RESENHA DO LIVRO
“PARA LER O ANTIGO TESTAMENTO”
Etienne Charpentier
A Bíblia surge no meio de um povo do Oriente, o Povo de Israel. Este povo cria uma literatura que relata sua história, suas reflexões, sua sabedoria, sua oração. Toda essa literatura é inspirada pela sua fé.
A Bíblia é como uma coleção ou uma biblioteca. Ela contém 73 livros de épocas e estilos diferentes.
A bíblia não “apareceu”, mas foi constituída a partir de uma vivência dentro de uma História. Grupos de pessoas escreveram com intenção própria, com metas específicas. Elas nos passam suas experiências de vida dentro de sua história.
Por isso, quando lemos a Bíblia, temos que tomar alguns cuidados para poder bem interpreta-la, ela não é um livro que foi escrito para mim, mas sim para o contexto daquela época e antes de fazer qualquer comparação com o hoje, tenho que compreendê-la em seu próprio tempo, para depois tirar dele um sentido para mim hoje.
O estudo e o aprofundamento do texto com o auxilio de diferentes métodos de análise, tem a finalidade de levar-nos a descobrir que há uma distancia entre nós e este texto, que não devemos entrar nele de uma vez e que é arriscado irmos logo projetando nele nossos sentimentos e nossa psicologia.
Alguns passos importantes nos ajudam a ler a Bíblia:
Ler muito a Bíblia. Mastigar cada versículo. Atravessar o texto. A leitura da Bíblia quando feita com fidelidade vai abrindo, aos poucos os nossos olhos sobre a realidade e nos levará a uma opção pelos pobres e a um compromisso mais firme com a sua causa.
Procurar descobrir no texto o que o autor do texto quer nos dizer; qual a mensagem principal do texto; quais os personagens e os lugares que aparecem no texto; qual a situação econômica - social – política - religiosas e ideológicas que o texto revela.
Ter visão de conjunto da Bíblia. Conhecer as grandes etapas da história do povo de Israel. Ter algumas noções sobre a situação do povo daquele tempo.
Procurar ver que o texto da Bíblia deve ser aprofundado em três ângulos: a Bíblia, a realidade e a comunidade, levando em conta a situação do povo antigo, no tempo em que foi escrita, para iluminar a situação de hoje, lendo, refletindo e rezando a Bíblia em grupos, porque ela é o livro da comunidade, celebrando, na comunidade, a sua caminhada de lutas, de esperanças e de alegrias.
Evitar a leitura fundamentalista da Bíblia, isto quer dizer, não ler o texto “ao pé da letra”.
A história de Israel é a história de um povo, que começa a existir numa determinada época como uma liga tribal, ou uma liga de tribos unidas em Aliança com Deus.
Esta liga começa a ser formada quando uma onda de infiltrações de famílias, principalmente arameus, nômades em busca de terra que pouco a pouco (principalmente a partir do século XIII), foram modificando as regiões da mesopotâmia, Síria e Palestina. “Arameu errante foi meu pai, e desceu do Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa”. (Dt.26,5). Na verdade todo esse processo de sedentarização (fixar-se na terra), começa por volta de 3000 anos antes de Cristo, incentivados pelo fenômeno natural da mudança regular de pasto: esses povos deixaram o deserto e as zonas da estepe e invadiam as terras cultivadas das regiões pouco habitadas e as aldeias em busca de melhores condições de vida, (nos fazendo lembrar o que aconteceu no Brasil com o povo nordestino). Para os povos estabelecidos, essas ondas migratórias permanentes inspiravam ameaça.
A história do povo de Israel começa lá na mesopotâmia, em Ur dos caldeus, por volta do séc. XIX ou XVIII a.C. quando tribos aramaicas penetram na terra cultivada; entre essas tribos, temos a tribo de Abraão, que era de pastores seminômades, que criavam gado de pequeno porte (carneiro,ovelhas, etc...), e como não se estabeleciam em um local fixo, não tinham a necessidade de pagar impostos. Essas tribos, na época de seca não conseguiam se manter na mesopotâmia, e se locomoviam para as terras cultivadas, onde seus rebanhos encontravam o alimento necessário nos campos já colhidos, isso provavelmente com o consentimento dos habitantes dessa terra, mas dês de que não mexessem nas plantações e não se desviassem da estrada.
Abraão e sua tribo fazem também esse movimento, mas o que distingue Abraão dos outros povos, é que a ele, este movimento se dá após a revelação de um Deus (EL) que quer fazer aliança com ele. Abraão toma consciência da desigualdade social em que sua tribo vivia e resolve lutar por uma vida plena, que se revela em “EL” seu Deus.
O poder na sociedade Cananéia estava centrado na mão do rei, e esse poder era sustentado por leis, e o rei é absoluto, porque era filho do deus “Baal”, também o poder sacerdotal estava a serviço do poder real. Sendo assim, Abraão se estabelece nas montanhas que ficam às margens de Canaã.
Mas as condições de vida nas montanhas não são fáceis, às vezes as tribos seminômades se vêem obrigadas a partir para o Egito em busca de alimentos por causa da seca, e com Abraão não é diferente, podemos ver isso em (Gn 12). Mais tarde,outro período de seca levou os irmãos de José, bisnetos de Abraão ao Egito para comprar cereais. Pouco depois, grande parte da família de “Israel” (Deus que age), se estabeleceu em Gessem, na parte oriental do Delta do Nilo. Mas com o passar do tempo, esse povo começa a ser convocado pelos egípcios contra a vontade, para determinados serviços braçais baratos, sendo convocados até para a construção das cidades de Pitom e Ramsés, vivendo assim como escravos.
