Com enorme alegria, a Igreja de Cristo, Serva de Deus no mundo se reúne em assembléia Santa para juntos celebrar “Corpus Christi”, tornando célebre, fazendo memória do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, de sua entrega incondicional de amor por cada um de nós.
Neste dia, somos chamados a fazer a atualização do sacrificio de Jesus em nossa vida, a experiencia do Cristo de Deus que continua sua obra salvifica através do Espírito Santo, transformando os reinos deste mundo, no reinar definitivo de Deus nosso Pai.
Iniciemos nossa reflexão nos introduzindo no contexto dessa festa. Celebrada depois de Pentecostes, na 5ª feira após a festa da Santíssima Trindade, “Corpus Christi”, é uma comemoração jubilosa da Eucaristia. É conhecida a tradicional procissão de Jesus eucarístico pelas ruas, como vemos todos os anos, com o ostensório, cujos raios lembram o Sol, a luz de Deus no mundo, passando pelos tapetes enfeitados, pintados nas ruas. Trata-se, pois, de uma homenagem pública de fé e de reconhecimento a Jesus que, no sacramento da Eucaristia nos legou, como sinal do seu amor, o seu corpo e sangue como alimento e bebida para sustento da nossa vida e missão cristãs no mundo.
Desse modo, vale lembrar que o essencial dessa festa é a renovação do nosso compromisso de seguir Jesus. Daí decorre a acolhida ao seu projeto e o nosso engajamento na construção do Reino, a partir de gestos concretos de partilha, justiça e solidariedade. Hoje, para que o projeto de Jesus se concretize em nosso contexto histórico, cada um de nós, cristãos e cristãs precisamos fazer a nossa parte. Mas, o quê e como fazer?
Para tanto, precisamos nos abrir ao aprendizado das atitudes do Mestre Jesus, a fim de colocar Deus como base da nossa convivência humana, como ele o fez, na total fidelidade ao projeto do Pai. Jesus doou sua vida, dia após dia, em pequenos gestos e atenções às pessoas, até a sua consumação na morte. Aí, deixou a prova máxima do seu amor.
O que nos diz a entrega de Jesus pela causa do Reino? Diz-nos que o amor cristão não encobre as injustiças nem a violência dos poderosos, mas as revela, a fim de serem desmascaradas. Afirma, também, que não se resolvem as lutas entre as classes sociais com um simples aperto de mão, mas arrancando pela raiz as causas que geram tais lutas. Fala ainda da exigência da conversão do agressor diante do perdão das ofensas e mais, que não se está aí somente para apresentar a face direita a quem bate na esquerda, mas é preciso também saber pedir contas ao violento: “Por que me bates?”.
Olhando para o contexto violento que matou Jesus, vemos muita semelhança com o nosso contexto atual. Diante disso, perguntamos: Que luz o agir engajado e profético de Jesus lança para nós hoje, frente às injustiças, às desigualdades, à exclusão, à violência? Como doar e comprometer a vida com o projeto de Deus?
Percorrendo os Evangelhos descobriremos como a vida de Jesus foi uma vida totalmente atenta, acolhedora, dedicada às pessoas e ao Reino de Deus. “Jesus era extraordinariamente sensível à presença do outro. Detectava logo a dor ou a exclusão da pessoa”. Essa é a constatação que nos salta aos olhos diante de várias narrativas bíblicas.
Nessas atitudes de sensibilidade e de acolhida de Jesus, encontramos também sua grande capacidade de sair de si e de doar-se ao outro. Tais atitudes são constantes na vida dele. Sua postura frente aos poderes político - econômico e religioso colocou Jesus diante de diversos confrontos com as lideranças de seu tempo e acabou culminando em sua condenação e morte. Esta morte não foi um acidente de percurso, foi conseqüência da entrega total ao projeto do Pai.
Então, na ultima Ceia com os apóstolos, seus amigos, Jesus como que antecipou esse momento extremo de sua entrega. Nessa ceia, ele instituiu o sacramento da Eucaristia ou o sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo.
Alimento de vida eterna dá, também, animo para o testemunho da fé na vida diária. Cada Eucaristia celebrada realiza o mistério da morte e ressurreição do Senhor, fazendo do coração humano um lugar de festa e de alegria.
Cada um que se alimenta do Corpo e do Sangue do Senhor se compromete com a missão de evangelizar e libertar seus irmãos. Todo envio missionário autentico tem como ponto de partida o sacramento da Eucaristia.
§ 1363 No sentido da Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus realizou por todos os homens. A celebração litúrgica desses acontecimentos torna-os de certo modo presentes e atuais. É desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tornam-se presentes à memória dos crentes, para que estes conformem sua vida a eles.
§ 1324 A Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã”. “Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa”.
Celebrar Corpus Christi, portanto, é celebrar o nascimento de todos os ministérios da Igreja, o aniversário do Corpo e do Sangue Eucaristico de Cristo, é comemorar a nossa própria Salvação em Cristo Jesus.
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