quinta-feira, 29 de julho de 2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Resenha do livro

“Contexto e ambiente do Novo Testamento”

De EDUARD LOHSE

 
Introdução:




Eduard Lohse nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 1924. De 1956 a 1971 trabalhou como professor do Novo Testamento em Kiel e na Universidade de Gotinga. Em 1971 foi nomeado bispo da Igreja luterana de Hanover.

Lohse apresenta uma exposição clara e concisa de suas convicções, estando sempre fundamentadas em criteriosa pesquisa histórica. Analisando todos os contextos (histórico, religioso, geográfico, político, econômico e social), ele coloca o seu leitor a par dos acontecimentos da época em que foram escritos os diversos livros bíblicos. A partir da análise histórica, o leitor adquire

condição para notar os detalhes que até então estavam ocultos, sem sentido e complicados.

O teor da obra de Lohse é nada menos do que o próprio título revela: “Contexto e Ambiente do Novo Testamento”. Como era de se esperar, o título reflete aquilo que a obra é como um todo. A partir de uma descrição minuciosa da história da Palestina e suas relações com outros povos, Lohse demonstra o que existe em torno de uma passagem bíblica. O livro é dividido em dois grandes blocos: o judaísmo no tempo do Novo Testamento e o ambiente helenístico-romano do Novo Testamento. O cristianismo surgiu dentre essas duas culturas: a judaica e a helenista. Nessa cultura

helenista está inclusa a influência romana que não se concentrou na cultura, mas sim, na economia, na política e na infra-estrutura.

A primeira parte da obra de Lohse, que no momento é o que nos interessa, mostra tudo àquilo que aconteceu durante o período de mais de 400 anos que separa, na Bíblia, a ultima página do livro de Malaquias da primeira página do Evangelho segundo Mateus. Esse período é chamado de período intertestamentário e foi nessa fase que se desenvolveram os grupos religiosos do judaísmo, o desenvolvimento da apocalíptica e se reforçou a esperança messiânica. O livro de Lohse em sua primeira parte mostra também, como o judaísmo se desenvolveu no tempo desde o cativeiro babilônico até a revolta de Bar Kosba. Esse estudo é importante para compreendermos os fatores originadores do cristianismo, e que o mesmo não surgiu do nada, sendo na verdade, o resultado de uma série de eventos consecutivos e cumulativos que ocorreram na história.



O desenrolar dos fatos:

Como os povos vizinhos, também os judeus sempre estiveram sob o domínio dos grandes impérios, que sucessivamente dominaram o Oriente Próximo. De vez em quando, permitiam aos pequenos povos levar uma vida independente, sem lhes criar obstáculos. Mas de tempos a tempos interferiam com violência. Tentando determinar sua forma de vida.



A história do judaísmo começa com o tempo do exílio babilônico. Os judeus levados para a terra alheia da Babilônia podiam ficar juntos e conservar sua fé no Deus de Israel. Impedidos de continuar o culto do templo permaneceram, porém, fiéis à lei do seu Deus. Após o fim do domínio babilônico, com a vitoria triunfal do rei persa Ciro, que com violentos ataques pôs fim ao reino neobabilônico, adotaram uma política diferente da dos seus antecessores, os assírios e babilônicos; não forçaram mudanças populacionais, nem exigiram o reconhecimento de uma única religião de Estado para todos, mas ligaram sua política à situação local e permitiram a continuação da vida tradicional dos povos.



Pouco tempo depois da conquista da Babilônia, o rei Ciro editou um decreto que dispunha sobre a reconstrução da “Casa de Deus” em Jerusalém e sobre a devolução dos seus instrumentos cultuais, se tirados do templo por Nabucodonosor (Esd 6,3-5).

Por encargo do “Grande Rei”, Esdras e Neemias chegaram um após o outro à Palestina para por em ordem a situação. Neemias se preocupou com a construção de uma muralha ao redor da cidade de Jerusalém. Esdras ensinou aos habitantes de Jerusalém a lei, promulgando-a em nome do rei. A lei de Israel tornou-se o direito comum persa para Jerusalém e a Judéia. Esses acontecimentos provocaram o desgosto e a inveja dos vizinhos e, especialmente, dos habitantes da Samaria que, não foram reconhecidos pelos judeus como verdadeiros israelitas. Essa separação e o grande favorecimento de Jerusalém pelo rei persa causaram entre os habitantes da Samaria um sentimento de amargura, que contribuiu para um crescente distanciamento entre norte e sul. Tal distanciamento acarretou finalmente, a separação política das províncias da Samaria e de Judéia.

Essa situação provocou neles o desejo de construir um santuário próprio, através do qual se tornariam independentes de Jerusalém. A separação entre judeus e samaritanos aconteceu depois da conclusão do Pentateuco e antes da definição dos limites canônicos das outras partes do Antigo Testamento.

No tempo em que os samaritanos obtiveram seu próprio santuário, reinava uma inimizade profunda entre eles e os judeus. Tal animosidade os levou a guerra. No ano 128 a.C., os judeus, sob o comando de João Hircano, destruíram o templo do monte Garizim.

No tempo de Jesus, judeus e samaritanos não se relacionavam (Jo 4,9). A palavra “samaritano” era utilizada como insulto contra pessoas consideradas loucas (Jo 8,48).

A comunidade cristã primitiva logo superou a separação existente entre judeus e samaritanos e levou o Evangelho para a Samaria (At 8,4-25).

Na batalha de Isso (333 a.C.), Alexandre Magno venceu o rei Dario III, abrindo-se com esta vitoria o caminho para o Egito, através da Síria e da Palestina.

A Judéia submeteu-se ao marechal Parmênio, sem tentar resistir. A Samaria, residência do governador persa, foi conquistada por Perdikkas e seus soldados.

Como os judeus se submeteram pacificamente, confirmaram-se os direitos, já obtidos sob o domínio persa, podendo continuar praticando seu culto livremente.

O comercio e a forma de vida dos gregos se difundiram por todo o país. Os povos do Oriente Próximo se abriram à influencia grega, às atitudes dos gregos, à sua cultura e herança espiritual. Os judeus da Palestina viveram, portanto, na vizinhança imediata de gregos que impuseram sua língua comum. Quem não sabia falá-la era considerado “bárbaro”. Muitos judeus aprenderam a língua dos estrangeiros, falada em todos os países atingidos pela marcha vitoriosa de Alexandre Magno.

Com a chegada do mundo helenístico, os judeus aprenderam a discutir da mesma maneira, investigando e esclarecendo a verdade da vontade divina na forma de um diálogo didático. Porem, a lei, transmitida pelos pais e antepassados, escrita na língua hebraica, obrigava a comunidade a conservar a fé antiga, a celebrar o culto segundo a lei de Moisés e a conscientizar-se da eleição de Israel como povo de Deus em meio a todos os povos.

Em conseqüência da morte prematura de Alexandre Magno, aos 33 anos de idade, seu império entrou em convulsões políticas. Como os generais do rei brigavam pela herança, quebrou-se a unidade do reino. O governador Ptolomeu, com resistência no Egito, ordenou a ocupação da Palestina e a colocou primeiro sob seu domínio.

Como os persas e Alexandre Magno, também os ptolomeus não interferiram nos assuntos internos da comunidade cultual de Jerusalém. A direção do povo judeu estava na mão do sumo sacerdote, que podia ordenar e administrar os interesses judaicos, com a aprovação do soberano helenístico.

Depois de uma primeira tentativa frustrada, o rei sírio, Antíoco III (223 – 187 a. C.), conseguiu tirar a Palestina das mãos dos egípcios, no final do terceiro século. Os ptolomeus tiveram que se retirar e deixar o país na mão dos sírios.

Os judeus, durante a luta, colocaram-se do lado dos sírios, por isso, eles trataram os judeus de maneira favorável e, aos direitos já obtidos foram acrescentados outros privilégios: as necessidades e os gastos do culto do templo deveriam ser cobertos até determinada soma pelos cofres do Estado, e se concedeu isenção de impostos aos membros do conselho de anciãos e aos escribas.

Essa situação amigável, porém, não havia de perdurar por muito tempo.

Quando, no ano 175 a. C., Antíoco IV assumiu o governo da Síria, Onias era sumo sacerdote em Jerusalém. Tinha porém, adversários no clero, sobretudo na pessoas do seu irmão Josua e entre os partidários da helenização. Josua helenizou seu nome, transformando-o em Jasão, e ofereceu aos sírios uma quantidade considerável de dinheiro, que devia ser arrecadada através de um aumento dos impostos. Também conseguiu a remoção de Onias do cargo e sua própria nomeação como sumo sacerdote. Embora Jasão ordenasse ministrar o culto no templo, conforme as prescrições da lei, não deixou de promover com toda a energia a continuação da helenização. Após três anos do governo sacerdotal de Jasão, um homem chamado Menelau ofereceu mais dinheiro do que Jasão. Menelau, então, foi nomeado sumo sacerdote em lugar de Jasão. O cargo de sumo sacerdote tornara-se objeto comercial da política.

Antíoco, em 169 a.C., quis encher seus cofres, vazios por causa das guerras, saqueando o templo de Jerusalém: os instrumentos preciosos do templo, o altar de incenso, o candelabro de sete braços e a mesa dos pães de oblação foram levados para Antioquia (1Mc 1,20-24).

Com a nova intervenção, a helenização devia ser completada a força, acabando com a vida própria da comunidade judaica. Os muros de Jerusalém foram derrubados, e na colina da antiga cidade de Davi se construiu uma fortaleza (Acra). Proibiu-se aos judeus, sob pena de morte, a observância do sábado, bem como a circuncisão dos seus filhos. Em Jerusalém, no lugar do altar dos holocaustos. Foi erigido um altar pagão para realização de sacrifícios ao Deus supremo, o Zeus olímpico (167 a.C.,). Também porcos foram oferecidos como sacrifício.

Para os judeus, a profanação significou o horror da devastação (cf. Dn 11,31; 12,11). Essas ocorrências acarretaram uma perigosa crise para o judaismo, cujo fim parecia estar próximo.

