2009 Ano Catequético Nacional
Apresentação:
A Igreja ao celebrar 50 anos do primeiro Ano Catequético (1959), quer dar continuidade e dinamismo ao movimento catequético e fazer com que todas as Dioceses, Paróquias e comunidades sejam de fato comunidades catequizadoras, cuja centralidade é a formação para o discipulado.
O Ano Catequético é para toda a Igreja, não quer ser um evento isolado, se insere no processo de recepção do Documento de Aparecida, nas novas Diretrizes da Igreja no Brasil DGAE (2008-2011); no Sínodo sobre a Palavra; no 12° Intereclesial de Cebs e Campanha da Fraternidade. Enfim, quer impulsionar e dinamizar toda a caminhada pastoral da Igreja: Dioceses, Prelazias, Paróquias, comunidades, pastorais e movimentos. Diante disso, os Bispos, os Párocos, primeiros responsáveis pela catequese, juntamente com os agentes de pastorais leigos, de modo especial, os catequistas, são conclamados a dinamizar as atividades propostas para este evento, ao longo do ano e que terá seu ponto alto com a realização da 3ª Semana Brasileira de Catequese. (07 a 11 outubro 2009 em Indaiatuba, SP)
Introdução:
O ano catequético Nacional tem por tema: Catequese, caminho para o discipulado e, por lema: “Nosso coração arde quando ele fala, explica as Escrituras e parte o pão” (cf. Lc 24,32-35). Ler.
O texto aponta para a dimensão da experiência do encontro com Jesus Cristo, no caminho, na Palavra e na Eucaristia.
Os discípulos, ao realizarem uma experiência nova, o encontro com o ressuscitado, voltaram pelo mesmo caminho, mas com um horizonte diferente, um novo horizonte, tanto para a vida como para a missão.
O encontro com o ressuscitado transforma o medo em coragem; a fuga em empolgação; o retorno em nova iniciativa; o egoísmo em partilha e compromisso até a entrega da vida. O texto de Lucas é proposta de comunhão, de comunidade, de missão e de entrega até o fim.
Foi a partir da mudança provocada pelo encontro, que os discípulos assumiram o compromisso da partilha, da missão, da evangelização, do anuncio, da construção das comunidades.
Os objetivos do Ano Catequético Nacional
O ano catequético quer ser um despertar de todos os cristãos para a importância do aprofundamento e do amadurecimento na fé, vivida no seio de uma comunidade, empenhada em irradiar a vida em Cristo para toda a sociedade. A catequese, é caminho de encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que é capaz de mudar nossa vida, levar ao engajamento na comunidade eclesial e ao compromisso missionário.
Objetivo Geral:
O objetivo do ano catequético se expressa da seguinte forma: Dar novo impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado. A busca de novo impulso à catequese, levando à consciência de que a catequese é uma dimensão de toda ação evangelizadora. Uma ação eclesial só é evangelizadora se também catequiza. Catequese não é portanto uma ação restrita aos ministros da catequese, mas é de todo cristão. Com isso há necessidade de recuperar a concepção de catequese como processo permanente de educação da fé e não somente preparação aos sacramentos ou destinada somente às crianças.
Objetivos específicos:
* Intensificar a formação catequética dos catequistas, dos agentes de pastoral, dos religiosos e dos ministros ordenados
* Incentivar a instituição do Ministério de Catequista
* Impulsionar o estudo das Sagradas Escrituras
* Acentuar o Primado da Palavra de Deus na vida da Igreja
* Cultivar a dimensão litúrgica da catequese
* Estimular a dimensão catequética nas comunidades na perspectiva da pastoral de conjunto
* Dar a devida ênfase a catequese com adultos, com jovens e junto às pessoas com deficiência
* Incentivar na catequese a inspiração catecumenal
* Estimular a implementação da disciplina Catequética nos cursos de teologia
* Intensificar a dimensão missionária da catequese por meio da espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo
* Educar para a vivencia de uma fé comprometida com as urgentes mudanças da nossa sociedade, tendo presente o princípio da interação vida e fé
* Favorecer na catequese a abertura ao outro, à realidade, ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso.
Este subsídio para o grande mutirão catequético está centrado na iniciação à vida cristã, no discipulado missionário, à luz do itinerário dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Está organizado em três partes, seguindo o método ver-julgar-agir, resgatado e valorizado no Documento de Aparecida (DAp 19) e presente também no Diretório Nacional de Catequese (DNC 157).
