segunda-feira, 16 de maio de 2011

"OS DOZE PONTOS DE BERLIM"

INERNATIONAL COUNCIL OF CHISTIANS AND JEWS - ICCJ
resumo do documento "Os Doze Pontos de Berlim".

O documento do International Council of Chistians and Jews, ICCJ, foi aprovado e assinado por ocasião da Conferencia Internacional e Assembléia Geral deste Conselho e suas organizações – membro, em julho de 2009, em Berlim, Alemanha, passando a ser chamado de “Os doze pontos de Berlim.


O documento divide-se em duas partes, sendo que a primeira traz orientações práticas para cristãos, para judeus e para as duas comunidades em conjunto, envolvidas e comprometidas com o diálogo entre Judaísmo e Cristianismo.

A segunda parte do documento “História da Transformação de um relacionamento”, trata da historia das relações entre o Judaísmo e o Cristianismo, uma relação única no mundo das religiões. Ambos, cristãos e judeus, têm em comum os textos da Bíblia de Israel.

No verão de 1947, 65 judeus e cristãos de 19 países se reuniram em Seelisberg, na Suíça, para expressar sua profunda consternação pelo Holocausto (Shoah), sua determinação de lutar contra o anti-semitismo e seu desejo de fortalecer o relacionamento entre judeus e cristãos. Para compartilhar estas graves inquietações, redigiram um apelo com Dez Pontos solicitando às igrejas cristãs que modificassem seus conceitos sobre o judaísmo e o relacionamento entre Cristianismo e Judaísmo.

Hoje, passado mais de sessenta anos, comemorando o aniversário da Conferência de Seelisberg que inspirou a sua fundação, o Conselho Internacional de Cristãos e Judeus divulga um novo apelo, desta vez para as comunidades cristãs e judaicas do mundo inteiro. Este novo documento reflete a necessidade de atualizar os Dez Pontos de Seelisberg levando em conta os avanços do diálogo inter-religioso que vêm ocorrendo desde o apelo inaugural de 1947.

O novo documento contém Doze Pontos – apresentados como metas – dirigidos aos cristãos, aos judeus e às comunidades conjuntamente. Ao relacionar os Doze Pontos e as tarefas específicas para cada um deles, o documento reconsidera a história da relação entre cristãos e judeus que forneceu o contexto e o impulso para a nossa iniciativa.

Os objetivos do documento em relação às comunidades cristãs e aos cristãos são:

1. Combater o anti-semitismo de cunho religioso, racial ou de qualquer outra natureza.

Em relação à Bíblia destaca-se:

• Reconhecer a identidade profunda de Jesus e de Paulo como judeus de seu tempo e interpretar seus ensinamentos no contexto do Judaísmo do primeiro século.

• Enfatizar que as pesquisas acadêmicas recentes sobre os aspectos em comum e a separação gradual entre o Cristianismo e o Judaísmo são essenciais para a compreensão da relação entre judeus e cristãos.

• Apresentar os dois testamentos na Bíblia cristã como complementares ao invés de antagônicos ou inferiores/superiores. Encorajar as igrejas que utilizam lecionários a escolherem textos bíblicos que apresentem este tipo de teologia afirmativa.

Em relação à liturgia

• Enfatizar a ligação entre a liturgia judaica e a cristã.

• Buscar as riquezas espirituais da interpretação judaica das Escrituras.

• Eliminar das liturgias cristãs todas as alusões anti-judaicas, principalmente na pregação, nas orações e nos hinos.

Em relação à catequese

Na formação dos cristãos de qualquer idade, apresentar de maneira positiva as relações entre judeus e cristãos, valorizando os fundamentos judaicos da fé cristã e descrevendo corretamente como os próprios judeus compreendem suas tradições e praticas; isto inclui os currículos das escolas cristãs, seminários e programas de educação para adultos.

Conscientizar os cristãos sobre as tradições persistentes de anti-judaísmo cristão e propor modelos para a renovação da relação singular existente entre Judaísmo e Cristianismo.

Ressaltar a imensa riqueza encontrada na tradição, especialmente através do estudo de seus textos sagrados.

2. Promover o diálogo inter-religioso com os judeus

• Compreender que o diálogo requer confiança e igualdade entre todos os participantes e rejeitar qualquer tentativa de convencer os outros a aceitarem as nossas próprias crenças.

• Reconhecer que o diálogo estimula os participantes a fazerem um exame crítico da percepção que cada um tem da sua própria tradição e também da tradição de seus parceiros, à luz de um relacionamento sincero com o outro.



3. Desenvolver a compreensão teológica do Judaísmo afirmando a sua integridade específica.

• Eliminar qualquer ensinamento que sustente que os cristãos substituíram os judeus como povo da Aliança com Deus.

• Enfatizar a missão comum de judeus e cristãos na preparação do mundo para o Reino de Deus ou o tempo Messiânico.

• Estabelecer relações de igualdade e reciprocidade no trabalho com organizações judaicas, tanto religiosas como leigas.

• Assegurar-se que movimentos teológicos emergentes originários da Ásia, África ou América Latina, bem como movimentos feministas, de libertação ou qualquer outro, incluam em suas formulações teológicas a compreensão correta do Judaísmo e das relações entre cristãos e judeus.

