishiri, setembro, ele tem um dia suplementar, ela começa e termina por uma santa convocação. O Senhor convoca todo Israel para o encontro. A festa exige sacrificios, no primeiro dia da festa ninguem deve trabalhar.
O V37-41 acrescenta outros aspectos da festa esquecido pelo o v precedente. Ele remarca mais o caracter agricula da festa. Os fíeis devem se munir dos belos frutos das arvores, ramos de palmeiras, galhos de arvores, salsas para a procissão no primeiro dia da solenidade.
O v42-43 chama atenção sobre a apecto ritual da festa, ele dá a festa uma nova significação. Os israelitas são chamados a viver uma semana sob as cabanas com objetivo de lembrar as cabanas nas quais O Senhor fez o seu povo viver quando ele os tirou do Egito v42. A festa é então ligada ao período do deserto onde o povo viveu quando saiu do Egito. Lv 23 liga a festa sukkot diretamente com a história da salvação. É neste sentido que é celebradra hoje a festa de sukkot.
Os livros históricos nos mostram que durante a festa das cabanas vários eventos importantes foram realiados: A dedicação solene do Templo de Salomão acontece no dia de sukkot. É no dia de sukkot que Salomão inaugurou o templo transportando a arca da aliança para o templo, morada fixa do Senhor(1Rs8,2, 65 ,Cr5,2; 7,8).
Depois do sisma, a divisão do reino em dois, Jeroboão consagra um Santuário em Betel no dia de sukkot(1Rs12,32). Do mesmo modo a retomada do culto em jerusalém se dá também no dia de sukkot(Es3,4) Os profetas por sua parte também aproveitam do periodo de Sukkot para falar a massa que se reunia para a festa em Jerusalem. Assim Is proncia no momento da festa de Sukkot a célebre palavra sobre a vinha que, por ter produzido frutos infectos será devastada e abandonada(Is5, 1-7). Isaia aproveito do contexto para bem passar sua messagem contra os tragressores da justiça.
4. Como a festa é celebrada no périodo do segundo Templo próxima a era cristã
Deste périodo nós temos os escritos de Flavio José e de Filon de Alixandria. Flavio José remarca sobre tudo a popularidade da festa e a sua Santidade. Ele remarca que as cabanas seria para proteger o povo dos intemperes da estação e do frío (Ant 13,372, Ant3, 244). Filon reflete um pouco mais sobre a festa. Ele analisa o fato da festa ser celebrada no no outono, sobre os 8 dias remarcando que o oitavo dia é um dia diferente e que ele fecha a festa e também o circulo litúrgico nesse dia os judeus terminam de ler toda a torah e recomeçam com o livro do Gn. Ele estima também que a estadia nas cabanas convida os judeus a pensar nas dificuldades do passado para bem poder avaliar a grandesa dos bens atuais e dar graças a Deus, esperando que Ele continue a proteger seu povo.
Com o tratado da mishinah redigido no primeiro século antes de Cristo nós encontramos um ponto de vista mais tradicional sobre a festa. O tratado diz como a festa deve ser preparada. Todos os judeus devem passar 7 dias na cabanas bem como os servos e o estrangeiro que pela ocasião se encontra em casa de judeus. Morando nas cabanas Israel invoca as cabanas do deserto, mas também ele lembra a presença protedora de Deus no meio deles. Se Os israelitas poderam viver em cabanas no deserto foi por que o senhor estava com ele a fraqueza das cabanas em pleno deserto mostra a força protetora de Deus. Morar em cabanas no dia da festa significa dizer que até hoje, mesmo se Israel mora em casa comum e confortável, a segurança deles vem de Deus e não dos homens. Os Salmos 27,5 e 76,3 fazem uma ligação entre a tenda e a morada de Deus, o Templo em Jerusalem, onde os fiéis encontram socorro. A mesma protenção que Israel encotra no Templo, ele encontrou nas cabanas, onde a presença de Deus os salvou. Deus morou nas tendas com o seu povo na saida do Egito. Morar nas cabanas sigifica também participar da experiencia histórica dos pais e mais ainda entrar em comunhão, de modo particular com Deus e viver na sua presença como no santuário.