A chama da revolta contra o domínio estrangeiro acendeu-se por ocasião de um incidente na pequena aldeia de Modin, perto de Lidda. Os inspetores do rei chegaram também a esse lugarejo a fim de forçar os judeus a oferecer sacrifícios pagãos. Lá morava o velho sacerdote Matatias, chefe de uma família denominada “asmoneus”, conforme seu ancestral. Matatias matou um judeu, disposto a oferecer sacrifício no altar, bem como o funcionário real que pedira o sacrifício. Matatias e seus filhos precisaram fugir e retira-se para as montanhas de Judá (1Mc 2,15-28). Logo um grupo de judeus, dispostos a lutar, juntou-se a eles. Quando, pouco depois, morreu o velho sacerdote Matatias, seu filho Judas assumiu a liderança dos guerreiros. Este recebeu o apelido de “o macabeu”, que significa “aquele que é como um martelo”. Judas tornou-se guerreiro hábil, respeitado por seus amigos e temido por seus adversários. O rei Antíoco, mandou seu general Lísias para a Palestina. Judas obteve êxito contra ele. Venceu o sírio em vários combates, marchou vitorioso para Jerusalém, ocupou o santuário profanado e restaurou a veneração ao Deus de Israel, prescrita na Lei.

Muitos setores do povo judeu ficaram contentes com o resultado da luta de libertação dos macabeus, sobretudo porque, depois de algum tempo, o cargo de sumo sacerdote pôde ser ocupado de novo.

Judas morreu, no ano 160 a.C.. Sucedendo a Judas, seu irmão Jônatas tornou-se líder. Quando Jônatas foi assassinado em 143 a.C, através de um estratagema dos sírios, seu irmão Simão, o terceiro dos irmãos macabeus, assumiu a liderança na luta.

Sob o governo de Simão, os judeus viviam novamente em situação pacifica. As pessoas se sentiam aliviadas. Elogiavam o reinado de Simão, como tempo de paz e felicidade, e, a fama de seu nome chegou até o extremo da terra. Protegeu os pobres do seu povo, foi observante da Lei, e eliminou os apóstatas e perversos. Cobriu de esplendor o Templo e multiplicou seus utensílios sagrados. 1Mc 14,8-15).

O reinado de Simão terminou abruptamente quando o rei foi vitima de um atentado perpetrado por seu genro Ptolomeu. O assassino, porém, não conseguiu tomar o lugar de Simão. Ao contrário, o governo foi entregue ao filho deste, João Hírcano, conforme as decisões tomadas pelo povo no tempo de Simão.

Apesar de uma política bem sucedida nos empreendimentos guerreiros, hírcano encontrava pouca aceitação junto ao povo e entre os piedosos. Dos grupos de judeus fiéis a Lei, nasceu a comunidade dos fariseus. Originalmente, os asmoreus simpatizaram com eles; mais tarde, porém, começou um acentuado distanciamento.

Após a morte de Hírcano, seu filho Aristóbulo usurpou a regência. Aristóbulo comportava-se como os reis de pequenos Estados orientais e foi o primeiro governante judeu a atribuir-se o título de rei.

Depois de um curto reinado, Aristóbulo morreu em 103 a.C. Sua esposa, Salomé Alexandra, libertou da prisão aos irmãos do rei morto e entregou o governo ao mais velho, tornando-se sua esposa. O novo rei mudou seu nome Jônatas para o nome grego Janeu, chamando-se Alexandre Janeu. Segundo a tradição, em seu leito de morte Alexandre Janeu aconselhou sua esposa Salomé Alexandra a reconciliar-se com os fariseus. Após a morte do rei, ela assumiu o governo, e por nove anos o dirigiu com cautela e sabedoria (76-67 a.C.). a tradição farisaica elogia seu seu governo como um período pacífico e abençoado.

Quando Salomé Alexandra morreu no ano 67 a.C., devia sucede-la no trono seu filho Hírcano II. Mas seu irmão Aristóbulo começou a disputar com ele a dignidade real. Essa briga se transformou em um conflito armado em que os soldados de Aristóbulo se mostraram superiores aos de Hírcano. A dignidade de sumo sacerdote e de rei passaria para Aristóbulo. Porem, o poder superior de Roma se interpôs, determinando, a partir daí, o destino do Oriente Próximo e com isso também o da Palestina. Quando Pompeu se acercou com suas legiões, dissolveu-se o enfraquecido reino dos selêucidas, incorporando-se ao Império Romano como província “Síria”.

Pompeu entrou em Jerusalém e pisou no templo, vendo também o santíssimo. Todavia, não roubou nada do santuário e ordenou a retomada do culto quanto antes.

Aristóbulo e seus dois filhos, Alexandre e Antígono, foram levados presos para Roma. Hírcano retornou como sumo sacerdote.

Pouco tempo depois, Aristóbulo e seus filhos fugiram do cativeiro retornando para a Palestina e começaram a tramar contra o poder vigente, mas nada conseguiram.

Os violentos conflitos pelo poder no império Romano produziram também seus efeitos na Palestina. Na luta entre Pompeu e César, Hírcano e seus homens se encontravam sob o domínio de Pompeu, em cuja mão estava o leste do império. Tendo César saído vitorioso do conflito e Pompeu assassinado no Egito em 48 a.C., Hírcano e Antípatro conseguiram passar rápida e felizmente para o lado vitorioso.

César não somente renovou os direitos da comunidade cultural de Jerusalém, como também concedeu outros privilégios: de novo, anexou-se a cidade de Jope ao domínio do sumo sacerdote, Hírcano foi confirmado no seu cargo e nomeado etnarca e aliado dos romanos.

A judéia se libertou da obrigação de sustentar legiões romanas durante o inverno.

A partir daí, o judaísmo se encontrava sob a proteção do Estado romano.

Em virtude do assassinato de César (44 a.C.), novas convulsões sacudiram o império. Hírcano e Antípatro ficaram primeiro ao lado dos assassinos de César, cujo poder, porém, não durou muito tempo. Octaviano e Antônio venceram-nos na batalha de Filipi, em 42 a.C. após a vitória, Antônio assumiu o governo do leste do império, residindo em Alexandria com a rainha Cleópatra.

Antípatro tornou-se vitima de um atentado. Antonio confirmou Hírcano e os dois filhos de Antípatro nos seus cargos. Hírcano continuava como sumo sacerdote. Herodes e Fasael governavam o país.

Subitamente, a região foi invadida pelos partos, oriundos do Oriente. Os partos prenderam Hírcano e Fasael; Fasael se suicidou, e Hírcano foi entregue a Antígono, que assumiu o mandato de sumo sacerdote e rei, dominando por três anos. Eliminados Hírcano e Fasael restou somente Herodes, que fugiu para os romanos, procurando ajuda.

Herodes em 40 a.C., por decisão oficial do Senado, foi nomeado rei dos judeus, sendo primeiro rei sem terra, porque na Palestina se encontravam seus piores inimigos.

Em pouco tempo, os romanos expulsaram os partos da Síria. De lá, Herodes atacou a Palestina, com o apoio dos romanos. No ano 37 a.C., conseguiu ocupar Jerusalém e tomou posse do trono.

Herodes eliminou os adversários do seu regime e todos os considerados perigosos para seu governo. Não respeitou laços de amizade ou relações familiares. Herodes não era de descendência sacerdotal. Por isso, não podia tornar-se sumo sacerdote, por isso nomeou ao cargo um homem submisso a ele e depois transferiu o cargo a seu cunhado Aristóbulo. Um ano depois Aristóbulo foi assassinado no banho, as suspeitas recaíram sobre Herodes.

Por ciúme dos asmoneus, Herodes mandou matar sua esposa Mariamne e, tempos depois, também seus filhos Alexandre e Aristóbulo. O rei conservava a simpatia para com seu filho primogênito, Antípatro, mas, pouco antes de sua morte, mandou executa-lo como traidor. A suspeita determinava o agir de Herodes. Herodes estava sempre muito alerta a qualquer perigo que ameaçasse seu domínio e poder. Não hesitava em mandar assassinar qualquer pessoa que pudesse tornar-se perigo para ele. Por causa do regime linha dura e do terror com que suprimiu qualquer movimento de oposição, foi odiado pela maioria do povo.

No final do governo de Herodes, nasceram João Batista e Jesus de Nazaré (Mt 2,1; Lc 1,5). No testamento feito pelo rei, pouco antes de sua morte, repartiu seu reino entre seus três filhos Arquelau, Herodes Antipas e Filipe.

Antipas e Felipe foram nomeado tetrarcas, ou seja, pequenos príncipes. Arquelau não recebeu titulo de rei, mas somente um inferior, o de etnarca. Para o povo, essas diferenças de título nada significavam. Considerou os governantes como reis. Por isso, o Novo Testamento chama de reis Arquelau (Mt 2,22) e também Herodes Antipas (Mc 6,14.26; Mt 14,9).

Arquelau foi o mais odiado pela população. Governava com rigidez tão arbitrária e brutal, que seus súditos mandaram uma vez mais uma queixada a Augusto. O imperador atendeu às suas queixas e no ano 6 d.C., Arquelau foi destituído e exilado para a Gália. Seu domínio ficou na mão do governador romano, que ordenou e realizou um censo geral da população na Síria e na Palestina. Portanto, no tempo de Jesus, a Galiléia e o norte da Transjordania encontravam-se sob o domínio de príncipes judeus, enquanto a Samaria, a Judéia e a Iduméia eram governadas pelo procurador romano (Lc 3,1).

No tempo de Jesus, Pôncio Pilatos exerceu o cargo de procurador (26-36d.C.). Filo de Alexandria relata que sua administração consistia em “corrupção, violência, roubos, tortura, ofensas, continuas execuções sem processo, crueldade habitual e insuportável”.

Quando numa ocasião peregrinos Galileus quiseram sacrificar em Jerusalém, Pilatos ordenou uma matança sangrenta entre eles (Lc 13,1). Mandou prender e matar pessoas suspeitas de serem revolucionárias (Mc 15,7). Esse homem duro e sem escrúpulos certamente não tinha receio de, após um interrogatório sumário, sentenciar à morte na cruz um judeu, entregue pelo Sinédrio como pessoa politicamente suspeita. Assim, Jesus de Nazaré morreu fora de Jerusalém, submetido pelo procurador romano ao castigo mais vergonhoso que o mundo antigo conhecia.

Herodes Antipas governou a Galiléia entre 4 a.C., e 39 d.C. ele estava casado com a filha de um rei nabateu. Mais tarde, tomou Herodíades como sua mulher, esposa do seu meio-irmão, um Herodes pouco conhecido. Desta maneira, infringiu a Lei. Herodíades era neta do rei Herodes e de Mariamne e filha de Aristóbulo, executado, como sua mãe, por ordem de Herodes. Ele repudiou sua primeira esposa, deixando-a voltar para seu pai, no reino nabateu.