É neste contexto que aparece a figura de um líder denominado Moisés.
Neste momento da história, o nome dado a Deus já não era mais “EL” (Eu sou quem eu sou, Ex 3,14) e sim o Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Moisés que teve contato com as tribos do Sinai, que denominava a Deus como “Javé”, que significa (aquele que cai, ou aquele que desce), porque originalmente era um Deus do relâmpago, da tempestade, e nessa forma verbal significa “Ele é”, no sentido de existência ativa e eficácia, Moisés passa a chamar ao Deus de seus Pais (Patriarcas) de “JAVE”, reconhecendo nesse Deus, a origem de todas as coisas.
Esse líder (Moisés), movido pela consciência da desigualdade em que seu povo se encontrava e pelo poder de Javé, começa a despertar nas pessoas o antigo espírito de igualdade e justiça no qual viviam seus antepassados, e após um longo trabalho de restabelecer na consciência do povo, este pensamento, Moisés e parte desse povo fogem do Egito em direção a Canaã. Mas este retorno não é fácil, o povo se vê perdido no deserto, e ainda tem que enfrentar a perseguição do faraó, e também atravessar o mar vermelho, tudo isso faz com que a consciência do povo vá amadurecendo, por fim, às portas de Canaã, este povo é chamado a fazer Aliança com Javé, seu Deus no monte Sinai, local onde se consolida este pacto. Chegando em Canaã, novamente eles se estabelecem na região montanhosa à margem da cidade, ali se encontram com parte da tribo de Abraão que permaneceu naquela região, e também com tribos que continuaram a vir da mesopotâmia, com tribos que vieram da região do Sinai, começando desta forma a ficarem mais numerosos. Essas tribos, num movimento lento, vão invadindo a terra cultivada de Canaã, mas esta invasão se dá aos poucos, e em alguns momentos foi necessário o confronto direto e armado para se conquistar a terra, mas isso não se deu em todos os casos.
A tomada da terra deve ter ocorrido no decorrer do Séc. XIII, pois as cartas de Amarna dão a entender que Belém, posteriormente a capital de Judá, pertencia à região da cidade – Estado Cananéia de Jerusalém, no Séc. XIV; e mais, que no Séc. XIV foram criadas na Baixa Galiléia as condições para a toma da terra da tribo de Issacar. Por outro lado, o processo deve ter terminado pelo menos 100 anos antes de Saul ter sido entronizado como rei (por volta de 1000 a.C.) pois, ao contrário, não haveria tempo suficiente para os eventos do período pré – estatal, narrados no livro dos Juízes, sobretudo para a sucessão dos chamados, Pequenos Juízes (Jz. 10, 1-5; 12, 7-15).
A tomada da terra dos israelitas não foi um acontecimento isolado. Ela se processou dentro de um grande movimento chamado de Migração Aramaica.
Aproximadamente na mesma época da tomada da terra dos israelitas e dos outros arameus, ocorreu também a invasão dos “povos dos mares”, no Oriente Próximo. No decorrer do Séc. XIII, esses povos dos mares vieram dos Bálcãs ou da região do Mar Egeu, como parte de uma migração maior. Parte da migração veio do mar, passando por Creta (que no AT tem o nome de Cáftor: Gn. 10, 14; Dt. 2, 23; Am. 9,7), e parte, por terra, através da Ásia Menor, destruindo a cultura cretense micênica, bem como o império hitita, percorrendo a costa sírio – palestinense para o sul, chegando a ameaçar o Egito, mas depois sendo destruído por ele.
O período histórico da formação da Bíblia situa-se entre 1100 a. C. ou 1200 a. C. a 100 d. C. Provavelmente, a mais antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora, que se encontra no livro dos Juízes (Jz, 5).
A parte mais antiga da Bíblia remonta justamente deste tempo (1100 a.C.), quando a escrita ainda não estava bem definida, e é oral. Desde este tempo já se fora criando uma tradição, que existia oralmente e era transmitida aos novos pelos mais velhos nas reuniões que havia nos santuários. Por este tempo, só eram relatados os acontecimentos do deserto, do Sinai, da aliança de Deus com o povo. Mas os jovens queriam saber o que havia acontecido antes disto.
Acontece que nem todos iam para os mesmos santuários, o que motivou a existência de pequenas diferenças na catequese do norte e na do sul. A tradição do sul foi chamada de JAVISTA (J), pois Deus era tratado sempre por Javé; a do norte se chamou ELOISTA (E), porque Deus era tratado como Eloi.
A tradição oral existiu até os tempos de Daví, quando foi escrita a tradição javista; meio século depois, foi escrita também a eloista. Por volta de 721 a.C., na época, da divisão dos reinos, quando Samaria foi destruída pelos assírios, muitos sacerdotes do norte fugiram para o sul e levaram consigo a sua tradição. A partir de então, as duas foram compiladas num só escrito.
Mas não existiam apenas estas duas, que são as principais. Há ainda a DEUTERONOMICA (D), encontrada casualmente em 622 a. C. por pedreiros, que trabalhavam num templo. Corresponde ao livro Deuteronômio da Bíblia atual. Após esta, surgiu a SACERDOTAL (P), nova compilação das catequeses antigas de Israel, datada do século VI a.C. Ao fim, estas quatro tradições foram combinadas entre si e compiladas em 5 volumes, dando origem ao Pentateuco da Bíblia atual.
Hoje se sabe que não existiram somente estas quatro fontes, mas sim muitas outras.