• Opor-se a todo esforço organizado para converter os judeus.



4. Orar pela paz em Jerusalém

• Promover a convicção de que há um parentesco espiritual real entre judeus e cristãos.

• Compreender plenamente o apego profundo do Judaísmo à Terra de Israel como um dado fundamental, e a ligação de muitos judeus com o Estado de Israel como questão de sobrevivência tanto física como cultural.

• Empenhar-se para melhorar as relações entre judeus, cristãos e muçulmanos no Oriente Médio e no resto do mundo. Etc.



5. Reconhecer os esforços realizados por numerosas comunidades cristãs no final do século XX para mudar a sua atitude em relação aos judeus



• Tomar conhecimento destas mudanças através de um diálogo mais intenso com os cristãos.

• Levar em conta as implicações das mudanças realizadas nas igrejas cristãs em relação aos judeus e à compreensão do Judaísmo.

• Informar os judeus de todas as idades sobre estas mudanças, no contexto da história das relações entre judeus e cristãos, e de acordo com o nível educacional de cada grupo.

• Incluir informações básicas e corretas sobre o Cristianismo nos currículos das escolas judaicas, seminários rabínicos e programas de educação para adultos.

• Estudar o Novo Testamento como um texto sagrado para o Cristianismo e também como um texto literário escrito em grande parte por judeus num contexto histórico-cultural análogo ao da primeira literatura rabínica, de modo a proporcionar um olhar privilegiado sobre o desenvolvimento do Judaísmo nos primeiros séculos da Era Comum.



6. Reexaminar os textos e as liturgias judaicas à luz destas reformas cristãs



• Entre outra coisas, colocar os textos problemáticos em seu contexto histórico, principalmente os que foram escritos quando os judeus eram uma minoria sem poder, perseguia e humilhada.

• Propor reinterpretações possíveis, mudanças ou omissões de partes da liturgia judaica, caracterizadas Poe um tratamento problemático dos outros.



7. Diferenciar entre a crítica imparcial a Israel e o anti-semitismo



• Apoiar-se em exemplos bíblicos de críticas justas como expressão de lealdade e amor.

• Ajudar os cristãos a compreender que, além da fé e das práticas religiosas, a identidade comunitária e a consciência de formar um povo fazem parte da auto-compreensão judaica, fazendo com que a sobrevivência e a segurança do Estado de Israel tenham uma importância muito grande para a maior parte dos judeus.



8. Expressar apoio ao Estado de Israel em seus esforços para alcançar os ideais firmados na sua fundação, que Israel compartilha com muitas nações do mundo



• Continuar a assegurar a igualdade de direitos para todas as minorias religiosas e étnicas, incluindo os cristãos que vivem no Estado de Israel.

• Chegar a uma resolução justa e pacifica do conflito entre Israel e palestinos.



9. Melhorar a educação inter-religiosa e intercultural



• Combater toda imagem negativa dos outros e ensinar a verdade primordial de que cada ser humano é criado à imagem de Deus

• Encorajar o estudo mútuo de textos religiosos, para que judeus, cristãos, muçulmanos e membros de qualquer grupo religioso possam aprender dos outros e com os outros. ECT.



10. Promover a amizade e cooperação entre as religiões bem como a justiça social na sociedade globalizada



• Alegrar-se com a singularidade de cada pessoa e promover o bem estar político, econômico e social de todos.

• Empenhar-se para garantir igualdades de direitos a todos, independente da religião, gênero ou opção sexual, entre outros pontos.



11. Intensificar o diálogo com entidades políticas e econômicas



• Colaborar, sempre que possível, com entidades políticas e econômicas para promover a compreensão inter-religiosa.

• Iniciar discussões com entidades políticas e econômicas acerca da necessidade urgente de justiça na sociedade globalizada.



12. Criar uma rede de contatos com todos que trabalham em prol da preservação do meio ambiente



• Desenvolver a certeza de que todo ser humano é responsável pela preservação do planeta.

• Reconhecer o dever bíblico compartilhado por judeus e cristãos em relação à criação, e a responsabilidade de ressaltá-lo nos discursos e nas ações públicas.



Nós, do Conselho Internacional de Cristãos e Judeus e suas organizações membro, comprometemo-nos com todos estes desafios e todas estas responsabilidades.

Compromisso firmado em Berlim, Alemanha, em julho de 2009.

Os Dez Pontos de Seelisberg contribuíram de muitas maneiras para a melhoria das relações entre judeus e cristãos ao longo das ultimas décadas, mas chegou a hora de aperfeiçoar a declaração refutando a teologia anti-judaica e o anti-semitismo contemporâneos e estimulando judeus e cristãos a enfrentar juntos necessidades humanas mais amplas.

Os Doze Pontos de Berlim convidam judeus e cristãos de toda parte a unirem-se na busca dos objetivos que são propostos, objetivos cuja origem está na convicção comum de que Deus quer que judeus e cristãos preparem o mundo para o Reino de Deus, o Tempo vindouro da justiça e da paz de Deus. Estimulando todas as mulheres e homens que compartilham desses ideais a colaborarem na pro moção da solidariedade, da compreensão e da prosperidade humana.

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