A primeira parte traz presente o ENCONTRO com o ressuscitado: “Aprender, caminhando com o Mestre”;
A segunda parte tem como fundamento a PALAVRA DO RESSUSCITADO: “Aprender ouvindo o Mestre”;
E a terceira parte enfatiza a MISSÃO: “Aprender, agindo com o Mestre”.
PRIMEIRA PARTE - O ENCONTRO:
Aprender caminhando com o Mestre: Jesus de aproxima e escuta
(“Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que vendados, incapazes de reconhecê-lo”).( Lc 24,15-16)
O ato de caminhar indica o desenvolvimento da história da salvação.
Abraão e Sara saem de Ur e constroem um caminho até a terra prometida por Deus.
Moisés se liberta e peregrina durante 40 anos pelo deserto para volta a terra prometida. Ex 15-20
O êxodo é uma grande caminhada de libertação e de aprendizado, (Ex 3,18). Neste caminhar peregrino ele aprende a perceber o projeto de Deus e a fidelidade à aliança com o Deus único, selada no Sinai. O exílio, todavia, revela uma caminhada de sofrimento, esperança e conversão. Neste processo de ida e volta, aprofunda a compreensão do Deus Criador universal (Is 62,10).
A idéia de caminho indica o método de comunicação que Deus utiliza para a revelação que se dá através da história do povo que ele escolheu para si (Ex 3,7-15).
A evangelização e a catequese se processam numa interação permanente em que os evangelizadores, catequistas e catequizandos crescem e aprendem durante a vida inteira.
As dificuldades da vida fazem parte do caminho, quando se caminha com esperança, as pedras do caminho não são tropeços de caminhada porque a luz do horizonte é maior, mais ampla e ajuda a ultrapassar as pedras.
Jesus é modelo de caminhante. Ele era um pregador itinerante, que evangelizava pelos caminhos da sua terra.
As primeiras comunidades eram formadas a partir de discípulos e discípulas que caminhavam de uma cidade a outra, espalhando a Boa Nova do Reino de Deus, e os primeiros cristãos se consideravam seguidores do caminho (At. 9,2; 18,25-26). Estar no caminho era assumir a proposta de Jesus.
Esse caminhar pode ser ocasião para um encontro transformador, de uma nova experiência, de mudança de mentalidade. Quanta gente desanima e desiste de lutar diante das dificuldades da vida. A pessoa se fecha, abandona a comunidade, fica isolada, morre em si.
Evangelizar é, antes de tudo, não ignorar
No caminho de Emaús, Jesus ouve as dúvidas e os questionamentos dos dois caminhantes. Muitas vezes no processo de evangelização e, sobretudo na catequese, damos respostas sem ouvir as perguntas.
Evangelização e catequese são estradas de mão dupla, num diálogo permanente e indispensável, tanto para criar laços como para indicar os procedimentos pedagógicos mais adequados.
As respostas dependem das perguntas
As crianças, os jovens e os adultos carregam dentro de si inquietudes, questionamentos e dúvidas... A pessoa a ser evangelizada necessita de alguém que caminhe com ela, que se aproxime para conhecê-la, que se dê a conhecer, a escute e a oriente na experiência comunitária da fé (cf. At 18,24-28).
A comunidade precisa estar a caminho, ouvindo, estudando, criando novas opções, avaliando e planejando de modo participativo.
Discipulado não é ponto de chegada, mas processo: a primeira comunhão não pode ser a última.
Ser discípulo é dom destinado a crescer (DA 291)
Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva (DA243).
Um dos discípulos não tem nome
No relato de Lucas dos Discípulos de Emaús, um deles tem nome – Cléofas; do outro não consta nome, é um anônimo (cf. Lc 24,17-18). Não é por acaso. Jesus vem ao encontro não somente dos reconhecidos, mas, sobretudo, dos desconhecidos, dos excluídos, dos esquecidos, dos insignificantes.
Em nossa sociedade, os sem-nomes são milhões. São anônimos, ignorados em sua dignidade de pessoa e em seus direitos. Contam quando são consumidores. O Documento de Aparecida chama atenção para os novos rostos da pobreza, o surgimento do pobre como insignificante. Em um mundo globalizado, os excluídos não são somente explorados, mas supérfluos e descartáveis (cf. DA 65). Ex: povo de rua – migrantes – enfermos – dependentes de drogas - presidiários
Os sem-nomes, os insignificantes, os esquecidos podem estar também dentro da Igreja.