Durante os dois primeiros séculos após a tomada da terra, as tribos israelitas estavam ligadas por uma ordem sacral, e não política.
A estrutura tribal durou + ou – 200 anos. A partir do ano 1000 a.C. Israel instituiu a monarquia, isto é, almeja um rei como em outras nações (I Sam 8,5-19) entre criticas e simpatias, a monarquia perdurará até + ou – 587 a.C.
As causas que levaram Israel a monarquia podem ter sido:
1o O avanço dos Filisteus, que queriam alcançar a supremacia na Palestina.
2o A revolução tecnológica, sobretudo da aquisição do ferro para que o exército possa ser mais eficaz e constante. A revolução tecnológica na roça, onde o boi passa a trabalhar com o arado, aumentando a produção e gerando o excedente.
3o a ideologia acumulativa, onde há famílias que vão se tornando dominantes, ou seja, umas incham, e outras diminuem.
O Estado surge de dentro do clã e da tribo, porque o clã começa a concentrar poderes em 1o lugar na figura do chefe (ancião).
Os conflitos se concentram nas mãos do ancião, cabendo a ele dar soluções para os conflitos, os Juízes agora recebem tributos pelos seus serviços, dependendo do Juiz, recebia mais pelos seus serviços.
Quem tem controle e posse sobre o boi, que agora acelera a produção, também detem o poder, já nasce aqui uma questão da mão de obra escrava, (pessoas empobrecidas que se colocam a serviço de outras).
O Estado surge como imposição das invasões, guerras permanentes; agora é necessário um exercito permanente para combater os inimigos.
Além do contrato que garante a sobrevivência do exercito, o saque também é uma permanente obra na sociedade (pós – guerra). O general passa a ser o homem chave nesta sociedade, pois ele passa a ganhar muito para defender a sociedade, e quem pagar mais, é quem terá os seus serviços.
O templo é fonte de riquezas, o excedente da produção ia para o templo em forma de ofertas. Por ocasião das festas entrava muitos cereais e carnes no templo. Circula o excedente por meio do comércio e do mercadinho, daí é necessário construir uma rede de templos para estar ligado a esse comércio.
O primeiro rei escolhido por Israel é Saul, o setor profético designa Saul nos moldes tribais, ele é escolhido por aclamação popular. (1 Sm 10,1ss). Esta escolha foi também influenciada pelo fato de Saul pertencer a uma tribo que ficava no ponto central do território israelita, e era constantemente ameaçada, que era a tribo de Benjamim.
Ele foi um herói carismático a maneira antiga (como nos Juízes) com Gideão 8,22ss. Logo, não manifestou nenhum rompimento violento com o passado. Ele foi um rei, um líder ou comandante, isto significa, um rei ainda não definido.
Samuel e os anciãos não queriam Saul como rei no sentido convencional de rei (ditador), mas que fosse um líder carismático (I Sm 9,15 até 10,16 e 13,14b-15).
O povo porém, via Saul em sua dignidade de rei, porque os vizinhos também tinham o seu rei.
Com a morte da Saul, que assume o Reinado é Davi.
O Estado de Davi surge no confronto rico e pobre. Davi faz o reinado do controle da cidade com as necessidades básicas (gente pobre com fome e gente rica com medo), necessidade de defesa. Davi une estas duas contradições presentes na sociedade israelita, resolvendo da seguinte forma: Os saques atendem os pobres e a defesa atende os ricos com medo; o que não existia no reinado de Saul, mas houve uma contra posição em oposição do poder profético contra Davi (II Sm 12).
A importância histórica de Davi ultrapassou em muito sua época. Embora o Grande Reino de Davi já começasse a decair durante o reinado de seu neto, fato é que a sua dinastia permaneceu por 4 séculos no trono do Estado de Judá. Com isso ela conseguiu manter-se durante um período mais longo do que qualquer dinastia dos povos do Antigo Oriente. Apesar de toda a consideração e admiração dedicadas a Davi na tradição e na historiografia de Israel, nunca se chegou a uma apoteose. Seus erros, suas fraquezas e desvios não são omitidos (adultério com Bete-Seba, o assassínio traiçoeiro de seu marido (II Sm 11,12ss), a condescendência de Davi em relação aos seus filhos e sua desastrosa indecisão na regulamentação da sucessão). A tradição de Israel insiste muito em testemunhar que o sucessor de Davi só foi conseguido, porque “Javé estava com ele” (1 Sm 18,14; II Sm 5,10;8,6.14). A figura de Davi tornou-se o exemplo, o protótipo dos reis de Judá e, afinal, do rei messiânico dos últimos tempos (Jr 30,9;Ez 34,23 ss;37,24).
Quando por volta da metade do Séc. X a.C., Salomão assumiu como herdeiro o Grande Reino de seu pai Davi, sua tarefa deveria ter sido fortalecer o reino para fora e tentar encontrar, no plano interno, uma fórmula de equilíbrio entre os diversificados elementos que compunham. Salomão não cumpriu com essa tarefa. Em lugar disso, aproveitou os frutos que seu pai tinha conquistado com tanto esforço. O período do seu governo caracterizou-se pela pompa, no estilo dos grandes reis orientais, por grande atividade em construções e no comércio, por um grande intercâmbio diplomático e pelos primeiros frutos de uma vida intelectual em Israel.