O casamento com Herodíades trouxe desgraça para Herodes Antipas. O rei dos nabateus, indignado, iniciou uma guerra contra seu antigo genro, derrotando-o completamente. A ambição de sua esposa Herodíades foi fatal para Herodes Antipas. Ela insistiu que ele se esforçasse junto ao imperador Calígula para conseguir sua investidura como rei. A tentativa do príncipe falhou. Calígula suspeitou de Herodes Antipas e o mandou para o exílio na Gália (39 d.C.).

Angripa, neto de Herodes, tinha passado muito tempo em Roma, mostrando-se suficientemente hábil para conseguir o favor de Calígula. Em 41 d.C., recebeu o governo da Judéia, da Samaria e da Iduméia, reunindo assim aob seu cetro todo o reino antigamente dominado por seu avô. Nesse tempo, a ameaça de um conflito de grande proporções pairou sobre o país. Querendo colocar sua estátua no Templo de Jerusalém, Calígula provocou forte reação dos judeus, que viram nisso o horror da devastação, erigido no lugar santo (Mc 13,14). Calígula foi assassinado repentinamente (41 d.C.). seu sucessor, Cláudio, não insistiu no culto divino de sua pessoa no Templo.

Herodes Agripa apresentava-se como judeu piedoso, cioso da fiel observância da Lei. Por isso, os escribas e fariseus o louvaram muito; ele agradava aos fariseus, perseguindo a comunidade cristã de Jerusalém. Mandou matar Tiago, filho de Zebedeu, e prender Pedro (At 12,1-3). Quando morreu, o governo não foi entregue a seu filho Agripa. Todo o país foi anexado à província séria. A administração foi assumida por um procurador romano, com residência em Cesaréia e submetido ao governo da Síria.

Alguns anos mais tarde, Agripa II recebeu o território anteriormente governado por Felipe. Agripa II também causou escândalo ao viver permanentemente na companhia de sua irmã Berenice (At 25,13). Conforme os boatos, tratava-se de uma relação incestuosa.

No país, cresceu o ódio contra os romanos, ocasionando continuas agitações.

A atitude brutal da ocupação romana levou a uma escalada de ódio entre a população judaica. Agripa tentou convencer os judeus do absurdo de uma revolta armada contra Roma. O sumo sacerdote, os círculos sacerdotais e também os fariseus exortaram a proceder com moderação. Mas já não era possível debelar o incêndio. Não mais se ofereceu o sacrifício diário pelo imperador romano, assinalando assim o inicio da revolta aberta. Diante do ímpeto da revolta a fortaleza Antonia também não resistiu. Foi tomada, ficando toda a cidade na mão dos judeus.

Os romanos, surpreendidos pelo rápido desenrolar dos acontecimentos, não mais dominavam a situação.

O imperador Nero encarregou Vespasiano, seu general mais capacitado a comandar a guerra contra os judeus. Vespasiano juntamente com seu filho Tito, aproximou-se com grandes contingentes de Antioquia. Tito trouxe tropas do Egito. O ataque dos romanos dirigiu-se primeiro contra a Galiléia, depois, após quarenta e sete dias de cerco, sucumbiu a resistência, exigindo os zelotas o suicídio de todos os defensores. Josefo rejeitou essa pretensão e foi suficientemente esperto para salvar-se. Entregou-se a Vespasiano, profetizando-lhe a obtenção da coroa imperial. Vespasiano deu-lhe a vida e Josefo ficou permanentemente no quartel general dos romanos. Assim. Ele se tornou testemunha ocular e historiador de toda a guerra judaica.

João de Cisala, líder dos zelotas, fugiu com um pequeno grupo para Jerusalém. No ano 67 d.C., toda Galiléia se encontrava de novo nas mãos dos romanos.

A guerra devia ser decidida em Jerusalém. Naquele tempo, a comunidade cristã primitiva, não participante da revolta, deve ter abandonado a cidade, dirigindo-se a Pella, na Transjordânia. No ano 69 d.C., Vespasiano foi proclamado imperador por seus soldados. Viajou para Roma, entregando a continuação da guerra a seu filho Tito. Durante a páscoa do ano 70 d.C., Tito aproximou-se com quatro legiões e tropas auxiliares bem equipadas, cercando Jerusalém com seus habitantes e peregrinos.

No discurso de Jesus sobre o juízo final, segundo o Evangelho de Lucas, fala-se dessa situação desesperada: “Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela esta próxima” (Lc 21,20). “Dias virão em que os inimigos farão trincheiras contra ti, te rodearão e te apertarão por todos os lados. Eles esmagarão a ti e a teus filhos, e não deixarão em ti pedra sobre pedra” (Lc 19,43ss). Guerrilheiros judaicos capturados foram crucificados pelos romanos. Erigiram-se cruzes em cima dos diques, ao redor da cidade, para assustar os defensores.

Os romanos quebraram os três anéis da muralha que cercava a cidade, avançando cada vez mais contra a resistência dos defensores. O templo foi devorado pelas chamas durante os últimos combates. Tito conseguiu entrar no santíssimo, pouco antes de seu desabamento. O candelabro de sete braços e a mesa dos Pães de oblação foram salvos como troféus, para serem levados ma marcha triunfal, de cuja memória o arco de Tito em Roma nos dá testemunho.

Devido à queda do Templo e da cidade, o judaísmo perdera seu centro visível.

O judaísmo era capaz de sobreviver a essa catástrofe terrível, porque possuía forças vitais suficientes, possibilitando-lhe novo começo. Os fariseus se ocuparam decididamente aos sacerdotes de orientação saducéia. Os saduceus, porem, foram mortos na destruição de Jerusalém. Por isso, o movimento farisaico, guiado por escribas, caracterizou a reconstrução das comunidades judaicas, dirigindo seu retorno e acolhimento após o desastre. Com a queda do Templo, findou-se o culto sacrificial. A adoração do Deus de Israel continuaria nas sinagogas, em cujo culto entraram partes da liturgia do Templo. Em Jâmnia, reuniu-se um novo Sinédrio, do qual não mais participaram sacerdotes e anciãos, mas somente escribas.

Nas ruínas de Jerusalém, construiu-se um templo para Júpiter. A nova cidade foi habitada somente por não judeus. O acesso dos judeus foi proibido.

Somente no séc. IV d.C. foram autorizados a entrar na cidade uma vez ao ano para relembrarem o fato da destruição junto ao muro das lamentações, o que sobrou do templo herodiano.



Considerações finais:

No decorrer de nosso trabalho, podemos averiguar que o território de Israel sempre esteve no centro das disputas políticas, econômicas, sociais e religiosas desde que se têm registros. Estas disputas, em determinado tempo se torna mais acentuada, e, por muitas vezes Israel se vê sob a dominação de outros povos. Podemos notar que a crença de Israel em um Deus, que lhes promete a posse da terra, é, o combustível que possibilita sua resistência durante os momentos de opressão; pois uma vez feita a promessa por seu Deus, esta tende a ser cumprida. É exatamente esta certeza de fé que propicia Israel constantemente se levantar das cinzas e lutar por sua identidade dentro da história.

Muitas dúvidas pairam ainda hoje, sobre a real história dos fatos ocorridos que levaram á formação de Israel, entretanto, não resta duvida nenhuma sobre a persistência deste povo, mesmo que sob o julgo dos opressores, em continuar mantendo viva sua cultura e historia indo contra tudo e contra todos, apoiados apenas na certeza de que seu Deus lhe dará a vitória. Assim sendo, podemos supor que possa realmente existir algo a mais, algo de divino na historia deste povo.

O mais gratificante em estudar Israel, talvez seja poder constatar que o Cristianismo traz consigo a extensão das promessas deste Deus que em Jesus Cristo, “JUDEU” nos adotou como um só povo, nos guiando a Jerusalém Celeste.

Diácono Luciano José Dias

terça-feira, 20 de julho de 2010

Para Ler o Antigo Testamento

RESENHA DO LIVRO

“PARA LER O ANTIGO TESTAMENTO”

Etienne Charpentier





A Bíblia surge no meio de um povo do Oriente, o Povo de Israel. Este povo cria uma literatura que relata sua história, suas reflexões, sua sabedoria, sua oração. Toda essa literatura é inspirada pela sua fé.

A Bíblia é como uma coleção ou uma biblioteca. Ela contém 73 livros de épocas e estilos diferentes.

A bíblia não “apareceu”, mas foi constituída a partir de uma vivência dentro de uma História. Grupos de pessoas escreveram com intenção própria, com metas específicas. Elas nos passam suas experiências de vida dentro de sua história.

Por isso, quando lemos a Bíblia, temos que tomar alguns cuidados para poder bem interpreta-la, ela não é um livro que foi escrito para mim, mas sim para o contexto daquela época e antes de fazer qualquer comparação com o hoje, tenho que compreendê-la em seu próprio tempo, para depois tirar dele um sentido para mim hoje.

O estudo e o aprofundamento do texto com o auxilio de diferentes métodos de análise, tem a finalidade de levar-nos a descobrir que há uma distancia entre nós e este texto, que não devemos entrar nele de uma vez e que é arriscado irmos logo projetando nele nossos sentimentos e nossa psicologia.

Alguns passos importantes nos ajudam a ler a Bíblia:



Ler muito a Bíblia. Mastigar cada versículo. Atravessar o texto. A leitura da Bíblia quando feita com fidelidade vai abrindo, aos poucos os nossos olhos sobre a realidade e nos levará a uma opção pelos pobres e a um compromisso mais firme com a sua causa.



Procurar descobrir no texto o que o autor do texto quer nos dizer; qual a mensagem principal do texto; quais os personagens e os lugares que aparecem no texto; qual a situação econômica - social – política - religiosas e ideológicas que o texto revela.



Ter visão de conjunto da Bíblia. Conhecer as grandes etapas da história do povo de Israel. Ter algumas noções sobre a situação do povo daquele tempo.

Procurar ver que o texto da Bíblia deve ser aprofundado em três ângulos: a Bíblia, a realidade e a comunidade, levando em conta a situação do povo antigo, no tempo em que foi escrita, para iluminar a situação de hoje, lendo, refletindo e rezando a Bíblia em grupos, porque ela é o livro da comunidade, celebrando, na comunidade, a sua caminhada de lutas, de esperanças e de alegrias.