Muitas vezes formada por comunidades massivas, de gente no anonimato eclesial, sem acolhida, sem resposta a seus problemas, sem espaço para exercer um ministério para sentir-se co-responsável na comunidade.
Muitos infelizmente, deixam a Igreja para serem acolhidos, escutados e tomados em conta em outros grupos religiosos.
Jesus nos ajuda a abrir os olhos para nossa realidade, condição para superar o desânimo, reconhecer os insignificantes e para retomar o caminho.
SEGUNDA PARTE – A PALAVRA:
Aprender Ouvindo o Mestre: Ele nos revela as escrituras
“Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” (cf. Lc 24,17-24).
Nesta segunda parte, somos convocados a aprender o que o Mestre tem a nos dizer, através das Escrituras, para compreender e iluminar o chamado ao discipulado e à missão.
Muitas vezes, as pessoas estão com problemas e ficam perplexas quando a ação pastoral não lhes toca o coração e não ajuda a superar os desencantos. Ouvir os motivos do medo, desencanto e sofrimento que assombram as pessoas faz parte do acolhimento indispensável no processo catequético e evangelizador.
Jesus é a resposta de Deus para todos os problemas humanos: nele Deus revela o ser humano ao próprio ser humano, pois “o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado” (GS22). Ser discípulo é acolher Jesus Cristo como essa revelação amorosa do Pai.
A ação evangelizadora da Igreja “deve ser resposta consciente e eficaz para atender as exigências do mundo de hoje com indicações programáticas concretas, objetivos e métodos de trabalho, formação e valorização dos agentes e a procura dos meios necessários que permitam que o anúncio de Cristo chegue às pessoas, modele as comunidades e incida profundamente na sociedade e na cultura mediante o testemunho dos valores evangélicos” (DA371).
Jesus, depois de caminhar, escuta e pergunta para permitir que se expressassem e, assim, revelassem o que traziam no coração os discípulos, começa a fazer sua catequese. (Lc 24,27)
Uma comunidade que assume a iniciação cristã renova sua vida comunitária e desperta seu caráter missionário (DA 291). A caminhada feita por Jesus com os discípulos de Emaús é um modelo da verdadeira iniciação cristã em seu núcleo essencial; de fato, trata-se de um encontro vital com o Senhor, a audição e compreensão de sua palavra, adesão e celebração.
Os Atos dos Apóstolos narram o encontro de Filipe com o Etíope que lia, sem entender, o livro de Isaías. Filipe pergunta: Tu compreendes o que estás lendo? Ele responde com outra pergunta: Como poderia, se ninguém me orienta? (cf. At 8,30-31). Daí a importância dos animadores das comunidades e dos catequistas terem uma iniciação às Escrituras e uma intimidade orante com a Palavra, para ajudar às pessoas, os catequizandos, as comunidades, os círculos bíblicos, a despertarem o gosto pela leitura bíblica e a sua aplicação na vida diária.
É importante para a evangelização, a catequese, as pastorais e movimentos eclesiais aprofundar o sentido do Mistério Pascal, que se celebra na liturgia do domingo, sem esquecer o valor humano dessa pausa semanal, marcada pela alegria de participar como povo de Deus na comunidade cristã. É impossível sentir-se discípulo missionário de Jesus Cristo longe da comunidade.
TERCEIRA PARTE - A MISSÃO
Agindo com o Mestre: Ao partir o pão, eles o reconheceram e retornaram ao caminho
É com ardor renovado pela presença e proximidade com o Ressuscitado que os olhos se abrem, o coração se aquece. Agora o novo ardor se espalha. Sai do coração e chega à mente, à consciência e move os pés dos que saem para evangelizar (cf. Is 52,7; Na 2,1). Eles compreendem e interpretam o caminho percorrido. Essa tomada de consciência, interpretando o próprio itinerário, é fundamental no processo evangelizador.
Os discípulos, ao reconhecerem Jesus, retomam o caminho para Jerusalém. Há um novo olhar, uma nova motivação, uma luz no horizonte.
A exemplo dos Discípulos de Emaús, também temos necessidade desta experiência de re-encantamento na fé, que nos anime e que envolva as pessoas com as quais convivemos. A rotina pastoral, catequética e celebrativa, em lugar de atrair, às vezes podem afastar as pessoas. O documento de Aparecida diz que “nenhuma comunidade deve isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas, que já não favoreçam a transmissão da fé” (DA 365). São necessários criatividade e entusiasmo dos evangelizadores e da própria vida da comunidade, pois “a conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” (DA 370).
