Falar da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, é entrar numa grande história de amor de Deus para com toda a humanidade é entrarmos na sua intimidade, compreendermos o alcance da Sua entrega oblativa na Cruz para a salvação de todos.
No alto da Cruz, com o coração aberto pela lança do soldado, Jesus é verdadeiramente imagem do amor que se entregou até ao fim. Esta entrega não é sinal de derrota, ela é uma entrega vitoriosa.
No episódio da Cruz, com o coração trespassado, está assim cumprida a Sua obediência ao Pai, no seguimento de tudo aquilo que foi a Sua vida pública: “O Meu alimento é fazer a vontade daquele que Me enviou e consumar a Sua obra” (Jo 4,34).
A vontade do Pai para com o Seu Filho muito amado, em quem pôs toda a sua complacência, não podia ser a Sua morte, mas sim a vida em abundância para o resgate de todos.
A obediência de Jesus na Cruz tem assim a sua origem no Seu amor radical pelo Seu Pai.
Neste episódio da Cruz temos assim um mandato de Deus (a entrega do Seu Filho) e a obediência do Seu Filho ( a aceitação da morte).
Neste mandato/obediência não podemos ver uma imposição/submissão, mas sim a tradução joanina do amor que se entrega e do amor que se recebe; é deste amor que nos fala a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Falar do Coração de Cristo é falar da Sua pessoa divina, que nos amou e que nos ama; estando continuamente a acolher-nos com a Sua misericórdia apesar das nossas infidelidades.
Amar e perdoar, eis a mensagem do Divino Coração.
No mundo atual é urgente e necessário falarmos aos corações humanos deste Coração de Jesus. É através do amor que devemos incendiar os corações esfriados.
Falou-nos João Paulo II no seu Testamento Espiritual: ”Só o amor converte os corações e nos dá a paz”.
O Papa, Bento XVI, na sua Encíclica “Deus é amor” cita por três vezes o coração trespassado de Cristo, ele é assim fonte de graça, santidade, paz, alegria e misericórdia.
O lado aberto do Senhor é assim a imagem por excelência, o ícone da loucura do amor de Deus pela humanidade.
O Coração de Deus se fez humano e bateu no compasso dos corações das criaturas humanas, sentindo as suas aflições, os seus pesares, as suas angústias, os seus sonhos, aspirações e esperanças. Nutriu os sentimentos mais puros, emocionou-se com o que de mais humano há, entregou-se pelas causas mais elevadas e parou de bater pela salvação de todo aquele que Nele acreditar.
O coração de Jesus esvaziou-se ao ser traspassado pela lança, derramando sangue e água (Jo 19,34). Dele nasceram os sacramentos da Igreja. Do coração aberto jorra torrencialmente a fonte perene de amor e salvação.
Quem não se emociona diante de um coração generoso, diante de uma atitude humana de acolhimento e de respeito à pessoa do semelhante? Quem não se convence do bem diante de atitudes coerentes dos que lutam em defesa da vida desde a concepção até a morte natural? Quem não se convence do amor de Deus ao contemplar o coração de Jesus aberto pela lança a jorrar a vida que nos salva?
Convencidos do amor de Deus manifestado através do coração de Jesus, todos podemos demonstrar também o nosso amor.
CORAÇÃO: Para nós ocidentais, o coração é a sede da emoção, quando estamos apaixonados dizemos que nosso coração “palpita” ou “dói de saudade”, e muitas vezes quando queremos escrever amor, fazemos essa substituição por um desenho de um coraçãozinho!
Biblicamente falando, seu significado é outro. O coração é a sede da DECISÃO, principalmente as decisões mais essenciais da vida de um homem. Teologicamente o coração é chamado de sede da alma, lugar mais profundo e misterioso do ser humano, lugar onde Deus o habita.
Como, então não amar a tão grande amante? Como não abraçá-lo fortemente? Pergunta São Boaventura. Num mundo sem amor, onde se vê imperar o ódio, no Coração Divino de Jesus podemos encontrar a paz.
Deixemo-nos abrasar por seu amor e a Ele confiemos todas as nossas preocupações. Coloquemos nossos lábios na sacrossanta chaga do seu coração e bebamos da água que aí brota e jorra para a vida eterna.
“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso. Amém!”
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