Após a morte de seu pai, Salomão livrou-se, inicialmente de seus inimigos políticos, cuja concorrência o ameaçava. Através de Benaia, o antigo comandante dos mercenários, que ele colocou como comandante do exército, mandou matar seu irmão mais velho Adonias, que reivindicara para si o trono, seu correligionário Joabe, bem como Simei, oponente de seu pai. O sacerdote Abiatar, que se colocara igualmente ao lado de Adonias, foi desterrado por Salomão (I Rs.2).
Salomão mandou construir um templo, separado por um muro do complexo palaciano que já havia construído, e ligado através de passagens. O templo de Salomão tinha três partes: a ante-sala, o Santuário e o Santo dos Santos. A construção do templo levou sete anos.
Quando Salomão faleceu, no ano de 926 a.C., foi sucedido pelo seu filho Roboão, aparentemente sem qualquer dificuldade tornou-se rei da cidade de Jerusalém e de Judá. No Estado do Sul se impusera, de modo inconteste, a sucessão real hereditária da Dinastia de Davi. No Estado de Israel, porém, a situação era outra. Roboão foi para siquém, no Norte onde as terras são mais férteis, onde tem a criação das vacas de Bazam, lá ele pede apoio para continuar no reinado de seu pai, no entanto, ele queria ser mais duro que seu pai, e o povo não queria aceitar isso, e se revoltou contra Roboão, colocando-o para correr de siquém. No seu lugar aclamaram como rei a Jeroboão, filho da empregada de Salomão, que havia fugido para o Egito após se rebelar contra Salomão. Temos assim, o grande cisma político e religioso do reinado do sucessor de Salomão, tendo 2 Estados de Israel, que às vezes lutam entre si por suas fronteiras, vindo a chamar a atenção de outros reinos que vêem a fraqueza na divisão do reino, e esperam tirar vantagens disso. O grande motivo deste cisma foi o fator econômico (tributos).
Embora o Norte tenha ficado com o melhor lugar, do ponto de vista econômico, Roboão no Sul, fica com o templo de Jerusalém, onde todos têm que ir para fazer suas ofertas, e sacrifícios, (poder religioso). Para resolver este problema, Jeroboão constrói uma Igreja em Siquém, no Norte, e copia o mesmo altar de Jerusalém, e pela primeira vez Javé é adorado em outro templo, desta forma, Jeroboão começa a ficar mau frente ao povo mais tradicional, que só adorava Javé em um único lugar. Jeroboão também começa a fazer aliança com outros povos que exerciam outra religião, e então começa a se afundar no seu conceito de rei e acaba caindo.
Depois disto, começa-se a ter vários reis no Norte, escolhidos pelos interesses políticos de alguns grupos, já no reino do Sul, a situação é mais tranqüila, pois todos respeitam a descendência da casa de Davi, com isso, outros reinos vendo a fraqueza do reino do Norte, começam a arquitetar sua invasão, pois dada sua posição estratégica entre outros reinos e o Egito, torna-se necessário ultrapassa-lo para poder dominar o Egito.
Uma vez dominado o reino do Norte, a Síria impõe autos tributos ao reinado, mas não destrói o reino existente, que por sua vez, se sujeita a esta imposição para não morrer e ser destruído. Elias vai contra esta sujeitação do reino e dominação do povo, mas é Eliseu que esta por traz da reforma do reinado (852 a.C.). Elias se aproveita da ausência do rei Jorão e através de Eliseu despachou um dos filhos dos profetas para os quartéis generais, com a ordem de ungir Jeú rei, e Ele é ungido rei.
A unção de Jeú é uma proclamação nos moldes tradicionais da designação profética. Quando Jorão retorna já é tarde, e ele é morto por Jeú, que mata também Jesebel, empurrando-a pela janela, e mata também toda a sua família de Acabe (dinastia de Onri), e todos os seguidores de baal. Desta forma ele se sustenta no trono.
Dinastia de Jeú:
Jeú, Joacaz, Joás, Jeroboão II, Zacarias.
Jeú assumindo o poder, o reino é enfraquecido, e com isso a Assíria invade o reino, e começa a cobrar tributos para não ter que destruir o reino, desta forma a dinastia de Jeú continua a eleger seus reis normalmente, e vive uma certa paz por algum tempo, pois só era necessário pagar os tributos para ficar livre da Assíria.
O profeta Amós critica esta aparente paz, pois somente a classe alta é quem desfruta dela, e os pobres sofrem com a injustiça social, opressão, corvéia, exploração impiedosa nas mãos de uma jurisdição corrupta. Daí nasce o apelo dos profetas mensageiros de Javé.
Nesta época, quem governa a Assíria é Salmanassar III.
Depois do reinado de Zacarias nós temos: Salur, Manaem, Pecaías, Peca, Oséias. Com estes novos reis no Norte, a Assíria também ganha um novo rei que é Tiglate Pileser III. Ele submete todo mundo ao Deus do seu império que é Assur, e este deveria ocupar lugar central no templo.
O rei Peca, querendo se revoltar, busca em Damasco e Judá, uma aliança contra a Assíria, o rei de Judá não ajudou Israel e ainda avisou o rei da Assíria sobre o que estavam fazendo.
Vendo isto, Tiglate Pileser pega as lideranças políticas, religiosas e populares de Israel e manda para a Assíria, e institui governantes seus para governarem Israel, e desta forma acaba o reino de Israel, sobrando ainda o reino do Sul.