Uma outra informação encotrada no tratado da mishinah concerna o ritual da festa, o tratado se basea em Lv23,40. Segundo a mishinah o fiel deve rescolher um limão, dos melhores que ele possa achar, depois preparar um buquê, lulav galhos de salsas, mirra e palmeiras. Munido do limão na mão esquerda e do lulav na direita os fíeis vão ao templo em procissão, entram no templo, eles giram em torno do altar sacudindo os seu ramos ao som do shofar eles rezam o salmo 118. Eles fazem a libação da água, que eles pegavam nas fontes de Siloé e derramava sobre o altar.
Vários significados são dados a estes elementos utilisados em sukot . Os sábios viam no buquê da festa de sukkot a representação do povo Israelita inteiro. Para eles o perfume representava a sabedoria da torah, e o fruto representa a ação. O limão por ser um fruto e ter também um odor delicioso ele representa a elite de Israel iluminada pelo saber, conhecimento da torah enobrecido pelas boas obras. A mirra por ter um odor e não produzir fruto representa as pessoas que são dotadas de um saber mas que se desenteraçam completamente das boas ações. A palmeira que não tem cheiro nenhum mas produz um fruto delicioso simboliza as pessoas que não tem nenhum saber mas se consagram as boas açoes, em fim a salsa, sem perfume e sem fruto representa a grande massa que não tem nem conhecimento e nem zelo pela torah. Juntos eles formam um só povo que no fim dos tempos será salvo por Deus.
5. A teologia da festa
O tema teológico que sai da festa de Sukkot é o tema da confrontação de Israel com o deserto. Nós podemos então considerar a festa das cabanas como um memorial da caminhada de Israel do Egito até a terra de canaã. Assim como a páscoa comemora a noite da libertação, a saída da terra do Egito, a festa das cabanas vai celebrar a caminhada do povo rumo a terra prometida. A noite da saída do Egito é apenas uma etapa, um começo. O povo tem ainda todo um percurso importante a fazer, um percurso durante o qual muitas coisas aconteceram, Israel não poderia deixar de celebrar essa etapa importante da sua história. Sukkot vai assim lembrar a vida de Israel no deserto.
O deserto para o homem do Primeiro Testamento é em si uma região maldita, é um lugar no qual não se encontra nenhuma força vital. Ele é habitado por uma vegetação escaça, e espinhosa, por animais ferozes como o chacal, as víboras a hiéna que constituem uma ameaça a vida do homem. Alem disso o deserto é visto como um local onde habitam os espíritos de morte portanto o deserto é um lugar de morte para aqueles que ai se aventuram. Ao contrário da terra prometida onde corre leite e mel, o deserto é uma espéce de não mundo que as vezes se confunde com o cáos, ou como uma espece de mundo infernal, vazio da presença devina.
A vida de Israel neste universo infernal foi feita de provas e de tentações. Na caminhada do deserto Israel teve a tentação de sentir saudade da vida que levava no Egito, onde a escravidão lhe assegurava o alimento. No deserto, ao contrário, faltava lhe tudo , carne, pão, água, o necessário para viver. Israel tinha na mão apenas sua liberdade mas ele não sabia o que fazer dessa liberdade que lhe propunha como saida apenas a morte no deserto. Israel então reclama contra Deus, se revolta contra Moises e toda caminhada foi feita de múrmurios e reclamações contra Moises e contra Deus. Porém nesse deserto despido de todas as possibilidades, Israel teve que aprender que sua existência dependia somente de Deus. No deserto Israel não podia recorrer a nenhuma outra pessoa. E de etapa em etapa Israel teve que aprender a fazer confiança em Deus e reconhecer que Deus lhe daria todo o necessário para viver. O périodo do deserto é visto assim como um périodo também de preparação, onde Israel aprendeu a se libertar completamente da dependência do Egito, e portanto do homem para fazer confiança apenas em Deus.