Evitar a leitura fundamentalista da Bíblia, isto quer dizer, não ler o texto “ao pé da letra”.



A história de Israel é a história de um povo, que começa a existir numa determinada época como uma liga tribal, ou uma liga de tribos unidas em Aliança com Deus.

Esta liga começa a ser formada quando uma onda de infiltrações de famílias, principalmente arameus, nômades em busca de terra que pouco a pouco (principalmente a partir do século XIII), foram modificando as regiões da mesopotâmia, Síria e Palestina. “Arameu errante foi meu pai, e desceu do Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa”. (Dt.26,5). Na verdade todo esse processo de sedentarização (fixar-se na terra), começa por volta de 3000 anos antes de Cristo, incentivados pelo fenômeno natural da mudança regular de pasto: esses povos deixaram o deserto e as zonas da estepe e invadiam as terras cultivadas das regiões pouco habitadas e as aldeias em busca de melhores condições de vida, (nos fazendo lembrar o que aconteceu no Brasil com o povo nordestino). Para os povos estabelecidos, essas ondas migratórias permanentes inspiravam ameaça.



A história do povo de Israel começa lá na mesopotâmia, em Ur dos caldeus, por volta do séc. XIX ou XVIII a.C. quando tribos aramaicas penetram na terra cultivada; entre essas tribos, temos a tribo de Abraão, que era de pastores seminômades, que criavam gado de pequeno porte (carneiro,ovelhas, etc...), e como não se estabeleciam em um local fixo, não tinham a necessidade de pagar impostos. Essas tribos, na época de seca não conseguiam se manter na mesopotâmia, e se locomoviam para as terras cultivadas, onde seus rebanhos encontravam o alimento necessário nos campos já colhidos, isso provavelmente com o consentimento dos habitantes dessa terra, mas dês de que não mexessem nas plantações e não se desviassem da estrada.

Abraão e sua tribo fazem também esse movimento, mas o que distingue Abraão dos outros povos, é que a ele, este movimento se dá após a revelação de um Deus (EL) que quer fazer aliança com ele. Abraão toma consciência da desigualdade social em que sua tribo vivia e resolve lutar por uma vida plena, que se revela em “EL” seu Deus.



O poder na sociedade Cananéia estava centrado na mão do rei, e esse poder era sustentado por leis, e o rei é absoluto, porque era filho do deus “Baal”, também o poder sacerdotal estava a serviço do poder real. Sendo assim, Abraão se estabelece nas montanhas que ficam às margens de Canaã.



Mas as condições de vida nas montanhas não são fáceis, às vezes as tribos seminômades se vêem obrigadas a partir para o Egito em busca de alimentos por causa da seca, e com Abraão não é diferente, podemos ver isso em (Gn 12). Mais tarde,outro período de seca levou os irmãos de José, bisnetos de Abraão ao Egito para comprar cereais. Pouco depois, grande parte da família de “Israel” (Deus que age), se estabeleceu em Gessem, na parte oriental do Delta do Nilo. Mas com o passar do tempo, esse povo começa a ser convocado pelos egípcios contra a vontade, para determinados serviços braçais baratos, sendo convocados até para a construção das cidades de Pitom e Ramsés, vivendo assim como escravos.

É neste contexto que aparece a figura de um líder denominado Moisés.

Neste momento da história, o nome dado a Deus já não era mais “EL” (Eu sou quem eu sou, Ex 3,14) e sim o Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Moisés que teve contato com as tribos do Sinai, que denominava a Deus como “Javé”, que significa (aquele que cai, ou aquele que desce), porque originalmente era um Deus do relâmpago, da tempestade, e nessa forma verbal significa “Ele é”, no sentido de existência ativa e eficácia, Moisés passa a chamar ao Deus de seus Pais (Patriarcas) de “JAVE”, reconhecendo nesse Deus, a origem de todas as coisas.

Esse líder (Moisés), movido pela consciência da desigualdade em que seu povo se encontrava e pelo poder de Javé, começa a despertar nas pessoas o antigo espírito de igualdade e justiça no qual viviam seus antepassados, e após um longo trabalho de restabelecer na consciência do povo, este pensamento, Moisés e parte desse povo fogem do Egito em direção a Canaã. Mas este retorno não é fácil, o povo se vê perdido no deserto, e ainda tem que enfrentar a perseguição do faraó, e também atravessar o mar vermelho, tudo isso faz com que a consciência do povo vá amadurecendo, por fim, às portas de Canaã, este povo é chamado a fazer Aliança com Javé, seu Deus no monte Sinai, local onde se consolida este pacto. Chegando em Canaã, novamente eles se estabelecem na região montanhosa à margem da cidade, ali se encontram com parte da tribo de Abraão que permaneceu naquela região, e também com tribos que continuaram a vir da mesopotâmia, com tribos que vieram da região do Sinai, começando desta forma a ficarem mais numerosos. Essas tribos, num movimento lento, vão invadindo a terra cultivada de Canaã, mas esta invasão se dá aos poucos, e em alguns momentos foi necessário o confronto direto e armado para se conquistar a terra, mas isso não se deu em todos os casos.

A tomada da terra deve ter ocorrido no decorrer do Séc. XIII, pois as cartas de Amarna dão a entender que Belém, posteriormente a capital de Judá, pertencia à região da cidade – Estado Cananéia de Jerusalém, no Séc. XIV; e mais, que no Séc. XIV foram criadas na Baixa Galiléia as condições para a toma da terra da tribo de Issacar. Por outro lado, o processo deve ter terminado pelo menos 100 anos antes de Saul ter sido entronizado como rei (por volta de 1000 a.C.) pois, ao contrário, não haveria tempo suficiente para os eventos do período pré – estatal, narrados no livro dos Juízes, sobretudo para a sucessão dos chamados, Pequenos Juízes (Jz. 10, 1-5; 12, 7-15).

A tomada da terra dos israelitas não foi um acontecimento isolado. Ela se processou dentro de um grande movimento chamado de Migração Aramaica.

Aproximadamente na mesma época da tomada da terra dos israelitas e dos outros arameus, ocorreu também a invasão dos “povos dos mares”, no Oriente Próximo. No decorrer do Séc. XIII, esses povos dos mares vieram dos Bálcãs ou da região do Mar Egeu, como parte de uma migração maior. Parte da migração veio do mar, passando por Creta (que no AT tem o nome de Cáftor: Gn. 10, 14; Dt. 2, 23; Am. 9,7), e parte, por terra, através da Ásia Menor, destruindo a cultura cretense micênica, bem como o império hitita, percorrendo a costa sírio – palestinense para o sul, chegando a ameaçar o Egito, mas depois sendo destruído por ele.



O período histórico da formação da Bíblia situa-se entre 1100 a. C. ou 1200 a. C. a 100 d. C. Provavelmente, a mais antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora, que se encontra no livro dos Juízes (Jz, 5).

A parte mais antiga da Bíblia remonta justamente deste tempo (1100 a.C.), quando a escrita ainda não estava bem definida, e é oral. Desde este tempo já se fora criando uma tradição, que existia oralmente e era transmitida aos novos pelos mais velhos nas reuniões que havia nos santuários. Por este tempo, só eram relatados os acontecimentos do deserto, do Sinai, da aliança de Deus com o povo. Mas os jovens queriam saber o que havia acontecido antes disto.



Acontece que nem todos iam para os mesmos santuários, o que motivou a existência de pequenas diferenças na catequese do norte e na do sul. A tradição do sul foi chamada de JAVISTA (J), pois Deus era tratado sempre por Javé; a do norte se chamou ELOISTA (E), porque Deus era tratado como Eloi.



A tradição oral existiu até os tempos de Daví, quando foi escrita a tradição javista; meio século depois, foi escrita também a eloista. Por volta de 721 a.C., na época, da divisão dos reinos, quando Samaria foi destruída pelos assírios, muitos sacerdotes do norte fugiram para o sul e levaram consigo a sua tradição. A partir de então, as duas foram compiladas num só escrito.



Mas não existiam apenas estas duas, que são as principais. Há ainda a DEUTERONOMICA (D), encontrada casualmente em 622 a. C. por pedreiros, que trabalhavam num templo. Corresponde ao livro Deuteronômio da Bíblia atual. Após esta, surgiu a SACERDOTAL (P), nova compilação das catequeses antigas de Israel, datada do século VI a.C. Ao fim, estas quatro tradições foram combinadas entre si e compiladas em 5 volumes, dando origem ao Pentateuco da Bíblia atual.

Hoje se sabe que não existiram somente estas quatro fontes, mas sim muitas outras.



Durante os dois primeiros séculos após a tomada da terra, as tribos israelitas estavam ligadas por uma ordem sacral, e não política.

A estrutura tribal durou + ou – 200 anos. A partir do ano 1000 a.C. Israel instituiu a monarquia, isto é, almeja um rei como em outras nações (I Sam 8,5-19) entre criticas e simpatias, a monarquia perdurará até + ou – 587 a.C.



As causas que levaram Israel a monarquia podem ter sido:

1o O avanço dos Filisteus, que queriam alcançar a supremacia na Palestina.

2o A revolução tecnológica, sobretudo da aquisição do ferro para que o exército possa ser mais eficaz e constante. A revolução tecnológica na roça, onde o boi passa a trabalhar com o arado, aumentando a produção e gerando o excedente.

3o a ideologia acumulativa, onde há famílias que vão se tornando dominantes, ou seja, umas incham, e outras diminuem.



O Estado surge de dentro do clã e da tribo, porque o clã começa a concentrar poderes em 1o lugar na figura do chefe (ancião).



Os conflitos se concentram nas mãos do ancião, cabendo a ele dar soluções para os conflitos, os Juízes agora recebem tributos pelos seus serviços, dependendo do Juiz, recebia mais pelos seus serviços.

Quem tem controle e posse sobre o boi, que agora acelera a produção, também detem o poder, já nasce aqui uma questão da mão de obra escrava, (pessoas empobrecidas que se colocam a serviço de outras).

O Estado surge como imposição das invasões, guerras permanentes; agora é necessário um exercito permanente para combater os inimigos.