O caminho do discipulado é sustentado por uma mística e uma espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo no encontro com o irmão, especialmente os mais pobres, no compromisso com a comunidade, no empenho em favor da justiça e da solidariedade (cf. DA 243).
A espiritualidade dá um sentido à missão, mas ela precisa ser alimentada pela leitura orante da Bíblia, pela oração pessoal e comunitária e pela vida sacramental.
O encontro de Jesus com os discípulos de Emaús se deu num clima de diálogo e comunhão fraterna. Explicar as Escrituras e partir o pão os fizeram retomar o caminho de volta para Jerusalém com nova disposição e vida. Os discípulos voltam à comunidade com um novo olhar. Refazem o caminho, agora com espírito novo, com melhor compreensão da missão.
Ser evangelizador, ser catequista, animador de comunidade, de pastorais e movimentos é ser discípulo missionário e partilhar a fé que modificou a própria vida; é orientar o mundo no rumo do Reino de Deus.
A catequese evangelizadora ajuda a formar discípulos (cf. DNC 34), ensina a ser Igreja, fortalece a comunidade, leva a assumir os diversos ministérios e serviços e educa para a ação sócio-transformadora.
No conjunto da evangelização, a catequese corresponde ao momento em que o cristão, após aceitar e se unir ao Senhor, se esforça por melhor conhecer Jesus Cristo, ao qual se entregou; conhecer a sua mensagem evangélica e os caminhos que ele traçou para aqueles que o querem seguir.
O ano catequético nacional quer ser uma motivação de toda a Igreja na valorização da catequese na vida cristã, uma vez que é um ato essencialmente eclesial (cf. DNC 233).
Diz o Diretório Nacional de Catequese que “o fruto da evangelização e da catequese é fazer discípulos, acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. O discipulado, como aprofundamento do seguimento, implica renúncia a tudo que se opõe ao projeto de Deus” (DNC 34).
Um dos eixos temáticos do Diretório Nacional de Catequese e do Documento de Aparecida é a formação para o discipulado (cf. DNC 34; DA 276-285). Fazer discípulos é porem, um processo dinâmico, pois o discipulado requer um tempo de aprendizagem, que inclua uma experiência concreta de adesão a Jesus, seguimento, inserção na comunidade, partilha das alegrias, dores e esperanças, enfim, busca e acolhida de novos discípulos e compromisso missionário (cf. Jo 10,7-10; Mt 28,19-20). Qualquer iniciativa da Igreja deve se pautar por esta proposta: FORMAR DISCIPULOS MISSIONÁRIOS, em cujo processo, a catequese tem um papel predominante.
Pistas de ação para o ano catequético
Conectar-se com a mensagem revelada, atualizar o acontecimento salvífico e inculturar a fé, não é somente tarefa de uma equipe através de um serviço especifico, mas de toda a comunidade eclesial. O sujeito da animação bíblico-catequética é toda a comunidade, em tudo o que ela é e realiza na fé (cf. DNC 319-320).
A Bíblia como fonte da catequese
As Escrituras ocupam lugar primeiro nas diversas formas do Ministério da Palavra, não só na pregação, mas também na Catequese. Assim, a fonte primeira da Catequese é a Bíblia, constituindo-se em seu ponto de partida, fundamento e norma (cf. DNC 106). Por isso, na Catequese, mais importante do que falar da Bíblia é propiciar as condições para que os próprios catequizandos ou a comunidade eclesial como um todo, pouco a pouco, aprendam a entrar em contato direto com o texto das Escrituras, a partir da fé.
Há, sem duvida, todo o trabalho pedagógico de capacitação de critérios para a interpretação da Bíblia, que implica no conhecimento de critérios de leitura, dinâmicas e técnicas de interpretação. É fundamental que os roteiros de catequese sejam bíblicos na temática, na espiritualidade, nos conceitos e no vocabulário (cf. DNC 109-110).
A leitura da Bíblia como tarefa eclesial
A Bíblia, como Palavra revelada, se deu na vida e na caminhada de um povo. Conseqüentemente, a leitura da Bíblia é uma tarefa, não individual, mas eclesial (cf. 2 Pd 1,20), pois se trata de lê-la no mesmo Espírito que a inspirou e a codificou, ou seja, na fé de um povo e no discernimento comunitário da comunicação de Deus na vida (cf. XII Sínodo dos Bispos, Lineamenta, 8). Como dizia Santo Agostinho, antes do “livro da Bíblia”, Deus se revelou e continua se revelando no “livro da vida”. Primeiro vem a revelação de Deus no “livro da vida”, depois nos é dado o “livro da Bíblia”, para decodificar a revelação do “livro da vida”.