Com a invasão Babilônica a Judá, (605 aC.) o rei Jeoaquim tornou-se um vassalo de Nabucodonosor, príncipe herdeiro da Babilônia, e assim permaneceu por três anos, mas se demite da vassalagem, provavelmente depois de uma segunda batalha entre o Egito e a Babilônia no ano de 601 a.C. e que acabou sem vencedor. A principio, Nabucodonosor não tomou atitudes decisivas quanto a Judá. Somente em 598/ 97, após a morte de Jeoaquim, Nabucodonosor movimentou suas tropas contra Judá. Sua meta era derrubar do trono Joaquim, filho e sucessor de Jeoaquim, antes que ele conseguisse consolidar sua soberania, pois este estava inclinado a não aceitar o domínio babilônico. Após um breve período de sítio, Jerusalém é dominada sem oferecer uma resistência digna de nota.
Para evitar e impedir qualquer tentativa de resistência contra a Babilônia, Joaquim foi deposto e deportado para a Babilônia com toda sua família, corte, altos funcionários, nobreza, trabalhadores especializados como os construtores de fortificação e militares. Porém, Nabucodonosor não destrói Judá neste momento, Ele entronizou um outro filho de Josias, tio de Joaquim, chamado Matanias. Como sinal de seu direito de dispor sobre o recém entronizado rei, Nabucodonosor mudou o nome de Matanias para Zedequias. Tudo isso quer significar que, a principio, Nabucodonosor não anexou Judá como província do reino babilônico, mas deixou-a continuar como estado vassalo com seu próprio rei.
Por alguns anos Zedequias conseguiu manter a fidelidade de vassalo. Mas não demorou muito para que grupos do povo influenciassem Zedequias a se levantar contra Nabucodonosor.
Zedequias, confiando numa ajuda dos egípcios, rompe com a condição de vassalo. A resposta de Nabucodonosor é uma imediata guerra contra Judá, (589 a.C.). Como Judá já não tinha mais um exército, não ofereceu resistência. Nesta ocasião, as tropas ocuparam todo o território de Judá, destruíram numerosas habitações e arrasaram cidades fortificadas.
Nabucodonosor teve de interromper por pouco tempo o sítio de Jerusalém para repelir um exército egípcio que vinha em socorro de Zedequias (Jr. 37). Após um ano e meio de sítio, os babilônicos conseguiram entrar em Jerusalém. Zedequias foi capturado, seus filhos foram mortos em sua frente e logo após vazaram seus olhos. Aproximadamente um mês depois da conquista de Jerusalém, os babilônicos atearam fogo ao palácio real e a outras fortificações, a Arca da Aliança foi consumida pelo incêndio no templo. Com a destruição do templo, Nabucodonosor visava arrasar todas as esperanças que viriam a se basear no templo, o que levaria a novos levantes.
No ano de 582 a.C. foram exilados o restante da nobreza para a Babilônia, restando na terra somente classes inferiores, que eram constituídas de agricultores. Várias lideranças do povo foram executadas por ordem de Nabucodonosor. Todas essas medidas foram tomadas visando, no futuro, impossibilitar qualquer relampejo de resistência contra a Babilônia.
Toda esta situação em que se encontrava Judá, já havia sido previamente alertada pelos profetas Amós e Oséias.
Ao chegar ao século VIII a.C., a profecia israelita conta já com longa história e com nomes famosos: Samuel, Aias, Nata, Elias, Eliseu, entre os mais importantes. Entretanto, em meados deste século se produz fenômeno inteiramente novo e de grande transcendência: aparecem alguns profetas que nos transmitem a sua mensagem por escrito. O primeiro deles é Amós, iniciando esta lista que continua com homens como Oséias, Isaías, Jeremias e outros.
Os Judeus que foram exilados na Babilônia representam a nata política de sua terra, por isso é que eles foram escolhidos para a deportação. Esses judeus eram os que iriam formar o futuro de Israel. Transportados para o norte da Mesopotâmia, não longe da própria Babilônia, não ficaram dispersos entre a população local, mas certamente ficaram em colônias especiais (Ez. 3,15; Esd.2,59;8,a).
Esses exilados viveram a principio em condições de vida suportáveis e posteriormente até boas, tanto que boa parte dos deportados permaneceram na Babilônia mesmo após a autorização de retorno para Jerusalém dos persas.
Com a deportação da classe alta de Judá para uma terra estrangeira, significou uma terrível crise para o javismo. Porque o exílio provou ao máximo a religião de Israel. Para entender melhor se faz necessário lembrar algumas profecias que afirmavam a duração eterna ao reino davídico na profecia de Natã. O templo de Jerusalém era a residência de Deus (IRs.8,13). Com isso havia uma certeza de que Jerusalém era inconquistável e o templo era indestrutível porque Javé era a proteção (Mq. 3,11;Jr.7.4.10). Protegida por estas profecias a nação ficou segura e esperava confiantemente a poderosa intervenção de Iahweh. Este era o destino da história que se devia aguardar com toda a certeza.
Os Aríetes de Nabucodonosor derrubou esta teologia. E os profetas que a tinham proclamado, mentiram (Lm.2,14). Nunca mais ela voltaria completamente na forma antiga. Com isto a veracidade do Deus de Israel foi posta em dúvida. O deus Marduk da Babilônia era mais poderoso do que Javé? E foi assim que muitos judeus pensaram no seu íntimo. Dessa maneira era forte a tentação de deixar a religião ancestral; pois o deus babilônico parecia ser mais poderoso que Iahweh. Sendo assim era mais vantajoso adorar o deus vitorioso e visto que os israelitas possivelmente podiam auferir vantagem dos seus senhores babilônicos e muitos dos deportados se tornaram infiéis ao javismo. Outros consideraram pelo menos o culto aos deuses babilônicos como acréscimo a Iahweh e erigiram imagens desses deuses em suas casas (Ez.14,1-11). Havia também feiticeiras que empregavam a magia babilônica,cosiam faixas para os pulsos e faziam véu para o povo que vinham consulta-las (Ez.13,18).