Além do contrato que garante a sobrevivência do exercito, o saque também é uma permanente obra na sociedade (pós – guerra). O general passa a ser o homem chave nesta sociedade, pois ele passa a ganhar muito para defender a sociedade, e quem pagar mais, é quem terá os seus serviços.

O templo é fonte de riquezas, o excedente da produção ia para o templo em forma de ofertas. Por ocasião das festas entrava muitos cereais e carnes no templo. Circula o excedente por meio do comércio e do mercadinho, daí é necessário construir uma rede de templos para estar ligado a esse comércio.



O primeiro rei escolhido por Israel é Saul, o setor profético designa Saul nos moldes tribais, ele é escolhido por aclamação popular. (1 Sm 10,1ss). Esta escolha foi também influenciada pelo fato de Saul pertencer a uma tribo que ficava no ponto central do território israelita, e era constantemente ameaçada, que era a tribo de Benjamim.

Ele foi um herói carismático a maneira antiga (como nos Juízes) com Gideão 8,22ss. Logo, não manifestou nenhum rompimento violento com o passado. Ele foi um rei, um líder ou comandante, isto significa, um rei ainda não definido.

Samuel e os anciãos não queriam Saul como rei no sentido convencional de rei (ditador), mas que fosse um líder carismático (I Sm 9,15 até 10,16 e 13,14b-15).

O povo porém, via Saul em sua dignidade de rei, porque os vizinhos também tinham o seu rei.



Com a morte da Saul, que assume o Reinado é Davi.

O Estado de Davi surge no confronto rico e pobre. Davi faz o reinado do controle da cidade com as necessidades básicas (gente pobre com fome e gente rica com medo), necessidade de defesa. Davi une estas duas contradições presentes na sociedade israelita, resolvendo da seguinte forma: Os saques atendem os pobres e a defesa atende os ricos com medo; o que não existia no reinado de Saul, mas houve uma contra posição em oposição do poder profético contra Davi (II Sm 12).

A importância histórica de Davi ultrapassou em muito sua época. Embora o Grande Reino de Davi já começasse a decair durante o reinado de seu neto, fato é que a sua dinastia permaneceu por 4 séculos no trono do Estado de Judá. Com isso ela conseguiu manter-se durante um período mais longo do que qualquer dinastia dos povos do Antigo Oriente. Apesar de toda a consideração e admiração dedicadas a Davi na tradição e na historiografia de Israel, nunca se chegou a uma apoteose. Seus erros, suas fraquezas e desvios não são omitidos (adultério com Bete-Seba, o assassínio traiçoeiro de seu marido (II Sm 11,12ss), a condescendência de Davi em relação aos seus filhos e sua desastrosa indecisão na regulamentação da sucessão). A tradição de Israel insiste muito em testemunhar que o sucessor de Davi só foi conseguido, porque “Javé estava com ele” (1 Sm 18,14; II Sm 5,10;8,6.14). A figura de Davi tornou-se o exemplo, o protótipo dos reis de Judá e, afinal, do rei messiânico dos últimos tempos (Jr 30,9;Ez 34,23 ss;37,24).



Quando por volta da metade do Séc. X a.C., Salomão assumiu como herdeiro o Grande Reino de seu pai Davi, sua tarefa deveria ter sido fortalecer o reino para fora e tentar encontrar, no plano interno, uma fórmula de equilíbrio entre os diversificados elementos que compunham. Salomão não cumpriu com essa tarefa. Em lugar disso, aproveitou os frutos que seu pai tinha conquistado com tanto esforço. O período do seu governo caracterizou-se pela pompa, no estilo dos grandes reis orientais, por grande atividade em construções e no comércio, por um grande intercâmbio diplomático e pelos primeiros frutos de uma vida intelectual em Israel.

Após a morte de seu pai, Salomão livrou-se, inicialmente de seus inimigos políticos, cuja concorrência o ameaçava. Através de Benaia, o antigo comandante dos mercenários, que ele colocou como comandante do exército, mandou matar seu irmão mais velho Adonias, que reivindicara para si o trono, seu correligionário Joabe, bem como Simei, oponente de seu pai. O sacerdote Abiatar, que se colocara igualmente ao lado de Adonias, foi desterrado por Salomão (I Rs.2).

Salomão mandou construir um templo, separado por um muro do complexo palaciano que já havia construído, e ligado através de passagens. O templo de Salomão tinha três partes: a ante-sala, o Santuário e o Santo dos Santos. A construção do templo levou sete anos.

Quando Salomão faleceu, no ano de 926 a.C., foi sucedido pelo seu filho Roboão, aparentemente sem qualquer dificuldade tornou-se rei da cidade de Jerusalém e de Judá. No Estado do Sul se impusera, de modo inconteste, a sucessão real hereditária da Dinastia de Davi. No Estado de Israel, porém, a situação era outra. Roboão foi para siquém, no Norte onde as terras são mais férteis, onde tem a criação das vacas de Bazam, lá ele pede apoio para continuar no reinado de seu pai, no entanto, ele queria ser mais duro que seu pai, e o povo não queria aceitar isso, e se revoltou contra Roboão, colocando-o para correr de siquém. No seu lugar aclamaram como rei a Jeroboão, filho da empregada de Salomão, que havia fugido para o Egito após se rebelar contra Salomão. Temos assim, o grande cisma político e religioso do reinado do sucessor de Salomão, tendo 2 Estados de Israel, que às vezes lutam entre si por suas fronteiras, vindo a chamar a atenção de outros reinos que vêem a fraqueza na divisão do reino, e esperam tirar vantagens disso. O grande motivo deste cisma foi o fator econômico (tributos).

Embora o Norte tenha ficado com o melhor lugar, do ponto de vista econômico, Roboão no Sul, fica com o templo de Jerusalém, onde todos têm que ir para fazer suas ofertas, e sacrifícios, (poder religioso). Para resolver este problema, Jeroboão constrói uma Igreja em Siquém, no Norte, e copia o mesmo altar de Jerusalém, e pela primeira vez Javé é adorado em outro templo, desta forma, Jeroboão começa a ficar mau frente ao povo mais tradicional, que só adorava Javé em um único lugar. Jeroboão também começa a fazer aliança com outros povos que exerciam outra religião, e então começa a se afundar no seu conceito de rei e acaba caindo.

Depois disto, começa-se a ter vários reis no Norte, escolhidos pelos interesses políticos de alguns grupos, já no reino do Sul, a situação é mais tranqüila, pois todos respeitam a descendência da casa de Davi, com isso, outros reinos vendo a fraqueza do reino do Norte, começam a arquitetar sua invasão, pois dada sua posição estratégica entre outros reinos e o Egito, torna-se necessário ultrapassa-lo para poder dominar o Egito.

Uma vez dominado o reino do Norte, a Síria impõe autos tributos ao reinado, mas não destrói o reino existente, que por sua vez, se sujeita a esta imposição para não morrer e ser destruído. Elias vai contra esta sujeitação do reino e dominação do povo, mas é Eliseu que esta por traz da reforma do reinado (852 a.C.). Elias se aproveita da ausência do rei Jorão e através de Eliseu despachou um dos filhos dos profetas para os quartéis generais, com a ordem de ungir Jeú rei, e Ele é ungido rei.

A unção de Jeú é uma proclamação nos moldes tradicionais da designação profética. Quando Jorão retorna já é tarde, e ele é morto por Jeú, que mata também Jesebel, empurrando-a pela janela, e mata também toda a sua família de Acabe (dinastia de Onri), e todos os seguidores de baal. Desta forma ele se sustenta no trono.

Dinastia de Jeú:

Jeú, Joacaz, Joás, Jeroboão II, Zacarias.

Jeú assumindo o poder, o reino é enfraquecido, e com isso a Assíria invade o reino, e começa a cobrar tributos para não ter que destruir o reino, desta forma a dinastia de Jeú continua a eleger seus reis normalmente, e vive uma certa paz por algum tempo, pois só era necessário pagar os tributos para ficar livre da Assíria.

O profeta Amós critica esta aparente paz, pois somente a classe alta é quem desfruta dela, e os pobres sofrem com a injustiça social, opressão, corvéia, exploração impiedosa nas mãos de uma jurisdição corrupta. Daí nasce o apelo dos profetas mensageiros de Javé.

Nesta época, quem governa a Assíria é Salmanassar III.

Depois do reinado de Zacarias nós temos: Salur, Manaem, Pecaías, Peca, Oséias. Com estes novos reis no Norte, a Assíria também ganha um novo rei que é Tiglate Pileser III. Ele submete todo mundo ao Deus do seu império que é Assur, e este deveria ocupar lugar central no templo.

O rei Peca, querendo se revoltar, busca em Damasco e Judá, uma aliança contra a Assíria, o rei de Judá não ajudou Israel e ainda avisou o rei da Assíria sobre o que estavam fazendo.

Vendo isto, Tiglate Pileser pega as lideranças políticas, religiosas e populares de Israel e manda para a Assíria, e institui governantes seus para governarem Israel, e desta forma acaba o reino de Israel, sobrando ainda o reino do Sul.



Com a invasão Babilônica a Judá, (605 aC.) o rei Jeoaquim tornou-se um vassalo de Nabucodonosor, príncipe herdeiro da Babilônia, e assim permaneceu por três anos, mas se demite da vassalagem, provavelmente depois de uma segunda batalha entre o Egito e a Babilônia no ano de 601 a.C. e que acabou sem vencedor. A principio, Nabucodonosor não tomou atitudes decisivas quanto a Judá. Somente em 598/ 97, após a morte de Jeoaquim, Nabucodonosor movimentou suas tropas contra Judá. Sua meta era derrubar do trono Joaquim, filho e sucessor de Jeoaquim, antes que ele conseguisse consolidar sua soberania, pois este estava inclinado a não aceitar o domínio babilônico. Após um breve período de sítio, Jerusalém é dominada sem oferecer uma resistência digna de nota.

Para evitar e impedir qualquer tentativa de resistência contra a Babilônia, Joaquim foi deposto e deportado para a Babilônia com toda sua família, corte, altos funcionários, nobreza, trabalhadores especializados como os construtores de fortificação e militares. Porém, Nabucodonosor não destrói Judá neste momento, Ele entronizou um outro filho de Josias, tio de Joaquim, chamado Matanias. Como sinal de seu direito de dispor sobre o recém entronizado rei, Nabucodonosor mudou o nome de Matanias para Zedequias. Tudo isso quer significar que, a principio, Nabucodonosor não anexou Judá como província do reino babilônico, mas deixou-a continuar como estado vassalo com seu próprio rei.