A diversidade de funções da palavra
A riqueza da Palavra Revelada não se esgota numa única função. Elas são diversas:
a) Lugar privilegiado das Escrituras é a liturgia. Uma espiritualidade eclesial pressupõe uma espiritualidade bíblica, fruto da Palavra que se faz oração, meditação, contemplação, celebração e ação. É na liturgia que o ideário da Revelação de Deus se torna mais concreto e pleno, pois é na celebração, no simbolismo do rito, que a fé antecipa aquilo que ela espera.
b) As Escrituras são igualmente norma de vida para o cristão: “lâmpada para meus passos é tua palavra e luz no meu caminho” (Sl 119, 105). As Escrituras iluminam a conduta pessoal, pois a fé cristã, mais do que um modo de pensar e de ver o mundo, é um modo de ser e de agir.
c) A Palavra tem também e, sobretudo, uma função comunitária e social. Sua leitura e meditação autênticas levam à adesão ao sacramento da comunidade, espaço da vivência de uma Palavra que se fez carne em Jesus, cujos irmãos são expressão de seu próprio rosto na história (cf. DNC 51-52). Cremos com os outros e naquilo que os outros, como Igreja, crêem.
d) Finalmente, a Palavra tem uma função pedagógica, enquanto “caminho para o Deus verdadeiro” (cf. DV 13), que se revela com uma pedagogia apropriada à condição humana e vai educando e levando à plenitude da intimidade com ele. A função da Palavra não é simplesmente “informar” ou veicular um conjunto de verdades. Ela é interpeladora, enquanto suscita uma resposta concreta, frente aos acontecimentos da vida (cf. XII Sínodo dos Bispos, Lineamenta,27; DNC 53e).
Alguns desafios:
· Inserir a catequese na Pastoral de conjunto, fazendo dela uma dimensão da ação evangelizadora como um todo, é certamente o primeiro grande desafio para o Ano Catequético Nacional.
· A necessidade, na animação bíblico-catequética da comunidade eclesial, de se levar em conta alguns princípios de acordo com a pedagogia evangélica.
· A necessidade de realizar outras ações, que levem a uma catequese contextualizada, na situação em que se encontram cada comunidade eclesial.
Para simplificar, as possíveis ações estão agrupadas em torno aos três ministérios da vida cristã: o ministério da Palavra, o ministério da Liturgia e o ministério da Caridade.
· Ações relacionadas ao Ministério da Palavra (DGAE 61- 66)
Levando em conta que “encontramos Jesus na Sagrada Escritura, lida na Igreja” (DA 247) e que os fiéis tem sensibilidade e interesse pela Palavra de Deus, propõe-se:
a) “Educar o povo na leitura e na meditação da Palavra” (DA 247), promovendo encontros e cursos de formação bíblica, no estilo catequético, visando que os discípulos missionários cheguem a maturidade.
b) Oferecer, aos fiéis leigos, oportunidades de formação bíblica e teológica.
c) Promover em todas as dioceses e prelazias o serviço de animação Bíblica da Pastoral, em um serviço que seja como escola de interpretação ou conhecimento da Palavra.
d) Privilegiar a Palavra de Deus como fonte, inspiração, fundamentação de todos os nossos projetos e ações pastorais.
e) Valorizar os textos bíblicos nas homilias durante as celebrações eucarísticas.
f) Divulgar, ensinar, educar e praticar a lectio divina ou exercício da leitura orante da Palavra de Deus.
· Iniciação cristã e catequese permanente
Dada a necessidade de uma aprendizagem gradual e sistemática no conhecimento, no amor e no seguimento a Jesus Cristo, propõe-se:
a) Assumir, na comunidade eclesial, a iniciação cristã, buscando renovar a vida comunitária, despertando para a ação, compromisso missionário e sócio transformador.
b) Motivar as comunidades para que o processo catequético de formação, adotado pela Igreja para a iniciação cristã, seja assumido por todos.
c) Investir na implementação da catequese de inspiração catecumenal, apresentando um itinerário catequético permanente (cf. DA 298).
d) Motivar os adultos para a vivencia da fé em comunidade, para que ela seja lugar de acolhida e de ajuda (cf. DGC 182c).
e) Criar condições na ação evangelizadora para que possa desenvolver uma catequese que fale ao coração dos adultos.
f) Organizar meios e serviços, sobretudo paroquiais, para oferecer formação diferenciada aos adultos praticantes, aos batizados não praticantes ou afastados e aos convertidos que pedem o Batismo. Nisto está a riqueza do processo catecumenal, proposto pelo Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA).
g) Educar para o diálogo ecumênico e inter-religioso, como instrumento para a busca da unidade cristã.