A explicação para esta tragédia coube aos profetas, todo esse desastre era de certo modo à vontade de Iahweh, pois o exílio era visto como castigo merecido. E os próprios profetas mergulhados no desespero acreditavam ter cometido um pecado grave e que Iahweh em sua ira houvesse se desligado de Israel e cancelado o seu destino com seu povo (Is,19;Ez.33,10;37,11). Com lágrimas nos olhos, eles clamavam por misericórdia, mas não viam o fim dos seus sofrimentos (Sl.74,9ss;Lm9,9).
Com todo esse sofrimento havia uma ameaça geral de perda da fé. Mas embora o teste tenha sido severo, a religião de Israel fez-lhe frente vitoriosamente, mostrando uma admirável tenacidade e vitalidade. Certos ritos e cerimônias recebiam mais ênfase durante o exílio do que anteriormente. Assim, a circuncisão constituiu-se num importante rito que distinguia os israelitas dos babilônios, os quais tinham conhecimento da prática; ela simbolizava a relação do povo com Iahweh. Além disso havia o culto em que se abstinham de comer e beber. Essa era à maneira de observância sobretudo dos dias de lamentação ritual, que também era regularmente observado no exílio. Também são muito compreensíveis a antiga dieta e regulamentações sobre a pureza, pois a terra onde estavam vivendo era impura.
Mesmo depois da catástrofe, ainda permaneciam válidos ali os mandamentos e proibições de Iahweh,suas regulamentações e ordenamentos. O desastre os tinha atingido porque os mandamentos não tinham sido observados, se finalmente eles fossem obedecidos agora haveria esperança de libertação.
Em 539 a.C. o império da Babilônia é derrotado por Ciro da Pérsia. Encontra entre outros, a comunidade dos descendentes dos cativos trazidos de Jerusalém por Nabucodonosor. Em seu primeiro ano de governo na Babilônia, certamente em resposta a uma petição dos exilados, promulgou um edito devolvendo os utensílios do templo de Jerusalém ao povo de Judá representado por Sasabassar, autorizando a reconstrução do templo de Jerusalém, pedindo às autoridades locais, que seriam os governadores da província da Samaria, que ofereçam ajuda material para tal efeito.
Sasabassar foi o encarregado de promover a reconstrução do templo. Este era filho do rei Joaquim, que fora exilado por Nabucodonosor. Neste período Jerusalém fazia parte da província da Samaria. Como tal, a construção dependia do governador da Samaria, mas a decisão política estava sob o domínio do poder Persa. Sasabassar iniciou, mas não acabou a reconstrução.
Um novo comissário chamado Zorobabel (também de descendência davídica, filho de Salatiel e neto do rei Joaquim - Esd 3,2 - ou, segundo 1Cr. 3,19, filho de Faraías e neto de Joaquim), foi o responsável pela continuação da construção do templo e de Jerusalém. A reconstrução de um outro templo dentro do território da Samaria trouxe desavenças, pois era uma ameaça ao templo que já tinha em Samaria, o templo de Garizim. Com este impasse foi necessário utilizar a política preponderante dos persas para que se desse a construção.
No sétimo ano de Artaxerxes, Esdras, "o escriba da lei do Deus do céu", foi enviado pelo rei com a missão de fazer valer a lei entre os habitantes de Judá ("todo aquele que no meu reino pertença ao povo de Israel") - Esd 7,13-26. Ano 458a,C.
A leitura da lei por Esdras em uma assembléia solene de sete dias em Jerusalém (Ne 8,1-18), recorda a proclamação do livro da Aliança, o Deuteronômio, nos tempos de Josias, e faz pensar que se trate de sua primeira apresentação oficial, com o respaldo das autoridades persas, não somente da província mas também do império.
A redação do Pentateuco foi feita na primeira metade do século V.; o simples fato de sua composição revela uma unificação dentro da classe dominante de Israelitas. Esta obra foi feita sobre a base de relatos das origens de Israel, começando com a criação até Moisés. Os relatos eram antagônicos em muitos pontos. A combinação do Javista e do Eloísta foi feita sob os auspícios da corte de Ezequias no final do século VIII. Dava grande realce aos patriarcas que inclusive estabeleceram santuários e sacrificaram em lugares como Hebron e Betel. Exaltava também a figura de Moisés, enquanto colocava em dúvida a retidão de Aarão. Por sua vez, o relato sacerdotal era uma leitura revisionista. Reduzia a figura dos patriarcas e exaltava a de Aarão. Somente teria sido possível combinar estes relatos, com pontos de vista antagônicos, se as forças sociais que representavam tivessem logrado uma reconciliação.
Nos últimos anos do reinado da dinastia davídica houvera tensões entre os projetos deuteronomista e sacerdotal. Com o fim da monarquia se evitou um dos principais problemas entre estes dois grupos da elite de Jerusalém, pois seus pontos de vista com relação aos reis eram muito diferentes.
O resultado final da redação de uma única versão das origens de Israel, desde a criação até a morte de Moisés, leva acentuadamente a marca sacerdotal. Isto reflete a realidade política da força do grupo sacerdotal que controlava o templo e contava com o apoio do império. Do ponto de vista popular, dever-se-ia dizer que em meados do século V a classe dominante estava unificada.