Por alguns anos Zedequias conseguiu manter a fidelidade de vassalo. Mas não demorou muito para que grupos do povo influenciassem Zedequias a se levantar contra Nabucodonosor.

Zedequias, confiando numa ajuda dos egípcios, rompe com a condição de vassalo. A resposta de Nabucodonosor é uma imediata guerra contra Judá, (589 a.C.). Como Judá já não tinha mais um exército, não ofereceu resistência. Nesta ocasião, as tropas ocuparam todo o território de Judá, destruíram numerosas habitações e arrasaram cidades fortificadas.

Nabucodonosor teve de interromper por pouco tempo o sítio de Jerusalém para repelir um exército egípcio que vinha em socorro de Zedequias (Jr. 37). Após um ano e meio de sítio, os babilônicos conseguiram entrar em Jerusalém. Zedequias foi capturado, seus filhos foram mortos em sua frente e logo após vazaram seus olhos. Aproximadamente um mês depois da conquista de Jerusalém, os babilônicos atearam fogo ao palácio real e a outras fortificações, a Arca da Aliança foi consumida pelo incêndio no templo. Com a destruição do templo, Nabucodonosor visava arrasar todas as esperanças que viriam a se basear no templo, o que levaria a novos levantes.

No ano de 582 a.C. foram exilados o restante da nobreza para a Babilônia, restando na terra somente classes inferiores, que eram constituídas de agricultores. Várias lideranças do povo foram executadas por ordem de Nabucodonosor. Todas essas medidas foram tomadas visando, no futuro, impossibilitar qualquer relampejo de resistência contra a Babilônia.

Toda esta situação em que se encontrava Judá, já havia sido previamente alertada pelos profetas Amós e Oséias.

Ao chegar ao século VIII a.C., a profecia israelita conta já com longa história e com nomes famosos: Samuel, Aias, Nata, Elias, Eliseu, entre os mais importantes. Entretanto, em meados deste século se produz fenômeno inteiramente novo e de grande transcendência: aparecem alguns profetas que nos transmitem a sua mensagem por escrito. O primeiro deles é Amós, iniciando esta lista que continua com homens como Oséias, Isaías, Jeremias e outros.



Os Judeus que foram exilados na Babilônia representam a nata política de sua terra, por isso é que eles foram escolhidos para a deportação. Esses judeus eram os que iriam formar o futuro de Israel. Transportados para o norte da Mesopotâmia, não longe da própria Babilônia, não ficaram dispersos entre a população local, mas certamente ficaram em colônias especiais (Ez. 3,15; Esd.2,59;8,a).

Esses exilados viveram a principio em condições de vida suportáveis e posteriormente até boas, tanto que boa parte dos deportados permaneceram na Babilônia mesmo após a autorização de retorno para Jerusalém dos persas.



Com a deportação da classe alta de Judá para uma terra estrangeira, significou uma terrível crise para o javismo. Porque o exílio provou ao máximo a religião de Israel. Para entender melhor se faz necessário lembrar algumas profecias que afirmavam a duração eterna ao reino davídico na profecia de Natã. O templo de Jerusalém era a residência de Deus (IRs.8,13). Com isso havia uma certeza de que Jerusalém era inconquistável e o templo era indestrutível porque Javé era a proteção (Mq. 3,11;Jr.7.4.10). Protegida por estas profecias a nação ficou segura e esperava confiantemente a poderosa intervenção de Iahweh. Este era o destino da história que se devia aguardar com toda a certeza.

Os Aríetes de Nabucodonosor derrubou esta teologia. E os profetas que a tinham proclamado, mentiram (Lm.2,14). Nunca mais ela voltaria completamente na forma antiga. Com isto a veracidade do Deus de Israel foi posta em dúvida. O deus Marduk da Babilônia era mais poderoso do que Javé? E foi assim que muitos judeus pensaram no seu íntimo. Dessa maneira era forte a tentação de deixar a religião ancestral; pois o deus babilônico parecia ser mais poderoso que Iahweh. Sendo assim era mais vantajoso adorar o deus vitorioso e visto que os israelitas possivelmente podiam auferir vantagem dos seus senhores babilônicos e muitos dos deportados se tornaram infiéis ao javismo. Outros consideraram pelo menos o culto aos deuses babilônicos como acréscimo a Iahweh e erigiram imagens desses deuses em suas casas (Ez.14,1-11). Havia também feiticeiras que empregavam a magia babilônica,cosiam faixas para os pulsos e faziam véu para o povo que vinham consulta-las (Ez.13,18).

A explicação para esta tragédia coube aos profetas, todo esse desastre era de certo modo à vontade de Iahweh, pois o exílio era visto como castigo merecido. E os próprios profetas mergulhados no desespero acreditavam ter cometido um pecado grave e que Iahweh em sua ira houvesse se desligado de Israel e cancelado o seu destino com seu povo (Is,19;Ez.33,10;37,11). Com lágrimas nos olhos, eles clamavam por misericórdia, mas não viam o fim dos seus sofrimentos (Sl.74,9ss;Lm9,9).

Com todo esse sofrimento havia uma ameaça geral de perda da fé. Mas embora o teste tenha sido severo, a religião de Israel fez-lhe frente vitoriosamente, mostrando uma admirável tenacidade e vitalidade. Certos ritos e cerimônias recebiam mais ênfase durante o exílio do que anteriormente. Assim, a circuncisão constituiu-se num importante rito que distinguia os israelitas dos babilônios, os quais tinham conhecimento da prática; ela simbolizava a relação do povo com Iahweh. Além disso havia o culto em que se abstinham de comer e beber. Essa era à maneira de observância sobretudo dos dias de lamentação ritual, que também era regularmente observado no exílio. Também são muito compreensíveis a antiga dieta e regulamentações sobre a pureza, pois a terra onde estavam vivendo era impura.

Mesmo depois da catástrofe, ainda permaneciam válidos ali os mandamentos e proibições de Iahweh,suas regulamentações e ordenamentos. O desastre os tinha atingido porque os mandamentos não tinham sido observados, se finalmente eles fossem obedecidos agora haveria esperança de libertação.

Em 539 a.C. o império da Babilônia é derrotado por Ciro da Pérsia. Encontra entre outros, a comunidade dos descendentes dos cativos trazidos de Jerusalém por Nabucodonosor. Em seu primeiro ano de governo na Babilônia, certamente em resposta a uma petição dos exilados, promulgou um edito devolvendo os utensílios do templo de Jerusalém ao povo de Judá representado por Sasabassar, autorizando a reconstrução do templo de Jerusalém, pedindo às autoridades locais, que seriam os governadores da província da Samaria, que ofereçam ajuda material para tal efeito.

Sasabassar foi o encarregado de promover a reconstrução do templo. Este era filho do rei Joaquim, que fora exilado por Nabucodonosor. Neste período Jerusalém fazia parte da província da Samaria. Como tal, a construção dependia do governador da Samaria, mas a decisão política estava sob o domínio do poder Persa. Sasabassar iniciou, mas não acabou a reconstrução.

Um novo comissário chamado Zorobabel (também de descendência davídica, filho de Salatiel e neto do rei Joaquim - Esd 3,2 - ou, segundo 1Cr. 3,19, filho de Faraías e neto de Joaquim), foi o responsável pela continuação da construção do templo e de Jerusalém. A reconstrução de um outro templo dentro do território da Samaria trouxe desavenças, pois era uma ameaça ao templo que já tinha em Samaria, o templo de Garizim. Com este impasse foi necessário utilizar a política preponderante dos persas para que se desse a construção.



No sétimo ano de Artaxerxes, Esdras, "o escriba da lei do Deus do céu", foi enviado pelo rei com a missão de fazer valer a lei entre os habitantes de Judá ("todo aquele que no meu reino pertença ao povo de Israel") - Esd 7,13-26. Ano 458a,C.

A leitura da lei por Esdras em uma assembléia solene de sete dias em Jerusalém (Ne 8,1-18), recorda a proclamação do livro da Aliança, o Deuteronômio, nos tempos de Josias, e faz pensar que se trate de sua primeira apresentação oficial, com o respaldo das autoridades persas, não somente da província mas também do império.

A redação do Pentateuco foi feita na primeira metade do século V.; o simples fato de sua composição revela uma unificação dentro da classe dominante de Israelitas. Esta obra foi feita sobre a base de relatos das origens de Israel, começando com a criação até Moisés. Os relatos eram antagônicos em muitos pontos. A combinação do Javista e do Eloísta foi feita sob os auspícios da corte de Ezequias no final do século VIII. Dava grande realce aos patriarcas que inclusive estabeleceram santuários e sacrificaram em lugares como Hebron e Betel. Exaltava também a figura de Moisés, enquanto colocava em dúvida a retidão de Aarão. Por sua vez, o relato sacerdotal era uma leitura revisionista. Reduzia a figura dos patriarcas e exaltava a de Aarão. Somente teria sido possível combinar estes relatos, com pontos de vista antagônicos, se as forças sociais que representavam tivessem logrado uma reconciliação.

Nos últimos anos do reinado da dinastia davídica houvera tensões entre os projetos deuteronomista e sacerdotal. Com o fim da monarquia se evitou um dos principais problemas entre estes dois grupos da elite de Jerusalém, pois seus pontos de vista com relação aos reis eram muito diferentes.

O resultado final da redação de uma única versão das origens de Israel, desde a criação até a morte de Moisés, leva acentuadamente a marca sacerdotal. Isto reflete a realidade política da força do grupo sacerdotal que controlava o templo e contava com o apoio do império. Do ponto de vista popular, dever-se-ia dizer que em meados do século V a classe dominante estava unificada.

A missão de Esdras, promulgando a lei de Moisés, legítima posição dominante do templo. Uma das principais tarefas de Esdras foi impor à população as proibições de matrimônios mistos (Esd 34,16; Dt 7,3), e isto com tal rigor que obrigava a divorciar-se aqueles cujas mulheres não podiam demonstrar sua genealogia israelita (Esd 9 - 10). Esta era uma repressão da Golá contra os que viviam no campo e nunca sofreram o exílio. É um projeto de dominação da casta sacerdotal sobre a base camponesa da sociedade.