Do outro lado o tempo do deserto é um tempo especial porque ele mostra a solicitude de Deus para com Israel que ele tira do Egito. Esse Deus durante a caminhada não para de intervir em favor do seu povo. Ele faz cair o maná do ceu e minar água do rochedo, Ele alimenta o povo de carne lhes dando as cordonizes(Ex16;17 ), Ele protége o povo enviando o seu anjo que se coloca entre os hebreus e os egípicios evitando um confronto entre os dois povos. Ele mesmo guia o povo quando Moises pergunta quem mandarás comigo para fazer o povo subir?(Ex14,19ss). Em fim se lemos o livro do Êxodo percebemos que durante a travessia do deserto Deus caminhou do começo ao fim com o seu povo.
Assim o período do deserto é um período caracterizado pela presença de Deus no meio do seu povo. É um período de intimidade profunda entre Israel e o seu Deus. Uma intimidade que é vivida no amor na confiança mas também nos murmúrios, nas reclamações e na incredibilidade. Nós podemos dizer que a relação entre Deus e Israel e no deserto é uma relação totalmente familial, na família, o amor e o desencanto, a confiança e desconfiança sempre caminham juntos porém quando o casamento dura até o fim é porque o amor e a confiança prevaleceram sobre o resto. Os profetas Jeremias e Oséias olham o tempo do deserto como o tempo do noivado entre Deus e Israel, o começo de uma história de amor que será terminada com o casamento definitivo, a Aliança. Oséias é o primeiro a dizer que Deus escolheu e amou o seu povo no deserto(Os9,10;13,4, Jr2,2). Nessa perspectiva o deserto se faz lugar de encontro e de descoberta mútua.
Hoje quando Israel volta as cabanas ele memoriza todo esse passado. Ele torna presente esta história de amor. Voltar as cabanas é tentar viver, no deserto da vida moderna, uma intimidade com Deus, é reaprender que até hoje a existência de Israel e a sua segurança depende diretamente de Deus. Morando uma semana em cabanas Israel faz do tempo do deserto o tempo do presente que continua cheio de armadilhas mas também pleno da graça e da presença de Deus.
<< O nosso comportamento é bem diferente do comportamento dos outros homens. Em geral o homem se sente em segurança na sua casa ao abrigo dos intempéres e protegido dos banditos e sua confiança é menos grande quando ele não se encontra mais sob esta proteção. Nós os judeus , ao contrário, somos inseguro durante todo o ano em nossas casas, mas chega a festa de sukkot e nós deixamos nossas casas para morar nas frágeis cabanas e eis que nossos corações se enchem de alegria e de confiança no Senhor. Nós não somos ao abrigo de um telhado mas sobre a proteção do Eterno que guarda sua fidelidade. Nenhum temor não habita mais o nosso coração. Nós sabemos que a única esperança para Israel é de se colocar sob a proteção de seu Deus e Rei que criou o mundo>> .
Yom Kippur
Esta festa é celebrada no dia 1o de Tisheri, quer dizer no dia 10 de setembro. Ela parece ser atualmente a festa mais importante de Israel. Os rabinos a define as vezes, simplimente como <
Esta festa está diretamente relacionada com o primeiro dia do ano novo, rosh shanah. Primeiro numericamente, ela deve ser celebrada no dia dez de Tishiri, depois da celebração do ano Novo. Apatir do dia primeiro do ano começa o processo de julgamento do povo de Israel por Deus. No dia premeiro Deus julga apenas os de ótimas virtudes e os de péssimas virtudes, os outros teriam dez dias para fazer penitência e se arrepender dos pecados e no dia 10 Deus faz o julgamento de todos.
A festa tal qual apresenta a Bíblia não era conhecida antes do exilio. Os textos bíblicos que falam da festa são textos escritos após o exílio. Porém esta festa não é uma criação absluta da época pós exílica. Ela parece ser um trabalho de reflexão do meio sacerdotal que combina dados antigos com novas perspectivas como a restauração do Templo. O fato é que após o exílio a festa se impõe facilmente, reunindo multidões em Jerusalem. A festa tem como objetivo, viver em harmonia com Deus, apesar das faltas do ser homem. Kippur possibilita ao homem um retorno ao seu Deus. No segundo século antes de Cristo a festa toma uma significação decisiva e até hoje apesar da destruição do Templo, a festa guarda sua expressão e se tornou a festa mais marcante de todas as solenidades judáicas.
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