A missão de Esdras, promulgando a lei de Moisés, legítima posição dominante do templo. Uma das principais tarefas de Esdras foi impor à população as proibições de matrimônios mistos (Esd 34,16; Dt 7,3), e isto com tal rigor que obrigava a divorciar-se aqueles cujas mulheres não podiam demonstrar sua genealogia israelita (Esd 9 - 10). Esta era uma repressão da Golá contra os que viviam no campo e nunca sofreram o exílio. É um projeto de dominação da casta sacerdotal sobre a base camponesa da sociedade.
No ano 445 a,C. o rei Artaxerxes enviou a Jerusalém Neemias, um israelita de sua confiança, com uma missão bastante ampla. Devia reconstruir os muros de Jerusalém, povoar a cidade e tomar as medidas civis necessárias para consolidar a região.
Apesar de Neemias ter o apoio do rei, encontrou oposição das províncias contíguas, para as quais um Judá forte não era desejável. Da menção dos inimigos de Neemias em textos como Ne 4,1 e 6,1 podemos deduzir que as províncias confinantes eram Samaria ao norte, Amon ao oriente, Arábia ao sul e Azoto ao ocidente. Samaria foi a mais afetada, pois perdia parte do seu território, incluindo o templo, aonde alguns de seus habitantes queriam continuar fazendo peregrinações. Mas nas outras províncias também, especialmente Amon, havia fiéis de Javé que olhavam para Jerusalém como sede principal de culto.
Os últimos Profetas apresentados com seus próprios nomes como enviados de Javé foram Ageu e Zacarias, nos tempos da construção do segundo templo (520-516 a,C.). Estes, ao invés de serem defensores dos interesses populares, dedicaram-se a urgir do povo respaldo ao projeto da Golá de reconstruir o templo. Ao longo do período de hegemonia persa os verdadeiros sucessores dos profetas viveram no anonimato. Pensando que o Espírito de Javé não estava inspirando profetas autênticos, conformaram-se em estudar as profecias dos profetas antigos e acrescentar comentários anônimos às coleções de seus ditos. Estes piedosos e diligentes sucessores dos grandes profetas são conhecidos como "dêutero-profetas". Seus ditos se encontram em passagens como Is 24 - 27; Jr 23,34-40; Zc 9 - 14 ; Jl 3 - 4 e todo o livro de Malaquias (que não é um nome próprio e parece ter-se composto como apêndice de Zacarias).
Zacarias 13,2-6 ilustra a amargura destes círculos contra os levitas que se faziam passar por profetas, roubando da memória do povo humilde de Javé, a imagem dos verdadeiros profetas. Afirma este comentarista profético que todo aquele que ousa declarar-se profeta é um mentiroso e deve ser morto pelos próprios pais. O Espírito de Javé abandonou seu povo depois de ter-lhe dirigido insistentemente a palavra, por tanto tempo, através dos profetas. Segundo o gracioso poema de Joel 3,1-5, Javé mandará novamente seu Espírito nos últimos tempos e os anciãos terão sonhos e os jovens terão visões. Enquanto isso, os que se chamam profetas não são mais que impostores. Na mesma linha de pensamento o livro de Malaquias afirma o envio, nos últimos tempos, do profeta Elias para preparar a salvação de seu povo (Ml 3,1. 23-24).
O contraste entre Crônicas e os dêutero-profetas é a expressão religiosa de um conflito de classes. É o enfrentamento do povo humilde do campo contra os exilados que voltaram a se instalar em Jerusalém, durante a dominação persa. Voltavam com a proteção do império e como os legítimos representantes da fé em Javé. Foi uma tentativa de roubar a fé do povo, convertendo-os em instrumento de sua própria opressão.
O fim da soberania persa sobre a Palestina aconteceu quando Alexandre, o Grande conquistou o Oriente e venceu o Grande Império Persa. Após sair-se vitorioso sobre Dario III, na Batalha de Isso em 333 a.C. Começaria então a rápida helenização do Oriente, tão portentosa para todos os seus povos e não menos para os judeus.
Alexandre seguiu rapidamente para o sul, através da Palestina, e depois de uma demora de dois meses diante de Gaza, entrou no Egito sem resistência (332). Os egípcios, totalmente insatisfeitos com o domínio persa, recepcionaram-no como libertador e o aclamaram faraó legítimo.
Alexandre não tinha ainda trinta e três anos de idade (323) quando ficou doente e morreu na Babilônia. Mas sua breve carreira assinalou uma revolução na vida do antigo Oriente, e o começo de uma nova era em sua história.
Nem bem Alexandre morrera, seu império começou a desintegrar-se, enquanto seus generais entre si, procurando obter todas as vantagens que pudessem. Destes generais, só dois nos interessam: Ptolomeu ( Lagi ) e Seleuco ( I ). O primeiro assumiu o controle do Egito e estabeleceu sua capital na nova cidade de Alexandria, que em breve tornou-se uma das maiores cidades do mundo. O outro, estabeleceu-se na Babilônia (em 312/11), estendeu seu poder em direção oeste até a Síria e em leste até o Irã; suas capitais ficavam em Selêucia, sobre o Tigre, e Antioquia, na Síria. Ambos, rivais, cobiçavam ardentemente a Palestina e a Fenícia. Mas Ptolomeu, depois de muitas manobras, teve sucesso. Quando a situação política se estabilizou, depois da batalha de Ipsos (301), esta área ficou sob seu completo domínio e foi governada por quase um século pelos ptolomeus.