· Formação para o discipulado
Levando em conta que o discipulado e a formação do discípulo missionário constituem importante eixo e objetivo do ano Catequético Nacional, propõe-se:
a) Fazer “clara e decidida opção pela formação dos membros de nossas comunidades” (DA 276), criando condições e oportunidades de percorrerem todos os aspectos e passos do discipulado.
b) Promover a formação de animadores pastorais, sobretudo de catequistas, nos vários níveis no seio de nossas paróquias e comunidades (cf. DNC 291-292)
c) Organizar equipes ou comunidades de formadores de agentes de pastoral e de coordenadores para partilhar conhecimento e garantir a formação permanente.
d) Incentivar a instituição do Ministério de Catequista.
· Ações relacionadas ao Ministério da Liturgia (DGAE 67-80)
Levando em conta que a Liturgia é momento celebrativo da fé, “cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força” (SC 10), propõe-se:
a) Promover, com ênfase nas celebrações eucarísticas, o caráter de ação de graças e louvor, de glorificação do Pai, por Cristo na unidade do Espírito Santo e de tríplice comunhão: com os irmãos e irmãs, com a Palavra e com o corpo e sangue de Cristo.
b) Destacar na liturgia, sua dimensão educativa permanente da fé, sobretudo, através da celebração com seus ritos, sinais e símbolos como ações que fazem parte do processo evangelizador fundamental de iniciar eficazmente os catecúmenos e catequizandos na liturgia (catequese mistagógica)
c) Valorizar e promover a aplicação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), não só no seu aspecto litúrgico, mas também como referencial de itinerário para a formação de adultos.
· Família (DGAE 128-136)
Vincular, de modo especial, a catequese à família, pois os pais são os primeiros catequistas de seus filhos e a catequese tem a missão de cooperar com eles, por meio da catequese com adultos, para que busquem e atinjam a maturidade em Cristo, o engajamento na comunidade eclesial e o compromisso missionário (cf. DA 302-303; DNC 181; 296-300)
Metodologia de ação:
Considerando que a mensagem a ser anunciada precisa encontrar uma maneira adequada para ser transmitida, propõe-se:
a) Fazer acontecer, na ação evangelizadora, o modo de proceder de Jesus, modelo de toda metodologia: acolhimento, criatividade, atenção aos necessitados, linguagem acessível, relações solidárias, ações de caridade solidária e coerência de atitudes (cf. DNC 140 e 141).
b) Garantir o emprego e a aplicação do principio metodológico de interação fé e vida (cf. DNC 152).
c) Promover no trabalho pastoral, a cooperação, co-responsabilidade e trabalho em equipe
d) Promover oficinas de textos e instrumentos didáticos para as pastorais e a catequese
No encontro com o Mestre, aprendemos a ser discípulos missionários na escuta da Palavra, na celebração e na missão. E a exemplo dos discípulos de Emaús e como Igreja missionária, clamamos: fica conosco Senhor.
Oração para o Ano Catequético
Senhor,
como os discípulos de Emaús, somos peregrinos.
Vem caminhar conosco!
Dá-nos teu Espírito, para que façamos da catequese
caminho para o discipulado.
Transforma nossa Igreja em comunidades orantes e acolhedoras,
testemunhas de fé, de esperança e caridade.
Abre nossos olhos para reconhecer-te
nas situações em que a vida está ameaçada.
Aquece nosso coração, para que sintamos sempre a tua presença.
Abre nossos ouvidos para escutar a tua Palavra,
fonte de vida e missão.
Ensina-nos a partilhar e comungar do Pão,
alimento para a caminhada.
Permanece conosco!
Faz de nós discípulos missionários,
a exemplo de Maria, a discípula fiel,
sendo testemunhas da tua Ressurreição.
Tu que és o Caminho para o Pai. Amém!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Ano Catequético Nacional
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