No ano 445 a,C. o rei Artaxerxes enviou a Jerusalém Neemias, um israelita de sua confiança, com uma missão bastante ampla. Devia reconstruir os muros de Jerusalém, povoar a cidade e tomar as medidas civis necessárias para consolidar a região.

Apesar de Neemias ter o apoio do rei, encontrou oposição das províncias contíguas, para as quais um Judá forte não era desejável. Da menção dos inimigos de Neemias em textos como Ne 4,1 e 6,1 podemos deduzir que as províncias confinantes eram Samaria ao norte, Amon ao oriente, Arábia ao sul e Azoto ao ocidente. Samaria foi a mais afetada, pois perdia parte do seu território, incluindo o templo, aonde alguns de seus habitantes queriam continuar fazendo peregrinações. Mas nas outras províncias também, especialmente Amon, havia fiéis de Javé que olhavam para Jerusalém como sede principal de culto.



Os últimos Profetas apresentados com seus próprios nomes como enviados de Javé foram Ageu e Zacarias, nos tempos da construção do segundo templo (520-516 a,C.). Estes, ao invés de serem defensores dos interesses populares, dedicaram-se a urgir do povo respaldo ao projeto da Golá de reconstruir o templo. Ao longo do período de hegemonia persa os verdadeiros sucessores dos profetas viveram no anonimato. Pensando que o Espírito de Javé não estava inspirando profetas autênticos, conformaram-se em estudar as profecias dos profetas antigos e acrescentar comentários anônimos às coleções de seus ditos. Estes piedosos e diligentes sucessores dos grandes profetas são conhecidos como "dêutero-profetas". Seus ditos se encontram em passagens como Is 24 - 27; Jr 23,34-40; Zc 9 - 14 ; Jl 3 - 4 e todo o livro de Malaquias (que não é um nome próprio e parece ter-se composto como apêndice de Zacarias).

Zacarias 13,2-6 ilustra a amargura destes círculos contra os levitas que se faziam passar por profetas, roubando da memória do povo humilde de Javé, a imagem dos verdadeiros profetas. Afirma este comentarista profético que todo aquele que ousa declarar-se profeta é um mentiroso e deve ser morto pelos próprios pais. O Espírito de Javé abandonou seu povo depois de ter-lhe dirigido insistentemente a palavra, por tanto tempo, através dos profetas. Segundo o gracioso poema de Joel 3,1-5, Javé mandará novamente seu Espírito nos últimos tempos e os anciãos terão sonhos e os jovens terão visões. Enquanto isso, os que se chamam profetas não são mais que impostores. Na mesma linha de pensamento o livro de Malaquias afirma o envio, nos últimos tempos, do profeta Elias para preparar a salvação de seu povo (Ml 3,1. 23-24).

O contraste entre Crônicas e os dêutero-profetas é a expressão religiosa de um conflito de classes. É o enfrentamento do povo humilde do campo contra os exilados que voltaram a se instalar em Jerusalém, durante a dominação persa. Voltavam com a proteção do império e como os legítimos representantes da fé em Javé. Foi uma tentativa de roubar a fé do povo, convertendo-os em instrumento de sua própria opressão.



O fim da soberania persa sobre a Palestina aconteceu quando Alexandre, o Grande conquistou o Oriente e venceu o Grande Império Persa. Após sair-se vitorioso sobre Dario III, na Batalha de Isso em 333 a.C. Começaria então a rápida helenização do Oriente, tão portentosa para todos os seus povos e não menos para os judeus.

Alexandre seguiu rapidamente para o sul, através da Palestina, e depois de uma demora de dois meses diante de Gaza, entrou no Egito sem resistência (332). Os egípcios, totalmente insatisfeitos com o domínio persa, recepcionaram-no como libertador e o aclamaram faraó legítimo.

Alexandre não tinha ainda trinta e três anos de idade (323) quando ficou doente e morreu na Babilônia. Mas sua breve carreira assinalou uma revolução na vida do antigo Oriente, e o começo de uma nova era em sua história.

Nem bem Alexandre morrera, seu império começou a desintegrar-se, enquanto seus generais entre si, procurando obter todas as vantagens que pudessem. Destes generais, só dois nos interessam: Ptolomeu ( Lagi ) e Seleuco ( I ). O primeiro assumiu o controle do Egito e estabeleceu sua capital na nova cidade de Alexandria, que em breve tornou-se uma das maiores cidades do mundo. O outro, estabeleceu-se na Babilônia (em 312/11), estendeu seu poder em direção oeste até a Síria e em leste até o Irã; suas capitais ficavam em Selêucia, sobre o Tigre, e Antioquia, na Síria. Ambos, rivais, cobiçavam ardentemente a Palestina e a Fenícia. Mas Ptolomeu, depois de muitas manobras, teve sucesso. Quando a situação política se estabilizou, depois da batalha de Ipsos (301), esta área ficou sob seu completo domínio e foi governada por quase um século pelos ptolomeus.



Os Selêucidas e a Síria (198-167 a.C.) — Durante todo o tempo da dominação ptolomaica na Palestina, os reis selêucidas da Síria estiveram olhando gananciosamente a área rica em ferro e outros metais. Os judeus da Palestina eram um "futebol" político entre os dois países poderosos. Devido a casamentos mistos e complicações políticas, Antíoco III (o Grande) marchou contra Ptolomeu Epifânio, em 198 a.C. Na Batalha de Panéias, o exército egípcio, sob a liderança de Escopas, foi derrotado. Os judeus parece terem recebido Antíoco de braços abertos, sendo que a princípio a resistência dos judeus foi somente passiva.

A medida que a perseguição aumentava em intensidade e os fogos da adoração de Deus queimavam cada vez mais baixo, iniciou-se a resistência ativa. A liderança para a organização da resistência ativa começou com um sacerdote, na cidade de Modin, situada entre Jerusalém e Jope. Matatias era da linhagem de um certo Asamoneu ou Chasmon (Hasmon). É deste último nome que a família tirou seu nome, hasmoneu. Estando avançado em idade, Matatias teve cinco filhos: João, Simão, Judas, Eleazar e Jonatã. Judeus de toda a Palestina, insatisfeitos com as políticas de helenização de Antíoco Epifânio e o sacerdócio corrupto, vieram a responder à chamada às armas. Muito antes, os hasidim ou assideus (zelotes da lei) uniram-se a Matatias. Após um ano e a morte do pai, a liderança do exército passou a Judas, Simão servindo como conselheiro principal. Judas provou ser um general capaz e levou o nome de Macabeu ("Martelador"). Depois de uma série de brilhantes vitórias, ele entrou em Jerusalém e rededicou o Templo, em 25 de dezembro de 165 a.C.

Em 63 a. C, divididos em grupos rivais, que sustentavam dois reis diferentes, os judeus foram reduzidos a pedir arbitragem de Roma, que compareceu na pessoa do general Pompeu. Tomando o partido de um deles, Pompeu conquistou Jerusalém depois de um cerco de três meses, foi o começo da dominação romana, que se estendeu até o século VII d.C., quando cedeu lugar aos invasores árabes.



O Novo Testamento observa a presença de partidos religiosos (seitas) que eram desconhecidos no Velho Testamento. A fonte principal de informação é encontrada nas obras de Flávio Josefo. Em dois de seus livros, As Guerras dos Judeus (II, viii, 1-4) e As Antigüidades dos Judeus (XIII, v. 9), ele escreve acerca de quatro desses partidos: fariseus, saduceus, zelotes e essênios.



Muitos tipos de literatura foram escritos pelos judeus durante a época do período interbíblico: história, ficção, sabedoria, gêneros devocional e apocalíptico. A maior parte desses escritos perdeu-se, e o que sobreviveu se fez através de judeus cristãos, pois os judeus procuraram destruir todos os "livros de fora". Foi costumeiro agrupar-se esses escritos em duas classificações, conhecidas como Apócrifos (aqueles juntados com o Velho Testamento, em vários manuscritos da Septuaginta) e os Pseudo-epígrafos (aqueles escritos durante o período, mas não juntados à LXX).

O cânon encerrado do Velho Testamento foi formado por estágios, e não se completou até após a Guerra Judaico-Romana (66-70 d.C), quando se tornou evidente que o cristianismo e o judaísmo haviam-se definidamente separado, com nenhuma esperança de reconciliação.



Alguns desses livros têm grande valor histórico; outros são clássicos devocionais; uns são interessantes; outros, definidamente, são invenções. Tanta coisa, nessa literatura, é abertamente supersticiosa e fora de harmonia com o restante das Escrituras, que não pode ser admitida como sendo inspirada. Pode ser lida proveitosamente, mas não deve ser usada como autoridade em doutrina.



Concluindo:



Normalmente, se estuda historia de Israel até Jesus Cristo; mas a historia do judaísmo vai alem, passa pela destruição do templo no ano 70 e chega até os dias de hoje.



O que aconteceu com o povo? Ele não acabou! Depois da instituição do Estado de Israel após a segunda grande guerra, este povo voltou para a terra e continua existindo. A historia do judaísmo tem muito a nos ensinar e certamente não aconteceu como narra a Bíblia. Por isso, o povo judeu faz uma analise histórica de suas origens em busca de sua verdadeira historia.



Os livros bíblicos são teológicos e políticos, Não dá para dizer seguramente de onde vem o povo de Israel, mas as tribos que existiam em dado momento, começam a cultuar o Deus de Abraão nas montanhas da Judéia. Local de povo pobre, pastores com pouco rebanho. Este povo é que dá origem aos judeus. Portanto, não é um povo que veio de fora e invadiram a região, é um povo que já estava lá.



Para a historia bíblica, tudo que se tem por escrito, relatos, data do século 7 ac. Tempo da literatura grega.

Neste séc. se escreve uma historia acontecida milhares de anos antes, que oralmente foi transmitida. Toda a Torá é historia ressente que conta a vida do povo a partir de dados políticos e culturais do séc. 7, 8 ac. Portanto, nada aconteceu literalmente como esta na bíblia.

Há um acontecimento, (algo real, ex. Abraão) em torno desta figura, se cria uma historia como se quer.

Uma historia de Israel, para ter valor, tem que ler os relatos bíblicos, mas levar em conta relatos extra- bíblico. Atualmente a metade do povo judeu é de ateus, e a outra metade crê pela metade.