Os Selêucidas e a Síria (198-167 a.C.) — Durante todo o tempo da dominação ptolomaica na Palestina, os reis selêucidas da Síria estiveram olhando gananciosamente a área rica em ferro e outros metais. Os judeus da Palestina eram um "futebol" político entre os dois países poderosos. Devido a casamentos mistos e complicações políticas, Antíoco III (o Grande) marchou contra Ptolomeu Epifânio, em 198 a.C. Na Batalha de Panéias, o exército egípcio, sob a liderança de Escopas, foi derrotado. Os judeus parece terem recebido Antíoco de braços abertos, sendo que a princípio a resistência dos judeus foi somente passiva.
A medida que a perseguição aumentava em intensidade e os fogos da adoração de Deus queimavam cada vez mais baixo, iniciou-se a resistência ativa. A liderança para a organização da resistência ativa começou com um sacerdote, na cidade de Modin, situada entre Jerusalém e Jope. Matatias era da linhagem de um certo Asamoneu ou Chasmon (Hasmon). É deste último nome que a família tirou seu nome, hasmoneu. Estando avançado em idade, Matatias teve cinco filhos: João, Simão, Judas, Eleazar e Jonatã. Judeus de toda a Palestina, insatisfeitos com as políticas de helenização de Antíoco Epifânio e o sacerdócio corrupto, vieram a responder à chamada às armas. Muito antes, os hasidim ou assideus (zelotes da lei) uniram-se a Matatias. Após um ano e a morte do pai, a liderança do exército passou a Judas, Simão servindo como conselheiro principal. Judas provou ser um general capaz e levou o nome de Macabeu ("Martelador"). Depois de uma série de brilhantes vitórias, ele entrou em Jerusalém e rededicou o Templo, em 25 de dezembro de 165 a.C.
Em 63 a. C, divididos em grupos rivais, que sustentavam dois reis diferentes, os judeus foram reduzidos a pedir arbitragem de Roma, que compareceu na pessoa do general Pompeu. Tomando o partido de um deles, Pompeu conquistou Jerusalém depois de um cerco de três meses, foi o começo da dominação romana, que se estendeu até o século VII d.C., quando cedeu lugar aos invasores árabes.
O Novo Testamento observa a presença de partidos religiosos (seitas) que eram desconhecidos no Velho Testamento. A fonte principal de informação é encontrada nas obras de Flávio Josefo. Em dois de seus livros, As Guerras dos Judeus (II, viii, 1-4) e As Antigüidades dos Judeus (XIII, v. 9), ele escreve acerca de quatro desses partidos: fariseus, saduceus, zelotes e essênios.
Muitos tipos de literatura foram escritos pelos judeus durante a época do período interbíblico: história, ficção, sabedoria, gêneros devocional e apocalíptico. A maior parte desses escritos perdeu-se, e o que sobreviveu se fez através de judeus cristãos, pois os judeus procuraram destruir todos os "livros de fora". Foi costumeiro agrupar-se esses escritos em duas classificações, conhecidas como Apócrifos (aqueles juntados com o Velho Testamento, em vários manuscritos da Septuaginta) e os Pseudo-epígrafos (aqueles escritos durante o período, mas não juntados à LXX).
O cânon encerrado do Velho Testamento foi formado por estágios, e não se completou até após a Guerra Judaico-Romana (66-70 d.C), quando se tornou evidente que o cristianismo e o judaísmo haviam-se definidamente separado, com nenhuma esperança de reconciliação.
Alguns desses livros têm grande valor histórico; outros são clássicos devocionais; uns são interessantes; outros, definidamente, são invenções. Tanta coisa, nessa literatura, é abertamente supersticiosa e fora de harmonia com o restante das Escrituras, que não pode ser admitida como sendo inspirada. Pode ser lida proveitosamente, mas não deve ser usada como autoridade em doutrina.
Concluindo:
Normalmente, se estuda historia de Israel até Jesus Cristo; mas a historia do judaísmo vai alem, passa pela destruição do templo no ano 70 e chega até os dias de hoje.
O que aconteceu com o povo? Ele não acabou! Depois da instituição do Estado de Israel após a segunda grande guerra, este povo voltou para a terra e continua existindo. A historia do judaísmo tem muito a nos ensinar e certamente não aconteceu como narra a Bíblia. Por isso, o povo judeu faz uma analise histórica de suas origens em busca de sua verdadeira historia.
Os livros bíblicos são teológicos e políticos, Não dá para dizer seguramente de onde vem o povo de Israel, mas as tribos que existiam em dado momento, começam a cultuar o Deus de Abraão nas montanhas da Judéia. Local de povo pobre, pastores com pouco rebanho. Este povo é que dá origem aos judeus. Portanto, não é um povo que veio de fora e invadiram a região, é um povo que já estava lá.
Para a historia bíblica, tudo que se tem por escrito, relatos, data do século 7 ac. Tempo da literatura grega.
Neste séc. se escreve uma historia acontecida milhares de anos antes, que oralmente foi transmitida. Toda a Torá é historia ressente que conta a vida do povo a partir de dados políticos e culturais do séc. 7, 8 ac. Portanto, nada aconteceu literalmente como esta na bíblia.
Há um acontecimento, (algo real, ex. Abraão) em torno desta figura, se cria uma historia como se quer.
Uma historia de Israel, para ter valor, tem que ler os relatos bíblicos, mas levar em conta relatos extra- bíblico. Atualmente a metade do povo judeu é de ateus, e a outra metade crê pela metade.
Como aprofundamento foi utilizado o livro “A BIBLIA NÂO TINHA RAZÂO, Israel Finkeltein e Neil Asher Silberman, ed. A Girafa, 2003, São Paulo.
diácono Luciano José Dias
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