Como aprofundamento foi utilizado o livro “A BIBLIA NÂO TINHA RAZÂO, Israel Finkeltein e Neil Asher Silberman, ed. A Girafa, 2003, São Paulo.

diácono Luciano José Dias

PORTAS

Portas





Se você abre uma porta, você pode ou não entrar em

um nova sala. Você pode não entrar e ficar

observando a vida. Mas se você vence a duvida, o

medo, e entra, dá um grande passo: nesta sala, vive-se. Mas,

também, tem um preço... São inúmeras outras portas que

você descobre. Às vezes quebra-se a cara, às vezes curte-se

mil e uma.





O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser

Aberta.





A vida não é rigorosa. Ela propicia erros e acertos. Os erros

Podem ser transformados em acertos quando com eles se

Aprende. Não existe a segurança do acerto eterno.





A vida é generosa. A cada sala que se vive, descobrem-se

Tantas outras portas. E a vida enriquece quem se arrisca a

abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus

segredos e generosamente oferece afortunadas portas.





Mas a vida também pode ser dura e severa. Se você não

ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela frente. É

a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática

perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da vida...





para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes

passagens...

(Içami Tiba)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

SER COROINHA

Ser coroinha é estar a serviço: a serviço do altar e do próximo. Servir ao altar não é apenas ajudar o padre, transportar os objetos litúrgicos ou executar as funções que lhe são próprias. Servir ao altar é muito mais: é participar do Mistério Pascal de Cristo, ou seja, da Paixão-Morte-Ressureição de Cristo. Servir ao altar é estar aos pés da cruz, é contemplar o Cristo ressuscitado com os olhos da fé e viver alegremente o Evangelho.
Estar a serviço do próximo é estar pronto para a doação e a entrega, é ser amparo e consolo para os que necessitam, é saber amar e viver a caridade. A vida de Cristo foi dedicada a servir o próximo. Da mesma, forma o coroinha é chamado a servir como Cristo.
No seu serviço o coroinha deve buscar sempre a alegria e a disposição, o contato fraterno e amigo, o respeito e a dedicação às coisas sagradas. O jovem deve demonstrar que vive sua fé, que observa os Mandamentos de Deus e que procura sempre ser justo e correto. Deve continuamente dar testemunho de que Cristo é o seu Senhor e Mestre.
Na vida do coroinha a oração é fundamental. É pela oração que o jovem aprende a se relacionar com Deus, a se tornar íntimo do Senhor. Na oração recebem-se as graças de Deus, o auxílio para os momentos difíceis e a força para superar o pecado e as falhas pessoais. Sem oração não se pode servir ao altar, pois como vamos estar com Cristo se não temos intimidade com Ele? É a oração que permite ao coroinha exercer o seu serviço ao próximo e ao altar de forma digna.
Ser coroinha é viver a Eucaristia, é viver Cristo em todos os momentos da vida. A Eucaristia é a fonte de todas as graças, é alimento que fortalece a alma e nos conduz ao Pai. Ao viver a Eucaristia, o coroinha vive o seu ministério de serviço com mais dignidade, dedicação, oração e amor e, assim, santifica-se e aproxima-se cada vez mais de Deus.

São Tarcísio - Padroeiro dos Coroinhas

Tarcísio pertencia à comunidade cristã de Roma, era acólito, isto é, coroinha na igreja. No decorrer da terrível perseguição do imperador Valeriano, muitos cristãos estavam sendo presos e condenados à morte. Nas tristes prisões à espera do martírio, os cristãos desejavam ardentemente poder fortalecer-se com Cristo Eucarístico. O difícil era conseguir entrar nas cadeias para levar a comunhão.
Nas vésperas de numerosas execuções de mártires, o Papa Sisto II não sabia como levar o Pão dos Fortes à cadeia. Foi então que o acólito Tarcísio, com cerca de 12 anos de idade, ofereceu-se dizendo estar pronto para esta piedosa tarefa. Relativamente ao perigo, Tarcísio afirmava que se sentia forte, disposto antes morrer que entregar as Sagradas Hóstias aos pagãos.
Comovido com esta coragem, o papa entregou numa caixinha de prata as Hóstias que deviam servir como conforto aos próximos mártires. Mas, passando Tarcísio pela via Ápia, uns rapazes notaram seu estranho comportamento e começaram a indagar o que trazia, já suspeitando de algum segredo dos cristãos. Ele, porém, negou-se a responder, negou terminantemente. Bateram nele e o apedrejaram. Depois de morto, revistaram-lhe o corpo, nada achando com referência ao Sacramento de Cristo. Seu corpo foi recolhido por um soldado, ocultamente cristão, que o levou às catacumbas, onde recebeu honorifica sepultura. Ainda se conservam nas catacumbas de São Calisto inscrições e restos arqueológicos que atestavam a veneração que Tarcísio granjeou na Igreja Romana. Tarcísio foi declarado padroeiro dos coroinhas ou acólitos, que servem ao altar. Mais uma vez encontramos a importância da Eucaristia na vida do cristão e vemos que os santos existem não para serem adorados, mas para nos lembrar que eles também tiveram fé em Deus. Eles são um exemplo de fé e esperança que deve permanecer sempre com as pessoas. Então, a exemplo de São Tarcísio, estejamos sempre dispostos a ajudar, a servir. Se cada um fizer a sua parte realmente nos tornaremos um só em Cristo.

10 Mandamentos do Coroinha

1. Ser responsável e assíduo. Quase que este é o Mandamento Principal do Coroinha: dever ser uma pessoa altamente responsável com a função que exerce; dever ter um cuidado especial com todos os objetos litúrgicos que manuseia. Quando for escalado, não deve faltar à Celebração. Deve também evitar faltar ou chegar atrasado aos encontros, pois para servir no Altar, não bastando só estar no Grupo, deve-se seguir este e os outros mandamentos que nós veremos a seguir.
2. Ser disponível. O Acólito exerce um Ministério dentro da Igreja. Ou seja, faz um serviço que nenhuma outra pessoa é capaz ou está autorizada a fazer. Por isso, quando o Acólito for escalado para alguma Celebração, ele deve prontamente dizer SIM, EU VOU. Salvo se o Coroinha tiver outro compromisso que não poderá desmarcar naquele momento, caso em que estará dispensado.
3. Ser atencioso. Acolitar significa servir; no nosso caso, servir no altar durante as Celebrações da Missa. Desta maneira, o Acólito deve ficar atento a todas as necessidades do Celebrante do decorrer da Missa.
4. Ter um comportamento exemplar. O Acólito, pela sua função no Altar, é uma pessoa altamente visualizada por toda a comunidade. Desta forma, automaticamente, o Acólito vira uma espécie de modelo de criança ou adolescente, para todas as pessoas da comunidade. Assim sendo, o Coroinha deve honrar esse grande papel que está exercendo na comunidade, comportando-se dignamente.
5. Ter cuidado com as vestimentas, a postura e os gestos. O Acólito é obrigado a ter um cuidado especial com estes três itens. As vestimentas dos acólitos devem ser dignas; durante os encontros deve-se evitar vir de bermuda, mini-saia, roupas curtas ou imprópria ao ambiente da Igreja. E para as Celebrações nem se fala, o Acólito tem que se vestir o mais discreta e compostamente possível. Já a postura e os gestos também devem ser condizentes com o Ministério de Acólito. O Coroinha deve evitar passar a mão no cabelo, nariz, ouvido, garganta e outras partes do corpo, pois o Coroinha manuseia objetos que contêm, além do Corpo e Sangue de Jesus, alimento que será consumido pela comunidade. Com relação aos gestos deve-se evitar todos aqueles de natureza obscena ou que sejam desrespeitosos.
6. Ser Estudioso. O Coroinha é uma pessoa diferente, que tem que ser bom em tudo que faz. Inclusive na Escola. Então, para servir no Altar, o Coroinha tem que ser um bom aluno, ou seja, precisa tirar boas notas; tem que tirar notas acima da média. Caso tenha algum conceito insuficiente será suspenso das suas funções, e dependendo das notas poderá ser até ser convidado a sair do Grupo de Acólitos.
7. Considerar e honrar a sua Família. O Acólito deve ser um modelo exemplar também dentro da sua família. Ninguém vive sadiamente sem família. As pessoas que não têm família, possuem na maioria das vezes algum problema de ordem psicológica. E muitas vezes, mesmo tendo em casa a nossa família, nós não a tratamos com a devida importância e respeito, gerando dessa forma muitos problemas que, com o passar do tempo, não podem ser mais consertados.
8. Respeitar Todas as Pessoas. O mundo em que vivemos não está restrito à nossa família, à escola ou à igreja. Nós, seres humanos necessitamos de gente, muita gente mesmo, para brincar, jogar, conversar ou seja, viver decentemente. Para isso temos de respeitar, tratar bem, ser educado com todas as pessoas de quem nós gostamos, e também com aquelas que não gostamos. Porque dizia Jesus: Perdoar um amigo é fácil; quero ver você perdoar um inimigo.
9. Ser um Amigo Verdadeiro. Umas das grandes qualidades do Acólito é passar todos os seus conhecimentos para os Coroinhas mais novos. Dentro do Grupo de Acólitos deve existir uma amizade verdadeira entre os componentes. Devem-se evitar fofocas, disse-me-disse, brigas, discussões ou qualquer outra ação que venha desencadear a desunião do Grupo. Caso o Acólito não se enquadre nesse esquema será convidado a sair do Grupo.
10. Nunca Esquecer a Oração. Este é o principal Mandamento do Acólito. A Oração é o combustível do Católico. Sem ela, o nosso tanque de gasolina secará, e nós pararemos no meio do caminho, igual a um carro. Com ela, nós conseguimos ter os mais íntimos contatos com Deus Pai. Devemos recorrer à oração em todos o momentos de nossas vidas. Para agradecer, interceder, suplicar, ou para simplesmente conversar com Deus. Não podemos desperdiçar nenhuma oportunidade, temos que abraçar todas. Quando rezamos de maneira correta e consciente, ao terminar, ficamos com o gostinho de quero mais. Podemos rezar em qualquer lugar, sozinhos ou acompanhados. Entretanto, a Oração mais poderosa que existe na face da Terra é a Celebração da Santa Missa, onde o Coroinha participa dela de camarote. E pode ter certeza muita gente tem uma certa inveja da localização dos Coroinhas dentro da Missa; por isso aproveite este privilégio que não são todos que têm.